sábado, 11 de fevereiro de 2012

Top 10 - Filmes mudos importantes do cinema

Então, finalmente estreou “O Artista” em terras brasileiras, principal favorito na corrida ao Oscar 2012 e não surpreende, já que o filme traz um tom saudosista de uma época de Ouro que o próprio Oscar chegou a participar, mesmo que não integralmente: o cinema mudo. Mais especificamente, o cinema mudo e preto e branco como única opção disponível. O cinema mudo moldou a linguagem do cinema em uma época onde a ausência de diálogos sonoros faziam os roteiros terem ainda mais importância. “O Artista” é a prova disso, em pleno século XXI. Por isso, vou listar aqui dez importantes filmes da era do cinema mudo. Filmes que sempre são lembrados como pioneiros, emocionantes e especiais para a época e para o cinema. Como sempre falo nos Top 10, a lista é completamente subjetiva e foi construída a partir de várias outras listas e estudos feitos em livros e internet. Óbvio que terão ausências, mas fiquem à vontade para citá-las nos comentários.

10 - A Paixão de Joana D’Arc
netti. (The Passion of Joan of Arc, 1928)
De Carl Theodore Dreyer, com Renee Maria Falco

Este é o primeiro (de muitos) filme feito sobre a história da guerreira Joana D’Arc, praticamente um dos responsáveis por reforçar, no início do século XX, o seu caráter de mito. Para se ter uma ideia de sua importância, a interpretação de Renee Maria Falconetti é considerada uma das melhores atuações já registradas em película de todos os tempos. Os negativos originais do filme ficaram perdidos por décadas, até serem encontrados em um sanatório na Noruega, em 1981.
  
+ O filme ficou famoso pelo estilo de filmar do diretor, priorizando os closes no rosto dos atores. Tanto é que Carl Theodore Dreyer optou pelo não uso de maquiagem, algo incomum para o cinema em geral, para captar melhor as feições dos personagens. O realismo era tanto que em uma das cenas, onde cortam o braço de Joana D’Arc, o diretor usou sangue de verdade, coletado do braço de um figurante.

9 - A General
(The General, 1926)
De Buster Keaton.

Uma das principais comédias de Buster Keaton, o gênio do riso do cinema mudo americano dos anos 1920, foi também o último longa-metragem assinado por ele. No filme Keaton interpreta Johnny, um homem convocado para servir na Guerra Civil Americana como maquinista da locomotiva General. Porém sua amada Annabelle e sua família o consideram um covarde por não ir lutar. A reviravolta se dá quando tanto Annabelle como a General são sequestradas e Johnny tem que ir ao resgate de suas duas paixões.

+ O filme é baseado em uma história real. Em 1862, durante a Guerra Civil, soldados invadiram o campo dos confederados e sabotaram alguns armamentos do exército, terminando a ação com o sequestro da locomotiva “General”. Assim como no filme, os confederados tiveram que invadir o campo inimigo e trazer a locomotiva de volta.

8 - Nanook do Norte – ou Nanook, o Esquimó
(Nanook the North, 1922)
De Robert Flaherty.

É considerado o primeiro documentário em longa metragem produzido e é um marco do gênero. O diretor filmou o cotidiano do esquimó Nanook, no Ártico, desde a construção de um iglu até a caça às morsas. O filme se tornou uma grande referência antropológica para o estudo das relações mantidas pelos esquimós no Polo Norte, mostrando os seus costumes, algo até então pouco conhecido.

+ Apesar de as situações serem reais, Flaherty foi acusado de distorcer o cotidiano dos esquimós e falsificar algumas informações, a começar pelo nome de Nanook, que na verdade era Allakariallak. Além disso, o costume já era usar armas de fogo em atividades de caça, mas o diretor fez com que os esquimós usassem arcos, flechas e lanças, assim como seus ancestrais. Para justificar seu trabalho criticado à época, Flaherty disse que “um cineasta deve muitas vezes distorcer uma coisa para pegar seu verdadeiro espírito”. Há controvérsias.

7 - Limite
(Brasil, 1931)
De Mário Peixoto.

O único brasileiro da lista é considerado por muitos um dos melhores filmes já feitos no País. Conta a história de cinco pessoas que sobreviveram a um naufrágio. O filme causou polêmica na época de seu lançamento e chegou a ficar décadas sem ser exibido, por conta de cenas que envolviam extrema violência e a história que retratava adultério, impunidade em um crime e alcoolismo. Foi recuperado nos anos 1970, ganhou status de Cult brasileiro e hoje é aclamado por muitos fãs do cinema.

+“Limite” faz parte da World Cinema Foundation, entidade fundada por Martin Scorsese para preservação de peças raras e importantes para a história do cinema. Há relatos de que houve uma confusão no Cine Capitólio na primeira exibição do filme, em 1931, inclusive tendo depredação do local. Apesar da recepção positiva, Mário Peixoto nunca conseguiu realizar outro filme, se entregando a um momentâneo ostracismo para se tornar lenda décadas mais tarde.

6 - O Nascimento de uma Nação
(The Birth of a Nation, 1915)
De D.W. Griffith.

Controverso, caro e longo (3 horas e 10 minutos!!!), “O Nascimento de Uma Nação” foi o mais grandioso filme feito na então recente história do cinema. D.W. Griffith, um dos fundadores da United Artists mais tarde, levou às telas a história do livro The Clansman, que narra a Guerra de  Secessão nos Estados Unidos e a guerra entre duas famílias – uma do norte e uma do sul. O filme causou polêmica por levantar a bandeira da Ku Klux Khan e por mostrar os negros (atores brancos pintados de preto) como inferiores e sexualmente agressivos.

+ Fez um enorme sucesso comercial para a época, tendo custado a gigantesca bagatela de US$ 100 mil, valor altíssimo para 1915. Foi o primeiro filme a romper a casa dos US$ 10 milhões em bilheteria, permanecendo como o filme mais rentável até o lançamento de “Branca de Neve e os Sete Anões”.

5 - Nosferatu 
(Nosferatu, eine Symphonie des Grauens ,1922)
De F.W. Murnau.

Um marco do expressionismo alemão, é também um dos pioneiros em receber processos por violação de direitos autorais! Isso porque a obra é baseada em “Drácula”, de Bram Stoker, mas a família do autor não liberou a autorização para filmagem. Murnau mudou os nomes e algumas localidades, mas a essência da história é basicamente a mesma. Usando as técnicas do expressionismo, uma das principais correntes cinematográficas, “Nosferatu” se tornou também o principal filme de vampiros, virando referência para vários outros, desde “Entrevista com o Vampiro” à saga “Crepúsculo”. Só pra constar, a ideia de que um vampiro é morto pela luz do sol foi criada nesse filme.

+ Por conta do processo de direitos autorais, várias cópias foram destruídas por ordem da justiça, mas algumas foram salvas e reexibidas apenas após a morte da viúva de Bram Stoker. A única cópia completa em película está em poder de um colecionador alemão.


4 – Viagem à Lua 
(Le Voyage dans la Lune ,1902)
De George Méliès.

Outro pioneiro, desta vez no campo da ficção científica. “Viagem à Lua” do ilusionista/diretor francês George Méliès é um marco da narrativa moderna, contando a história de um grupo de cientistas que parte em direção à Lua para descobrir como é o espaço e a vida por lá. Vida, sim, pois apesar de hoje sabermos que a Lua é inabitada, o filme retrata alienígenas que vivem por lá, sendo por isso considerado também o primeiro filme que fala de alienígenas.

+ Curiosamente, “Viagem à Lua” também pode ser considerado como uma das primeiras vítimas da pirataria. Explico: Méliès pretendia lançar comercialmente o filme nos Estados Unidos, pra ganhar mais dinheiro com ele, mas cópias foram feitas secretamente pelos técnicos de Thomas Edison e distribuindo por todo o País. O filme fez sucesso, mas Méliès decretou falência.

3 - O Encoraçado Potemkin
(Bronenosets Potyomkin,1925)
De Sergei Eisenstein.

O filme da famosa cena em que um carrinho de bebê sai rolando por uma escadaria. “O Encouraçado Potemkin”, obra-prima de Sergei Einsenstein, é lembrado sempre por suas técnicas de montagem, um marco também na época, além do uso dos efeitos especiais. O filme conta a história de um motim de marinheiros no Potemkin, um navio de guerra de 1905. Apesar da história isolada, o longa acabou se tornando um arauto universal conta a injustiça e a opressão.

+ Apesar de hoje ser famosíssima por conta de sua montagem, a cena na escadaria de Odessa não estava no script original. Ela foi concebida somente durante a produção e mantida na versão original.

2 – Luzes da Cidade
(City Lights, 1931)
De Charlie Chaplin.

Só a filmografia inteira de Charlie Chaplin merecia destaque em toda a era do cinema mudo, mas “Luzes da Cidade” é frequentemente apontado como o melhor de todos eles. É também o filme em que mais pessoas lembram do personagem Vagabundo (ou Carlitos, como alguns conhecem). No filme, o Vagabundo se apaixona por uma florista cega que passa sérias dificuldades financeiras e, para ajudá-la, ele irá passar por diversas situações. Um dos clássicos da comédia americana que encantam até hoje.

+ Quando “Luzes da Cidade” foi feito, o número de filmes mudos tinha caído consideravelmente, mas Chaplin insistiu em realizar a obra sem diálogos. Ele mesmo compôs a trilha sonora do filme, que é sincronizada à película e, portanto, o filme não é exatamente mudo (assim como “O Artista”, por exemplo). Mas o detalhe não importa hoje e também não importou na época, visto que o filme foi aclamado por público e crítica.

1 - Metrópolis
(Metropolis, 1927)
De Fritz Lang.

Outro grande expoente do cinema alemão, “Metrópolis” se tornou referência principal entre quase todos os filmes de ficção científica realizados desde então. O enredo da trama é ambientado no século XXI, em uma cidade governada por um grande empresário, com os trabalhadores sendo escravizados por máquinas. Uma jovem, Maria, se destaca entre os trabalhadores, incitando-os a lutarem pelos seus direitos. Foi o filme europeu mais caro da época e quase levou seu estúdio à falência. O filme virou referência explícita em filmes como “Matrix”, “Star Wars” e “V de Vingança”, e em clipes musicais como o “Express Yourself”, da Madonna. “Metrópolis” também teve exibições especiais em várias partes do mundo, com uma orquestra executando a trilha ao vivo enquanto o filme era projetado. Em 2008, foram reencontrados 30 minutos de metragem original e inédita na Argentina, e essa  deve ser restaurada e acrescentada à versão conhecida do filme, para posterior lançamento em DVD.

+ “Metrópolis” era um dos filmes favoritos de Adolph Hitler. Tanto que ele convidou Fritz Lang para dirigir alguns filmes em campanha do partido nazista. Para fugir dos planos de Hitler, Lang se encaminhou para Paris, onde produziu alguns filmes de conteúdo anti-nazista, se mudando logo depois para os Estados Unidos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Assistir a um bom filme mudo é interessante porque voçe ve a diferença sem o som voçe ve mais sobre a imagem e o mundo dos negóçios nestas cenas mudas ja ao contrario voçe de costas mechendo no computador e a televisão ligado num filme de ação desses filmes americanos que explora o mexico e a colombia principalmente voçe houve mais e percebe o quanto é pesado a comunicação então imagine numa situação real como deva ser mais devemos nos preparar pra isto porque logo tão logo o brasil estara filmando todo o continente americano da america do sul e sendo mudo ou sem imagem são vidas nas nossas telas jamais vistas anteriormente.