segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ted


Ted
(EUA, 2012). De Seth MacFarlane. Com Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Giovani Ribisi e Patrick Stewart.

Ted é um beberrão desbocado, que pega várias mulheres. Um boa vida que só quer saber de aproveitar tudo o que tem direito em festas, bares, bebidas e outras diversões. Ted é nerd e, junto com seu melhor amigo, John Bennett, adora viver cada dia intensamente. Um detalhe: Ted é um urso de pelúcia que ganhou vida após um desejo de John quando criança virar realidade. Podia ser uma ideia com tudo pra dar errado, beirando o besteirol, mas dá tão certo que você pode até esquecer que o urso da tela costumava ser inanimado. “Ted” é o primeiro trabalho live action como diretor de Seth MacFarlane, criador de “Uma Família da Pesada”, ou seja, pode esperar daí muito humor negro e pouquíssimas papas na língua.

Quando John era criança, costumava não ter nenhum amigo, até o dia em que ganhou Ted, um urso de pelúcia, na noite de Natal.  John fez um pedido para que Ted ganhasse vida e, para surpresa de todos, o desejo se realiza. Ted vira uma imediata celebridade, mas mesmo assim permanece amigo de John e ambos juram serem companheiros para toda vida. Só que, quando cresce, John é colocado contra a parede pela namorada, Lori, para que assuma mais comportamentos de homem e deixe de ser um garoto brincando com um urso. Ted consente em sair de casa, mas isso irá gerar mais problemas do que soluções.

Cheia de histórias absurdas, “Ted” conquista por vários motivos. Primeiro, a situação absurda em si, mas que funciona. Afinal, quem nunca sonhou que seus brinquedos ganhassem vida?  Depois o fato de ser um urso de pelúcia e, por fim, o humor afinado, apesar de ácido, de Seth MacFarlane, que também assume o roteiro e a personalidade do urso, já que ele é o dublador de Ted. O filme se assume uma comédia, mas não deixa de ter seus momentos dramáticos, sobretudo no fim e, mesmo que desemboque em um final clichê, à la contos de fadas, ainda assim prende o espectador e provoca suspiros (dignos dos contos de fadas, ora bolas!).

O elenco (humano) também tem destaque. Mark Whalberg, que já tem experiência em falar com objetos, se encaixa em uma ocasião bem sucedida como o cara de 30 e tantos anos com espírito adolescente. Mila Kunis foge um pouco do estereótipo ‘garota descolada’ para encarnar a mocinha que anseia por um relacionamento comprometido, mas também cumpre bem o seu papel. E Giovani Ribisi é Giovani Ribisi, interpretando um fã maníaco de Ted que vive querendo compra-lo de John. Algumas participações (surpresa) acontecem no filme, mas nenhuma rouba o centro das atenções do próprio urso, animado pelo Tippett Studio, o mesmo de efeitos da Saga Crepúsculo, “Os Smurfs” e “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”. Mérito da animação, mas mérito também de Seth MacFarlane, a alma do urso (e do filme).

Nota: 9,0



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Resident Evil 5: Retribuição


Resident Evil: Retribution
(EUA, 2012) De Paul W.S. Anderson. Com Milla Jovovich, Siena Guillory, Michelle Rodriguez, Kevin Durand e Shawn Roberts.

Peço desculpas desde já pelo afastamento de tanto tempo do blog (nossa, última atualização foi em 20 de agosto, shame on you, blogueiro!). Peço mais desculpas ainda se a volta ao blog é com o quinto filme da franquia “Resident Evil”. Sim, desculpas, mas é preciso falar sobre esse filme. Filme? Que filme? “Retribuição” é um videogame de quase 2 horas, onde a cada vilão vencido pela heroína ela pula uma fase, até chegar ao chefão final. E nem é dos bons. Seria melhor ter pego toda a sequência de “Resident Evil 5”, o jogo, e lascar na tela. Os personagens virtuais têm muito mais diálogo e história do que o filme, que apela para uma ação desenxabida sem o mínimo comprometimento com a história. História? Que história?

No quinto filme, após um flashback que mostra o que aconteceu nos outros quatro, Alice é capturada pela Umbrella Corporation e é auxiliada por Ada Wong, uma agente que trabalha para Albert Wesker, antes vilão, agora parceiro. Wong faz parte de uma missão que pretende resgatar Alice, mas escapar da Umbrella não será tão fácil, ainda mais depois que antigos companheiros voltam do mundo dos mortos e Alice encontra uma garotinha, que acredita que a agente é sua mãe.


Mesmo esse arremedo de história aí não convence e é muito mal explicado. Apesar do flashback, fica difícil de tentar entender tudo o que acontece e com qual propósito. Na verdade, a minha impressão foi de que eu deveria ter assistido ao quarto filme e isso aí era alguma fase secreta do jogo, porque o que importa mesmo será o que vem no próximo. Próximo? Que próximo?

Sim, senhores leitores, haverá um próximo, dado o final deste. Aliás, esse quinto filme é absolutamente descartável (assim como os outros quatro). Nem zumbis tem direito e quando tem eles não são mostrados muito bem. Mas “The Walking Dead” tá aí né pra quem quiser ver zumbis e histórias de verdade.

O que me deixa intrigado é que o diretor Paul W.S. Anderson se leve tão a sério, assim como os estúdios que ainda capitaneiam essa bodega.  “Resident Evil”, o jogo, merece um tratamento de mais respeito e, não, a linguagem de videogame não se adapta ao cinema. É preciso recontar a história, de maneira satisfatória, mas sem perder sua essência. Para quem gosta de ação, isso o filme tem de sobra, com saltos espetaculares, muitos tiros e explosões e perseguições de zumbis (que zumbis?). Mas só isso também. O espectador ficará mais perdido do que cego em tiroteio.

Ah, de bom o filme tem Milla Jovovich. Ela tá mais artificial do que nunca, mas pelo menos é bonita.

Nota: 2,0