terça-feira, 30 de junho de 2015

Divertida Mente

Inside Out (EUA/2015)
De Pete Docter. Com Amy Poehler, Phyllis Smith, Richard Kind, Bill Hader. Vozes brasileiras de Miá Mello, Katiuscia Canoro, Dani Calabresa, Otaviano Costa e Léo Jaime.

Já se perguntou de onde vêm as vozes que falam na sua cabeça?  Essa é a premissa de “Divertida Mente”, o novo filme da Disney/Pixar que estreou na semana passada. Por se tratar de uma animação colorida, com personagens fofinhos e cenários coloridos, há quem pense que o filme é para crianças, certo? Pois saiba que o roteiro do filme foi baseado em estudos de áreas como psicologia, psiquiatria e neurociência. 

Durante seis anos, o diretor Pete Docter (o mesmo que dirigiu “Up – Altas Aventuras”.) estudou os efeitos da mente nos seres humanos, após as experiências diárias que ele tinha com a filha adolescente e as constantes mudanças de humor. A equipe do filme se consultou com psicólogos e especialistas em emoções da Universidade da Califórnia e outras instituições americanas para criar a concepção mais próxima possível das cinco emoções protagonistas do filme: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. 

Aliás, a protagonista mesmo é a menina Riley, de 11 anos, que passa por uma situação que pode ser traumática para qualquer criança: ela se muda de Minnesota, no meio-oeste americano, para a litorânea San Francisco. Longe dos amigos e de tudo o que lhe é familiar, Riley passa por picos de humor que vai de um otimismo inicial à raiva e insegurança. Mal sabe ela que essas suas reações são controladas pelos pequenos seres dentro da sua cabeça.

Mas espera um pouco. Como um filme que trata sobre neurociência e conexões da mente humana pode interessar a uma criança?

A resposta a essa pergunta é bem simples. “Divertida Mente” é um filme extremamente inteligente e, mais importante, não subestima a inteligência dos pequenos. De forma lúdica, consegue explicar como se formam as memórias, as emoções e os traços mais importantes que formam a personalidade, chamados de memórias-base. 


A história se passa dentro da mente de Riley, com uma espécie de centro de controle que é comandada pelas cinco emoções descritas acima. Alegria é a emoção que dirige o complexo sistema de formação de memórias de Riley, estimulando pensamentos e reações alegres. Ela só não contava com a súbita intervenção de Tristeza, que não consegue se conter e modifica algumas memórias de Riley, deixando-a triste. Quando uma memória-base originada pela Tristeza se forma, começa uma confusão que deixa todo o emocional de Riley do avesso. Alegria e Tristeza acabam fora do centro de controle e Raiva, Medo e Nojinho ficam a cargo do comando das emoções da menina.

Parece confuso?  Pois o filme abusa da diversão e de diálogos cômicos e, por vezes, dramáticos, que amarram o enredo de forma construtiva e, sem trocadilhos, emocionante. Ao criar uma aventura dentro da mente, “Divertida Mente” consegue prender a atenção e ainda conta com uma importante lição: de que está tudo bem chorar e se sentir triste algumas vezes, pois depois da tristeza, sempre vem a alegria.

“Divertida Mente” pode se firmar como um dos melhores filmes da Pixar e significa um retorno triunfal do estúdio depois de fracassos de bilheterias como “Carros 2” e “Aviões”. É um programa que vale muito a pena curtir com as crianças, mas você pode se surpreender ao se pegar envolvido demais pela história. 

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