sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida


 Silver Linings Playbook
(EUA, 2012) De David O. Russell. Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver e Chris Tucker.

É difícil tentar entender o universo de alguém que sofre algum transtorno mental quando você não está vivendo diretamente o problema. Ainda mais um problema tão desconhecido como o transtorno bipolar. Muitas vezes utilizamos o termo ‘bipolar’ somente para qualificar mudanças bruscas de humor, quando na verdade o transtorno bipolar é um problema sério, que vai bem além de só ficar irritado com nada. O que o diretor David O. Russell faz em “O Lado Bom da Vida” é, justamente, inserir o espectador na rotina de uma família que acompanha o problema de perto, com o personagem de Bradley Cooper. O assunto ganha um viés cômico através das situações, o que empobrece um pouco o assunto, uma vez que a intenção (ao que parece) é justamente falar da bipolaridade. É quando resolve ser o que não é, uma comédia romântica, é que o filme perde um pouco da qualidade, mas ainda assim se mantém em um bom ritmo.

Patrick sofre de transtorno bipolar e ficou por 8 meses internado em uma clínica após flagrar a esposa com outro homem. Sua mãe decide tirá-lo da clínica, sob responsabilidade judicial, para que seu tratamento seja mais eficaz em casa. Só que Pat ainda é obcecado pela ex, mesmo sendo alvo de uma ordem de restrição. Como ele não consegue entrar em contato, Pat tem várias crises, e quem mais sofre com isso são os seus pais, Dolores e Pat Sr., um homem que sofre de TOC e aposta constantemente nos resultados de jogos de futebol. É quando Pat conhece Tiffany, uma mulher traumatizada após a perda do marido, mas tão louca quanto o próprio Pat, que as coisas prometem mudar. Se para melhor ou pior, ninguém sabe.



O ponto forte de “O Lado Bom da Vida” são as atuações, sobretudo dos protagonistas. É de longe o melhor papel de Bradley Cooper, que mistura situações cômicas com dramáticas, o que faz com que nos afeiçoemos de cara com o seu personagem. Já Jennifer Lawrence se prova uma atriz madura para sua idade e se consolida como uma das melhores da nova geração, justificando sua nova indicação ao Oscar e os prêmios que tem recebido pelo papel.

Robert De Niro, em uma de suas melhores atuações em anos, comove igualmente como o pai de Pat, sobretudo nas cenas em que ele e Bradley Cooper atuam juntos. Podemos claramente perceber a relação pai e filho entre os personagens e isso se dá pelo envolvimento e comprometimento dos atores com os papéis.

Outro ponto positivo é a química entre Bradley e Jennifer, mas é quando o roteiro ensaia uma comédia romântica é que as coisas ficam piegas (como as comédias românticas) e o trem desanda um pouco. Como isso acontece bem mais da metade para o final do filme, o resultado fica comprometido, mas não escapa de deixar um gostinho de ‘quero mais’ no espectador.

“O Lado Bom da Vida” recebeu 8 indicações ao Oscar e reúne vários bons atributos que justificam essa receptividade. A história é comovente e atrai os espectadores de cara para o drama dos personagens, além de ser, também uma boa opção de diversão. No fim das contas, é uma comédia romântica não muito convencional, com uma pitada de inteligência no roteiro, e que deu muito certo.

Nota: 8,0

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