terça-feira, 29 de março de 2011

VIPs


VIP’s
(Brasil, 2010) De Toniko Melo. Com Wagner Moura, Roger Gobeth, Milhem Cortaz, Jorge D’Elia, Gisele Fróes, Juliano Cazarré.

Marcelo Nascimento passou quatro dias fingindo ser o filho do dono da empresa de aviação Gol, durante o Recifolia de 2001. Enganou um monte de gente, inclusive os atores Carolina Dieckman, Marcos Frota e Ricardo Macchi. Essa é a história que ficou conhecida do grande público, até porque o pilantrão fez questão de dar uma entrevista histórica para Amaury Jr. O resto pode ser conferido em “VIP’s”, longa de estreia de Toniko Melo que se aproveita de parte da história para narrar uma trama fictícia. Alguns fatos foram distorcidos (até mesmo para preservar a imagem de quem se viu vítima do golpe), mas a maioria se mantém fiel ao livro “Histórias Reais de um Mentiroso”, de Mariana Caltabiano. O longa venceu o Festival do Rio 2010, inclusive com prêmios de Melhor Ator para Wagner Moura, Melhor Ator Coadjuvante para Jorge D’Elia e Melhor Atriz Coadjuvante para Gisele Fróes.

Louco por aviação, o jovem Marcelo, apelidado de Bizarro por alguns conhecidos, decide fugir de casa em busca do sonho de se tornar piloto de avião, como o pai. Perito na arte de imitar e enganar os outros, ele se mete com um cartel paraguaio de drogas para conseguir sua habilitação. Depois de ser preso e depois liberado, ele retorna ao Brasil ainda com o sonho de ser alguém importante. É quando ele planeja dar um golpe maior do que ele mesmo imaginara. Ele não sabia, porém, era o quanto esse golpe daria certo, e se não fosse por alguns deslizes, nem daria errado no fim.


Confesso que esperava mais de “VIP’s”. Vencedor do último Festival do Rio, com sessões disputadas a tapas, o longa de Toniko Melo se limita apenas a tentar fazer com que o espectador se afeiçoe ao “bandido problemático” com uma trilha sonora bem amarrada e imagens bem filmadas. Porém o roteiro é fraco e sem vida. Como todo mundo já sabe da história, o diretor apenas conduziu a narrativa. Até o que deveria ser surpresa todo mundo já saca bem antes do final do filme.

O filme tem boas piadas, além de fazer lembrar de que essa foi uma história real e aí sim o espectador se pega pensando em como alguém conseguiu bolar uma trama dessas. A forma como foi trabalhado o conflito interno do personagem, de parecer não saber quem é e “não fazer isso por mal” também merece destaque. Sem falar que Wagner Moura salva qualquer cena em que apareça, mostrando um personagem altamente fragilizado por traumas que não são explicados. Aliás, nada é muito explicado no filme, você tem que deduzir sozinho como alguém consegue um helicóptero, um quarto de hotel luxuoso, seguranças e entrada numa área VIP simplesmente na base do nome e da lábia. Pensando bem, nem é tão difícil assim. A famosa carteirada acontece o tempo todo, mas enfim, isso é outra história.



“VIP’s” parecia mais. No fim, fica uma história interessante que com certeza se encaixa em um nível diferente do cinema nacional, em que pelo menos se tenta fazer uma história de verdade. Só me chama a atenção o fato de não terem conseguido nenhum adolescente mais cabeludinho pra fazer o Marcelo nessa faixa etária. O próprio Moura (tentou) interpreta(r) o garoto. Tinham que colocar o Wagner Moura emo? Se bem que, em se tratando do ator, que já interpretou até uma mulher na TV, qualquer papel é bem realizado.



Nota: 6,0

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