terça-feira, 18 de outubro de 2011

50 anos de "Bonequinha de Luxo"


Imagine aquele vestido tubinho preto básico para qualquer ocasião, um artigo indispensável para uma mulher moderna. Pois talvez esse artigo do vestuário não tivesse a mesma importância hoje se não fosse o filme “Bonequinha de Luxo”. Talvez nem mesmo a expressão “pretinho básico” existisse. Mas não é apenas na moda que o filme de Blake Edwards, baseado no romance de Truman Capote, marcou gerações. O filme, que acaba de completar 50 anos, é um dos melhores da história do cinema, uma comédia romântica doce e com uma pureza inigualável, que vemos refletida nos olhos de anjo da sensacional Audrey Hepburn.

Era 5 de outubro de 1961 quando o filme estreou nos Estados Unidos. E se o mundo ainda não tinha se rendido ao charme e talento de Audrey Hepburn, em filmes como “Sabrina”, "Cinderela em Paris” ou “A Princesa e o Plebeu”, não tinha mais desculpas a partir deste filme. E olha que a personagem de Hepburn era um tanto quanto incomum para os papéis que a atriz estava acostumada a desempenhar. Holly Golithly, a moça que desce de um táxi com um saco de papel e um copo de café, e toma o seu ‘breakfast’ em frente à joalheria Tiffany & Co. (daí o nome do filme), mora sozinha e é o que se pode chamar de ‘acompanhante de luxo’. Aí o mundo vinha abaixo: estaria Audrey Hepburn interpretando uma prostituta?
 
Daí você pode tirar as suas conclusões, mas “Bonequinha de Luxo” é um dos filmes mais irresistíveis de todos os tempos. Ao mesmo tempo em que Holly é esperta o suficiente para se manter viva em meio ao mundo que vive, ela é ingênua a ponto de participar de um esquema de transferência de informações de um poderoso bandido que está na cadeia. É essa ambiguidade que Audrey Hepburn coloca nas telas com maestria, uma moça rude e sem certa educação, mas que aprendeu a ser refinada e sofisticada para vencer na vida.

Ao lado da personagem de Hepburn, vemos o escritor Paul Varjak, interpretado por George Peppard, que é um solteirão que não sente vergonha nenhuma ao ser sustentado por uma mulher. Isso até conhecer Holly e seu estilo de vida desprendido, queira mudá-lo completamente. A história de amor dos dois é, na verdade, uma contradição, uma vez que ambos são ambiciosos o suficiente para desistirem de tudo para ficar juntos.

A magia de “Bonequinha de Luxo” é resumida na metade do filme, quando, num momento de distração, Holly vai para a sua janela, puxa um violão e começa a cantar “Moon River”, canção composta por Henry Mancini que entrou para a eternidade ao colocar a suave voz de Audrey Hepburn nas telonas. Um efeito que nem “My Fair Lady” conseguiu anos mais tarde, e olha que era um musical!

“Bonequinha de Luxo” ganhou dois Oscars (Melhor Canção e Melhor Trilha Sonora) e foi indicado a outras três categorias (Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte – cores e Melhor Atriz). Difícil saber que naquele ano Hepburn perdeu o Oscar para Sophia Loren, a primeira a ganhar uma estatueta em um filme não falado em inglês. Mas o que importa é que o filme ganhou muito mais, entrando para o panteão dos clássicos, tornando Hepburn uma diva absoluta e mudando o ponto de vista do mundo sobre um simples vestido preto e um café da manhã numa joalheria.

3 comentários:

Anônimo disse...

Amei seu texto. Sou fãzoca da Audrey.
Este filme é realmente genial.Um grande abraço.

Anônimo disse...

Muito legal, cara, tu tem esse filme? Fiquei com mó vontade de ver. =F

Maxwell Soares disse...

Confesso que não conhecia esse filme. Parece ser muito bom. Teu texto só aumentou a minha vontade. Valeu...