quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O Hobbit: Uma Jornada Inesperada


 The Hobbit: An Unexpected Journey
(EUA, 2012) De Peter Jackson. Com Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Cate Blanchett, Hugo Weaving, Elijah Wood, Christopher Lee e Andy Serkis.

Dezembro de 2003: Peter Jackson acaba de lançar “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”. Sucesso mundial, bilheteria fenomenal, 11 Oscars no bolso coroando toda a franquia. Dia seguinte ao Oscar: O Hobbit. Sim, desde que a trilogia terminou ouvimos falar sobre os rumores da produção do filme sobre o livro que conta o início da saga do Um Anel, também escrito pelo mestre J.R.R. Tolkien. E eis que, dez anos e muitos problemas depois, Jackson entrega ao mundo novamente uma trilogia. “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” é a primeira parte, franquia que deve tornar toda a saga do Anel numa espécie de “Star Wars” de Peter Jackson. O diretor, aliás, inovou desta vez. Não apenas pegou carona em toda a onda 3D popularizada por “Avatar”, mas resolveu filmar todos os três filmes em 48 fps (frames por segundo). Para se ter uma ideia, os filmes “comuns” são filmados por 24 fps, o que faz com que “O Hobbit” se aproxime muito do que o olho humano capta normalmente, entregando uma imagem muito mais realista, sobretudo quando entramos em um mundo totalmente irreal. Mas vamos ao filme em si.


Na primeira parte, o mago Gandalf convoca o jovem Bilbo Bolseiro para embarcar em uma aventura que consiste em ajudar uma tropa de Anões liderada por Thorin a recuperar o seu lar, um reino na montanha de Erebor, que foi roubado pelo dragão Smaug. Após certa resistência, Bilbo concorda em ir com eles e juntos vão enfrentar os perigos que a Terra Média oferece, passando por Orcs, Trolls e Elfos, inimigos dos Anões que serão mais úteis do que eles imaginam. E uma certa surpresa irá chegar até Bilbo, um acontecimento que mudará não apenas a vida do hobbit, mas toda a história da Terra Média.

O principal atrativo de “Uma Jornada Inesperada” é a qualidade dos efeitos especiais e o uso dos 48 fps. É notável a diferença e a qualidade que o filme apresenta quando comparamos aos filmes da trilogia “O Senhor dos Anéis”, por exemplo. A Terra Média se apresenta com muito mais definição, com monstros em CGI melhor executados e um realismo impressionante quanto juntamos tudo isso ao 3D. “O Hobbit” levanta uma questão sobre a perda da característica cinematográfica dos filmes (aquilo que nos faz saber que estamos vendo um filme no cinema e não na TV) e a chegada da qualidade semelhante ao vídeo. Mas que é uma conquista tecnológica para o cinema evoluir, isso é incontestável.

Quanto ao roteiro, esta primeira parte é uma grande introdução sobre tudo o que está por vir, principalmente para aqueles que não estão acostumados com o universo criado por Tolkien. Por isso, por quase 2 horas o filme se arrasta em um sem fim de trilhas, caminhos percorridos e diálogos em élfico, algo que é amenizado justamente pela nova velocidade da projeção. Cansativo, porém necessário para que a história se desenrole, já que na hora final (sim, são mais de 3 horas de filme), tudo acontece e o filme se torna uma aventura eletrizante.

Destaque para a cena com Gollum/Smeagle, a aparição mais aguardada pelos fãs da série, novamente interpretada por Andy Serkis. A criatura continua como antes: arrogante, mesquinha e sagaz, mas com um pouco mais de definição gráfica. O embate com Bilbo é gerado com muita tensão, executado com maestria e, mesmo sem muita ação, é de tirar o fôlego.


“O Hobbit”, apesar de tudo, não é “O Senhor dos Anéis”. Pelo menos, ainda não é “O Retorno do Rei”, mas a introdução de algo que ainda está por vir, como foi com “A Sociedade do Anel”. Algumas partes ficam sem explicações e aqueles que nunca viram um filme da saga original podem ficar confusos no início. Também há um excesso de autoconfiança, o que se fez notar por essa temporada de premiações, sobretudo no Oscar, com o filme sendo esquecido em quase todas as categorias, se valendo em apenas algumas técnicas. De qualquer modo, este é apenas o início de tudo e Peter Jackson já se tornou digno da nossa confiança há anos atrás. Vamos aguardar, 2013 e 2014 tem mais.

Nota: 8,5
Efeitos 3D e 48 fps: 10

*Indicado ao Oscar de Maquiagem e Cabelo, Design de Produção e Efeitos Visuais

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