quarta-feira, 13 de junho de 2012

Para Sempre

The Vow
(EUA, 2012) De Michael Sucsy. Com Channing Tatum, Rachel McAdams, Jessica Lange, Sam Neil, Scott Speedman, Wendy Crewson e Jessica McNamee.

Algumas histórias dão tanto na pinta que são ‘água com açúcar’, ou seja, romance puro feito para levar pessoas às lágrimas (também chamado ‘filme de mulherzinha), que acabam desanimando antes mesmo de se cogitar em ver o filme. Geralmente, as histórias têm o casal protagonista que se apaixona, mas vive brigando, até que reatam, mas algo antes do fim os separam, só pro mocinho correr atrás da mocinha pra eles ficarem juntos no fim. “Para Sempre”, a princípio, não foge à regra. Mas e quando uma mensagem bonita supera até mesmo um roteiro fraco e clichê? É o que acontece aqui. O filme é um tanto fraco para uma história sobre um homem que precisa reconquistar a própria mulher após uma amnésia, mas ainda assim conquista. Esse é o poder de um bom 'água com açúcar': você sabe que falta algo mais, mas assiste até o final.

Paige e Leo são casados e apaixonados, mas eles sofrem um acidente de carro que faz Paige entrar em coma. Quando acorda, os médicos percebem que ela sofreu um trauma que fez sua memória apagar os últimos cinco anos. Com isso, ela não se lembra de nada, nem de seu marido, e começa a estranhar a intimidade que tem. Aos poucos, Paige começa a voltar à vida que tinha antes de se casar, voltando para a casa dos pais, enquanto Leo não desiste e faz de tudo para reconquistar sua esposa, fazendo com que ela se apaixone por ele de novo.
 
 
O filme tem todos os elementos para dar certo. Um acidente de carro, perda de memória, um amor profundo que está por um fio, um casal fofo. Daria um drama tremendo, mas não. Enquanto o personagem de Channing Tatum é muito passivo com a história toda, sempre super otimista quase sem dor, lágrimas e sofrimento, a Paige de Rachel McAdams reage mais como uma criança do que como uma mulher que acabou de perder a memória. Aí vão me dizer “mas é uma comédia romântica!”. Não, estamos falando de uma mulher com um dano cerebral irreversível e de um homem que vê sua esposa, sua única família pelo que o filme diz, o amor de sua vida, ir embora sem fazer a mínima cerimônia! É só romance, não comédia. Mais lágrimas, gente! A impressão é que eu sofri mais do que o próprio Channing Tatum.

Tirando esse pequeno detalhe, que faria o filme sair de bom para ótimo, o enredo até que se torna satisfatório para o que se propõe: fazer casais suspirarem e mostrar uma história de amor de um casal que, na verdade, combinam. Channing Tatum e Rachel McAdams já são atores de fácil identificação com o gênero, daí a química na tela ser praticamente instantânea. O ambiente em que o filme se desenrola também é charmoso, desde o loft onde mora o casal ao café em que eles se conhecem (que envolve o tal “voto” do título).


"Para Sempre" é um bom romance, mas deixa um gostinho de quero mais. A história é baseada em um fato verídico ocorrido com o casal Kim e Krickitt Carpenter, autores do livro “Para Sempre”, onde narram como Kim perdeu a memória e Krickitt conseguiu reconquistá-la. O estreante Michael Sucsy acerta em não exagerar demais a história mas peca pela falta. Um pouco mais de profundidade e o filme seria perfeito.

Nota: 6,5



terça-feira, 5 de junho de 2012

Branca de Neve e o Caçador

 Snow White and the Huntsman
(EUA, 2012). De Rupert Sanders. Com Kristen Stewart, Charlize Theron, Chris Hemsworth, Ray Winstone, Sam Clafin, Bob Hoskins, Nicki Frost, Sam Spruell, Eddie Marsan, Brian Gleeson, Toby Jones.

A beleza é uma das principais armas de uma mulher. Tanto é que algumas são extremamente obssessivas com sua aparência e fazem de tudo para chegar ao rosto e corpo perfeitos. Essa sempre foi uma das vertentes pelas quais passeou o conto Branca de Neve e os Sete Anões, presente há muitos anos no imaginário popular. Nessa nova adaptação para o cinema, a segunda este ano, o que está em jogo é a vida de uma princesa, a honra de um caçador e o destino de todo um reino quando uma mulher busca incessantemente ser a mais bela de todas. Em “Branca de Neve e o Caçador”, são as motivações da rainha Ravena o que mais chama a atenção. É em seu passado sombrio que entendemos o que a faz ser como é, destruindo o que estiver entre ela e seu objetivo, em uma interpretação magistral de Charlize Theron que transmite crueldade e profunda tristeza. 

Em um reino muito distante, após tramar a morte do Rei, a rainha Ravena trancafia sua enteada, Branca de Neve, na torre mais alta de seu castelo. Para manter um encantamento que sempre a salvaria e a tornaria a mais bela de todas, Ravena se alimenta da energia vital de mulheres jovens em todo o reino, comendo-lhes o coração. Até que um dia seu espelho mágico avisa que existe sim alguém mais bela do que ela. Sim, é Branca de Neve, que aproveita uma distração para fugir do castelo e se engendrar na Floresta Negra, onde os poderes de Ravena não fazem efeito. Por isso, a rainha contrata um caçador que teve sua mulher assassinada por Ravena, mas que ela prometeu trazer de volta caso ele a ajudasse. Só que, no meio da empreitada, o Caçador se alia à causa de Branca de Neve e junto com sete anões da Floresta irão organizar uma rebelião armada contra o domínio de Ravena, que apenas a mais bela pode derrotar.


Ao colocar traços sombrios na história, o diretor Rupert Sanders acerta e constrói uma trama que mistura traços cômicos com um ritmo de ação que não prejudica o desenvolvimento dos personagens, que são a alma do filme. Kristen Stewart, apesar de não ter sido a melhor escolha para o papel,  se sai bem como a mocinha que sofre do começo ao fim, passando por um zilhão de provações pelo caminho. Ao seu lado está o Caçador, interpretado por Chris Hemsworth, que se despe da montanha de músculos de Thor para encarnar um guerreiro mais hábil na batalha corpo a corpo, com uma história de dor e amargura.

O melhor desempenho fica por conta de Charlize Theron que consegue transmitir um ódio sem tamanho ao mesmo tempo em que deixa transparecer uma Ravena também com um passado marcado por dor e sofrimento. A personagem seria quase humana, não fossem as atitudes diabólicas e maléficas que pratica.


Os efeitos especiais, o figurino e a direção de arte são também um ponto chave do filme, se tornando essenciais para a formação da história. Diferente do seu par “Espelho, Espelho Meu”, “Branca de Neve e o Caçador” sai do burlesco e colorido e coloca tons mais sombrios e reais na tela. O diretor Rupert Sanders, em seu filme de estreia, provou ser a escolha certa para dirigir o filme justamente apostando nesse visual. As ambições iniciais eram fazer de “Branca de Neve e o Caçador” uma trilogia, dependendo do resultado de seu primeiro exemplar. 

 O filme tem seus defeitos. Kristen Stewart é a responsável pela maioria deles. O principal é sequer terem cogitado que ela poderia ser mais bela que Charlize Theron. Mas, assim como a moral do filme nos ensina, a beleza é relativa. Nesse caso, literalmente.

Nota: 8,5

Ó, Grande Veado Branco... oh, wait!.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Contos não muito de fadas

Contos de fada com gente em carne e osso. O cinema, de uns tempos pra cá tem investido nessa premissa. As princesas deixam de ser meras mocinhas sofredoras para pegar em espadas e sair em busca do perigo. Alice enfrenta um dragão no País das Maravilhas, João esquece o pé de feijão para virar um matador de gigantes, e a Chapeuzinho Vermelho vai sozinha enfrentar o lobo que assola a sua vila. Agora, Branca de Neve é quem enfrenta um treinamento com o Caçador para se rebelar contra a Rainha má.

Seja por falta de criatividade ou apenas vontade de ganhar dinheiro, quando se trata de contos de fadas e princesas, os cinemas sempre lotam, dado o fascínio que essas histórias exercem em várias gerações, por anos a fio. Essas releituras, naturalmente, fazem igual sucesso, talvez até mais.

Em “Branca de Neve e o Caçador”, a Rainha Má (Charlize Theron) vai até as últimas consequências para se tornar ‘a mais bela de todas’ e, para isso, precisa matar a princesa. Sem querer sujar as mãos, ela contrata o caçador que, no entanto, vai mudar o curso da história ao incentivar uma rebelião por parte de Branca de Neve, que irá lutar contra o exército real e reaver seu trono. 

Colocar Branca de Neve, eternizada na adaptação de Walt Disney como uma figura pura e doce, no centro de uma batalha de proporções épicas foi uma atitude inusitada, mas que despertou a curiosidade dos espectadores. A mesma ousadia apareceu em “A Garota da Capa Vermelha”, que colocou Chapeuzinho Vermelho no centro de um mistério que envolvia um lobisomem assassino.
Em “Alice no País das Maravilhas”, a versão live action de Tim Burton, a heroína de Lewis Carroll pega em espadas, veste armadura e enfrenta o temível Jaguadarte, um dragão que responde somente à Rainha Vermelha. Não vamos esquecer também da simpática Branca de Neve de “Espelho, Espelho Meu”, a outra versão de 2012 para o conto, que aprende artes marciais para se virar contra a Rainha.

E não para por aí. Em 2013, “Jack and the Giant Killer” traz a história de João e o Pé de Feijão para os dias de hoje onde o pobre João será o pivô do fim da trégua entre homens e gigantes (?!). Também para 2013, “Hansel and Gretel”, os nossos João e Maria viram caçadores de bruxas super experientes e paramentados, com Gemma Aterton e (vejam só) Jeremy Renner. E em 2014, Angelina Jolie estará em “Maleficent”, filme sobre a visão da bruxa má do conto da Bela Adormecida. É, os contos de fada não vão ter sossego por um bom tempo.