terça-feira, 18 de outubro de 2011

Festival do Rio - Red State



Red State
(EUA, 2011) De Kevin Smith. Com Melissa Leo, Nicholas Braun, Michael Parks, John Goodman e Kevin Alejandro. 

Esse ano fui uma vergonha como cinéfilo. Sim, com tantos eventos acontecendo no Rio de Janeiro, mais a minha nova vida de adulto que inclui trabalhar pra pagar as contas, acabei deixando de lado uma das coisas mais importantes do ano, o Festival do Rio. Após cobrir por anos a fio com vários filmes em sequência, quase achei que não ia tirar nem uma lasquinha dele, mas consegui assistir a pelo menos um dos filmes mais aguardados. Trata-se de “Red State”, o comentado novo filme do diretor Kevin Smith, que alcançou notoriedade com “O Balconista” e desde então virou nome Cult.

“Red State” trata sobre uma seita religiosa que quer exterminar todas as pragas que contaminam o mundo com o poder da oração e de muitas e muitas armas. Por “pragas”, leia-se homossexuais e fornicadores. Uma onda de assassinatos cometidos contra gays chama a atenção da comunidade enquanto que três amigos combinam um encontro às escuras com uma mulher mais velha para uma noite de sexo. O encontro trata-se de uma armadilha do pastor da tal seita, que pretende matá-los em um dos rituais. Quando a polícia entra na história, a igreja se torna um campo de guerra, onde não há limites para a insanidade.


Kevin Smith tocou num ponto delicado de discussão, mas provoca muito mais risos do que indignação da plateia que assiste à história de intolerância religiosa. O enredo é tão absurdo que, se compararmos as barbaridades do pastor Abin Cooper, o maníaco do filme, com os homofóbicos enrustidos da TV, como nosso deputado Jair Bolsonaro ou o pastor Silas Malafaia, esses últimos seriam facilmente confundidos como patrocinadores da Parada Gay. 

Com vários truques de câmera e edição (feita por ele mesmo) e um roteiro apoiado em muito humor negro e várias coisas verídicas, Kevin Smith consegue um filme de suspense que choca ao mesmo tempo em que promove o debate sobre intolerância e fanatismo religioso, além de falar sobre os direitos dos homossexuais e também de todo mundo que participa de uma sociedade livre. Melissa Leo está fantástica e mostra versatilidade como a mulher que seduz os garotos – algo impensável para ela até então, já que se trata de uma senhora de 51 anos e ganhadora de um Oscar – e que se revela mais uma fanática da seita. 

No mais, “Red State” parece tão ficcional que fica difícil de acreditar que casos como esses existam na vida real. E não precisamos nem ir para o interior dos EUA e caçar fanatismo religioso: aqui mesmo, nas grandes cidades, pessoas matam as outras por intolerância a várias coisas. É só olhar no jornal. 

Nota: 8,5


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