sexta-feira, 9 de março de 2012

CINEMARCOS - Os Melhores de 2011


Com certo atraso (geralmente eu escrevo depois do Oscar) sai a lista do Cinemarcos com os melhores filmes de 2011. Esse ano foi atípico, com tantas produções boas, mas muitas que deixaram a desejar. No entanto, 2011 foi rico em histórias profundas e com conteúdo e, mesmo os blockbusters se preocuparam mais com os roteiros e menos com os efeitos. Vale lembrar que a lista traz apenas filmes lançados no Brasil em 2011, daí a razão de se listar “Cisne Negro” e não “O Artista”, por exemplo. Ah, esse ano deu empate na categoria Melhor Filme, assim como em 2009! Confiram:

Melhor Filme - empate
MEIA-NOITE EM PARIS
Woody Allen teve várias fases na carreira, mas muitos diziam que ele havia perdido um pouco a mão, mesclando na sua fase atual comédias românticas sem peso com filmes de mais intensidade. O curioso é que, mesmo assim, ele nunca deixou de ser Woody Allen: o diretor querido por todos e praticamente uma obrigação a ser conferida toda vez que sai um novo filme. Com “Meia Noite em Paris”, uma ode ao passado e uma crítica sobre a insatisfação pessoal da humanidade – sem falar da homenagem a Paris, Allen mostrou força e vigor em um longa-metragem delicioso de se assistir, deixando clara a marca registrada do diretor, a comédia. E a pergunta que não quer calar: seria o personagem de Owen Wilson um alterego do diretor? Pelo sim, pelo não, essa impressão mostra o quanto ele é íntimo e próximo de nós.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE 2
Cinema é entretenimento e quem discorda não sabe mesmo como apreciar esta arte direito. Sendo assim, não se pode ignorar uma saga que durou mais de dez anos, lançando oito filmes e sempre mantendo sucesso. É bom ressaltar que nenhuma franquia jamais chegou aos pés de “Harry Potter”. O episódio final, dirigido por David Yates, foi um fenômeno global que mobilizou fãs e não fãs do bruxo para assistir aquele que seria o último filme de toda a saga. “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2” tem seus defeitos e não funciona sem a “Parte 1”. Mas também não funciona sem todos os outros seis filmes anteriores. Com cenas de tirar o fôlego e passagens emocionantes que mostram o empenho de todo o elenco, composto por grandes atores britânicos, “HP7.2” foi um dos melhores filmes do ano passado, cumprindo mais do que bem o papel a que se propôs.

Melhor Atriz
Natalie Portman - Cisne Negro
Difícil enxergar a doce Natalie Portman, cheia de personagens meigos, encarnando uma pessoa neurótica e obcecada. E é justamente essa transformação que vemos em “Cisne Negro”. A meiga Nina deixa ser invadida por um furor psicótico ao ver sua performance no balé ameaçada por outra bailarina, não necessariamente melhor, mas que se permite mais. É quando se solta de todas as amarras, físicas e morais, é que Nina passa do cisne branco para o cisne negro e isso fica estampado na sequência magistralmente encenada por Natalie Portman, quando dança como o cisne negro. A atriz está absolutamente irreconhecível. Nina some e dá lugar à criatura. Com razão Portman levou o Oscar de Melhor Atriz naquele ano. Uma performance inesquecível.

Melhor Ator
Ryan Gosling - Tudo pelo Poder
Podíamos dizer que Ryan Gosling era um nome promissor do cinema há alguns anos atrás, quando ele despontou com “O Diário de Uma Paixão”. Hoje, Gosling já é um dos melhores de sua geração, com uma carreira consolidada. Em “Tudo Pelo Poder” ele leva a sério o título do longa-metragem e faz de tudo para que seu candidato à presidência seja o vencedor, mesmo que ele tenha que se entregar ao jogo político. O dilema moral que o Stephen Meyers, personagem de Gosling, se encontra é o ponto chave em que ele entrega uma ótima performance, digna de entrar para o recente hall de bons personagens do ator. “Drive” só estreou no Brasil em 2012, então, quem sabe, ano que vem ele não pinta por aqui de novo. 

Melhor Atriz Coadjuvante
Charlotte Gainsbourg - Melancolia
Contraponto de Kirsten Dunst em “Melancolia”, Charlotte Gainsbourg dessa vez é a parte racional da trama. Sua personagem procura manter o equilíbrio de sua família enquanto o mundo está prestes a ser engolido por outro planeta. Sim, o fim do mundo é de longe o menor problema desta família. Gainsbourg faz com maestria o papel da irmã controladora, que trabalha incansavelmente para manter as aparências de uma festa de casamento onde a própria noiva cai num estado de depressão profunda. Lars Von Trier foi ignorado nas premiações por ser um banana, mas a atuação de Gainsbourg (assim como a de Kirsten Dunst) merece ser lembrada.
 

Melhor Ator Coadjuvante
Philip Seymour Hoffman - Tudo pelo Poder
O personagem de Ryan Gosling em “Tudo pelo Poder” se envolve no jogo político, mas ninguém entende melhor do que Paul Zara, interpretado por Philip Seymour Hoffman, que entrega um personagem que sabe do riscado e não deixa passar uma palavra em branco. Ele não apenas é uma espécie de guru de Stephen Meyers mas como o conselheiro da campanha de Mike Morris, interpretado por George Clooney. Através dos olhos de Hoffman, percebemos que o jogo político é muito mais sério e perigoso do que estamos habituados a saber, nem que para isso a cobra precise morder a própria cauda.

Melhor Direção
Gus Van Sant - Inquietos
Em seu primeiro trabalho depois de “Milk”, Gus Van Sant retorna ao universo adolescente presente em seus filmes anteriores, mas dessa vez com um assunto ainda mais distante deles, a morte. Apesar do tema, “Inquietos” é um filme leve e o diretor conduz o envolvimento do espectador sem nenhum sofrimento – pelo menos, até que ele seja inevitável. Gus Van Sant consegue fazer pensar na morte (e no pós-morte, já que um dos protagonistas enxerga um fantasma) de forma que não dolorosa, chegando a ser poética. Mais uma vez ele acertou em cheio, firmando seu nome como um dos grandes diretores de seu tempo.
 
 Melhor Comédia/Musical
Quero Matar Meu Chefe
Imagine a situação: três funcionários tão devotados aos seus trabalhos que, para continuar trabalhando, precisam eliminar seus chefes, um psicótico, um maluco drogado e uma ninfomaníaca. Imagine ainda que o plano dos funcionários diz que um precisa matar o chefe do outro, assim eles não ficam diretamente envolvidos. Sem falar na consultoria de um bandido sem credibilidade. As situações fazem rir por serem ao mesmo tempo reais, irreais e surreais, sem falar no elenco que garante as risadas. “Quero Matar Meu Chefe” é um alívio cômico diante de tanta pobreza no humor que tem havido.  

Melhor Filme de Ação
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
As cenas de batalha nos campos de Hogwarts são diferentes de tudo o que já se viu na série, sem falar que são essenciais para o desenrolar do longa. “HP7.2” pode não ser um típico filme de ação, mas ação é o que não falta, seja ela liderada por um exército de soldados de ferro, gigantes ou comensais da morte, seja ela uma corrida contra o fogo, uma cobra ou um dragão, ou uma batalha corpo a corpo entre Harry e Voldemort, numa luta final entre o bem e o mal.


Filme de Terror/Suspense
Atividade Paranormal 3
A série melhorou muito desde o primeiro longa – sim, continuo o considerando fraco perto dos outros dois. Em “Atividade Paranormal 3” conhecemos toda a origem do mal que assombra as irmãs Katie e Kristi, dando mais sentido para os primeiros filmes e ainda proporcionando mais sustos, finalmente trazendo aquele clima de terror que o original se propôs. 








Drama
Melancolia
Não há drama pior do que o fim do mundo, mas nunca captamos isso em um filme porque a maioria dos que abordam esse tema estão mais preocupados em explosões, tsunamis, meteoros, alienígenas e efeitos especiais. Mas e os problemas particulares das pessoas, onde entra em todo o caos? Lars Von Trier conseguiu captar toda essa essência através da família isolada de um cientista que, além de lidar com a aproximação de um planeta, precisa fazer com que o pânico não se espalhe ainda mais dado o estado melancólico de um dos seus membros.

Melhor Romance
Um Dia
Um casal que se reencontra ao longo de anos, mas que sempre está nas indas e vindas. Tão diferentes um do outro, Emma e Dexter mantém uma ligação que os deixa unidos por toda a vida, não importa qual o momento emocional que eles estejam vivendo. Em “Um Dia”, a diretora Lone Scherfig dá vida a um dos livros mais água com açúcar da atualidade, mas o traduz com leveza, colocando a emoção dos personagens à flor da pele, de forma que seja impossível não se envolver.



 
Melhor Canção
“I See the Light” – Enrolados
Presa por anos em uma torre, Rapunzel tinha todos os motivos do mundo para te ódio no coração e poderia desejar tudo o que lhe foi privado nesse tempo. Porém, dada a sua humildade, a única coisa que ela deseja é ver de onde partem as luzes que, todo ano, aparecem no céu no dia do seu aniversário. Quando ela finalmente realiza esse desejo, não poderia haver canção mais apropriada que “I See the Light”, que traduz não apenas aquele momento, mas toda a mensagem do filme.


Melhor Filme de Animação
Rio
A animação de Carlos Saldanha tem seus detratores, mas é inegável que “Rio” tem não apenas um visual bacana, mas tem boas piadas, um roteiro bacana – ainda que não totalmente fiel à realidade da cidade, mas vá lá – e uma trilha sonora que faz o espectador querer sair sambando. Sem falar nos personagens principais, dublados por Jesse Eisenberg e Anne Hathaway, mas que tem personalidades próprias. Blu e Jewel já deixam saudades, mas “Rio” está aí para ser visto e revisto como a grande animação que é, deixando pra trás longas da Dreamworks (Kung Fu Panda e Gato de Botas) e Pixar (Carros 2).

Filme de Ficção Científica

Planeta dos Macacos - A Origem
Apesar de todo o culto à série e aos filmes de “Planeta dos Macacos”, vê-los hoje dá uma certa vergonha alheia, de tão fracas que eram algumas produções – incluindo a versão de Tim Burton. Daí, recomeçar toda a saga, contando ainda a origem de tudo pareceu muito arriscado, mas valeu a pena. “Planeta dos Macacos – A Origem” retoma todo o bom espírito da série original, ousando em contar o início de tudo e deixando de forma crível ao espectador. E ainda levantou um debate sobre a atuação por captura de performance. Impecável.

 

Filme Estrangeiro Não Norte-Americano
Incêndios – Canadá
Uma das surpresas do ano, “Incêndios” é de uma vivacidade pouco experimentada no cinema, mesmo dentre os filmes que retratam o Oriente Médio. Ao mostrar a jornada dos irmãos em busca de suas origens, o filme nos leva a conhecer todo um lado diferente do povo que acompanha uma guerra sem fim. Assim como os irmãos ficam abismados diante do que presenciam, algo que irá mudar suas vidas. Foi indicado ao Oscar, mas perdeu para o dinamarquês “In a Better World”. 


Efeitos Especiais
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
A franquia já tinha lidado com dragões antes, mas aquele que é mostrado em “HP7.2” tem proporções ainda maiores e se move de forma completamente diferente, destruindo tudo o que vê pela frente, ao sair do Banco Gringotes. Essa e outras sequências ainda mais alucinantes, como a destruição quase que completa do castelo de Hogwarts, são as responsáveis por levar a série a um outro patamar, uma briga de gente grande, no que diz respeito aos efeitos especiais. 

Melhor Filme Nacional
O PALHAÇO
Em seu segundo filme como diretor, Selton Mello levou muita gente aos prantos em um filme que trata sobre o circo e a vida de um palhaço. Ao contar os bastidores desse universo, o ator/diretor despe um pouco da magia que há por trás dos espetáculos para contar um pouco da história de Benjamin, um palhaço em crise existencial. Resultado: uma homenagem a essa arte tão nobre, porém esquecida e ainda um dos melhores filmes do ano.

 


Ator Nacional
Paulo José – O Palhaço
Mesmo sendo Benjamin o personagem principal, é a figura de Valdemar, interpretado por Paulo José, que dá o tom ao filme, do palhaço orgulhoso em fazer as pessoas rirem e daquele que apoia o filho diante de todas as suas adversidades. Paulo José, um dos veteranos da atuação no Brasil, está em ótima forma e entrega um personagem cativante e emocionante.

 



Atriz Nacional
Deborah Secco – Bruna Surfistinha
Quem vê Raquel Pacheco hoje saracoteando em programas de TV até esquece que ela ralou um bocado até chegar ao status de Bruna Surfistinha. Ela foi do luxo ao lixo, retornando ao luxo, com essa passagem toda sendo mostrada através da atuação de Deborah Secco, que esquece todo o pudor e encarna a personagem com vontade. O filme pode ter romanceado demais a história de Raquel, mas Deborah seguiu o roteiro em um dos personagens mais importantes de sua carreira.



 

Filme + Cool
Sucker Punch – Mundo Surreal
“Sucker Punch” é subestimado, infelizmente. Zack Snyder passou tempo demais guardando segredo sobre seu último filme, mas valeu a pena. A trama visual do filme, que envolve longas sequências de batalhas na imaginação da personagem Babydoll, misturadas à realidade, fez do filme um grande videogame, onde o espectador é convidado a jogar mesmo que seja apenas com a imaginação.




Melhor Ator/Atriz menor de 18 anos
Elle Fanning – Um Lugar Qualquer
Parece que talento é algo natural na família Fanning. Seguindo os passos da irmã, Dakota, Elle Fanning conseguiu ótimos papeis no cinema, conseguindo se distanciar da sombra da irmã e trilhando o próprio caminho. Em “Um Lugar Qualquer”, da diretora Sofia Coppola, Fanning não faz mais do que ser uma adolescente, mas a expressão nos seus olhos, quando precisa se aproximar emocionalmente do pai, um popstar interpretado por Stephen Dorff, é a prova de tudo o que ainda vamos presenciar. Fanning ainda atuou em “Super 8” e em “Compramos um Zoológico” em 2011.


Melhor Personagem Secundário
Ceaser (Planeta dos Macacos)
O líder de uma rebelião, o primeiro de uma linhagem de chimpanzés evoluídos, o mais humano de todos os macacos. Ceaser está como secundário, mas seu papel é fundamental para todo o desenrolar de “Planeta dos Macacos”, não apenas a origem, mas de toda a filmografia da série que, graças a ele, precisará ser revista com outros olhos.

Veja os indicados ¬ Confira os outros anos: 2008 / 2009 / 2010

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