terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Missão Impossível: Protocolo Fantasma


Mission Impossible: Ghost Protocol
(EUA, 2011) De Brad Bird. Com Tom Cruise, Jeremy Renner, Paula Patton, Simon Pegg.

A série “Missão Impossível” deu sinais de que tinha perdido o fôlego. Com o terceiro filme, lançado em 2006 e dirigido por J.J. Abrahams, recém-conhecido por LOST, parecia que Ethan Hunt finalmente tinha se aposentado, assentado no casamento e encerrado a carreira de espião. Então, mas sabe como é Hollywood né, sempre a fim de ganhar uns trocos, mas como a crise criativa afetou de vez a cabeça dos roteiristas, a saída principal é ativar sequências, remakes, prequels e o que mais der para extrair de franquias de sucesso. Tom Cruise, que não é bobo nem nada, voltou para uma quarta parte, agora sob o comando de Brad Bird – sim, a mente por trás de “Os Incríveis”, da Pixar.

Nesta missão, o agente Ethan Hunt é liberto da prisão por alguns dos companheiros da IMF para que, juntos, eles possam impedir o roubo dos códigos que ativam as bombas atômicas da Rússia. Só que algo sai errado e um atentado ao Kremilin, sede do governo russo, recai nas costas de Ethan e seus parceiros, fazendo com que o governo americano feche a IMF. Hunt consegue uma única chance de reverter a situação e consertar os erros, enfrentando obstáculos como uma ladra profissional e toda a máfia russa atrás de Ethan e sua equipe.

 

Clichê? Claro. Mas não dá pra negar que a série não conseguiu perder o fôlego. Aliás, quem perde é o espectador, que vislumbra cenas de ação eletrizantes que, claro, condiz com Ethan Hunt - ou melhor, Tom Cruise. O ator, do alto dos seus 49 anos, não podia estar em melhor forma. Claro que, com o apoio do CGI, dos dublês e de todos os efeitos especiais de hoje em dia, ele conseguiu uma ajudinha. Porém, Tom Cruise é a alma do filme, tanto que não dá pra imaginar um “Missão Impossível” sem ele. 

Curiosamente, é isso mesmo que deve acontecer, já que os planos é passar o bastão a longo prazo para Jeremy Renner, novo queridinho de Hollywood, que mistura boa carga dramática de atuação com bom desempenho na ação, como foi em “Guerra ao Terror” e “Atração Perigosa” e como deve ser em “Os Vingadores”.
Brad Bird se saiu bem na sua primeira película live action, embora o roteiro tenha alguns momentos de morosidade e confusão. A trama fica complexa demais do meio pro final e o espectador pode ficar meio perdido. Mas a emoção de ter visto cada segundo das ações de Hunt por lugares como Dubai, Mumbai e Moscow valem o ingresso. Sobretudo a famigerada sequência em que ele escala o Burj Dubai, o edifício mais alto do mundo. Não recomendado para pessoas que sofrem de taquicardia.

Nota: 8,0

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tudo Pelo Poder


 The Ides of March
(EUA, 2011) De George Clooney.  Com Ryan Goslin, George Clooney, Evan Rachel Wood, Paul Giamatti, Philip Seymour Hoffman, Marisa Tomei.

The Ides of March foi um dos primeiros a despontar como favorito já nessa iminente corrida de prêmios que assola o nosso dezembro. Diante de tantos novos títulos, perdeu um pouco a força, mas nem de longe pode ser descartado. O novo filme dirigido por George Clooney mostra os bastidores da política americana, justamente na corrida pelas eleições presidenciais americanas, talvez o evento mais importante da humanidade ultimamente. Como são feitas campanhas, estratégias, discursos, ações de marketing, ou seja, como eleger um candidato realçando o que ele tem de melhor. Mas e quando tudo isso vai por água abaixo quando aparecem meios mais fáceis de atingir seu objetivo? Todo mundo tem seu preço mesmo?

Stephen Meyers é um dos responsáveis pela campanha política do governador Mike Morris na corrida para as eleições do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos. Ele tenta fazer uma campanha justa e honesta, acreditando nos ideais do seu candidato, mesmo q use das mais variadas estratégias – sempre honestas – para conseguir seu objetivo. Porém, nem tudo é fácil, dada certa resistência dos eleitores a Morris e de alguns jogos políticos que ele tem que enfrentar para conseguir mudar o quadro das intenções de voto. Meyer também acaba se envolvendo com uma das estagiárias do comitê eleitoral e seu talento está na mira do organizador da campanha do concorrente. Além disso, ele tem que lidar com uma insistente jornalista que persiste em publicar os mais inusitados fatos dessa corrida presidencial. Porém, Meyers se vê na linha de tiro quando um fato que pode destruir a campanha de Morris vem à tona. É quando ele precisa decidir até que ponto vai a sua honra para vencer as eleições e atingir uma posição de status sonhada por todos: trabalhar com o presidente dos Estados Unidos. 


A história ajuda os não norte americanos a entender como funciona o processo eleitoral por lá e dá um panorama de toda a situação em que os Estados Unidos se encontram hoje. É um retrato da própria sociedade americana e os bastidores do poder. O cargo mais cobiçado do mundo requer uma corrida eleitoral igualmente cobiçada. Um erro e tudo pode mudar. Essas nuances foram colocadas por George Clooney de forma brilhante no filme, que o coloca como o candidato acima de qualquer suspeita, se apoiando na própria imagem de Clooney que o espectador tem.

 

Apesar de todo o elenco estrelar, que está muito bem e se complementa, o destaque do filme é mesmo Ryan Goslin que se firma como um dos melhores nomes de sua geração, acumulando mais um papel denso em sua carreira. Goslin, que se esquiva de blockbusters e filmes mais clichês, tem se apoiado em uma filmografia digna de grandes astros de Hollywood, porém ainda não é muito reconhecido por seus trabalhos. Este ano tudo pode ser diferente, ainda com mais prova de sua brilhante atuação. 

Nota: 9,0

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Gato de Botas

Puss in Boots
(EUA, 2011) De Chris Miller. Com vozes de Antonio Banderas, Salma Hayek, Zack Galifianakis, Billy Bob Thorton.

Depois que a franquia “Shrek” perdeu um pouco do fôlego, o filme do Gato de Botas, um dos coadjuvantes mais adorados, pareceu ser o caminho natural. Caminho esse que tem sido alardeado desde que o personagem surgiu na série e demorou um pouco para se tornar realidade. No entanto, “Gato de Botas” é um filme um tanto quanto esquisito. A aventura solo do personagem, que é uma espécie de prelúdio para conhecermos sua história, envolve um mix dos contos de fadas que sobraram da franquia Shrek. Muita coisa fica perdida e não se encaixa como deveria. Por isso, acredito que as crianças devem ter se divertido muito – mesmo com alguns toques mais, digamos, picantes da história – mas os adultos devem ter achado um saco ter que ouvir as peripécias do Gato com um ovo falante!

Muitos anos antes de encontrar Shrek e Burro, o adorável mas perspicaz Gato de Botas precisa limpar o seu nome de todas as acusações que fazem dele um fugitivo procurado. Enquanto tenta roubar alguns feijões mágicos dos criminosos Jack e Jill, o herói cruza o caminho da sua equivalente feminina, Kitty Patamansa, que leva o Gato ao seu velho amigo, mas agora inimigo, Humpty Dumpty, um ovo. Lembranças de amizade e traição deixam o Gato em dúvidas, mas eventualmente ele concorda em ajudar o ovo a conseguir os feijões mágicos. Juntos, os três planejam roubar os feijões, chegar até o castelo do Gigante, roubar o ganso dos ovos de ouro e limpar o nome do Gato, embora tudo isso não passe de uma cilada.


“Gato de Botas” não tem a mesma sacada original que fez de “Shrek” (melhor, “Shrek 2”) uma das melhores animações já feitas. Faltam boas piadas mais maduras. “Ah, Marcos, mas o filme é feito para crianças!”. Então se esqueceram de avisar os produtores, porque não adianta subestimar as crianças de hoje em dia com qualquer coisa mais bobinha. Sem falar da fama de mulherengo do Gato e suas ‘arrastadas de pata’ para Kitty. E aquele ovo medonho podia sumir. É um dos personagens mais grotescos ever.

No entanto, apesar da preguiça em escrever um roteiro mais decente para o personagem, “Gato de Botas” diverte. Infelizmente, é um filme esquecível, que se passa no equivalente espanhol de Tão, Tão Distante (embora ainda seja a Espanha :s). Sobra o charme do próprio Gato, que com seus mega super olhos hipnóticos, já tem uma marca registrada e consegue segurar o próprio filme nas costas.



 Nota: 7,0
Efeitos 3D: 6,0
*Indicado ao Oscar de Melhor Animação


 

Noite de Ano Novo


New Year’s Eve
(EUA, 2011) De Garry Marshall. Com Ashton Kutcher, Lea Michelle, Sarah Jessica Parker, Josh Duhamel, Zack Efron, Michelle Pfeifer, Jessica Biel, Seth Meyers, Halle Berry, Robert de Niro, Hillary Swank, Ludacris, Abigail Breslin, Sophia Vergara, Carla Gugino, Katherine Heigl e Jon Bon Jovi. 

Já conhecemos esta história. O velho emaranhado de contos que, aparentemente não tem nada a ver, mas se entrelaçam no fim das contas – ou dos contos. A fórmula usada por Garry Marshal em “Idas e Vindas do Amor”, utilizando o Dia dos Namorados como pano de fundo, deu certo por várias razões. Primeiro: o mundo adora comédias românticas. Elas estão em toda parte, de várias formas, tamanhos e histórias. Segundo: juntar várias estrelas no mesmo filme, com o mesmo espaço pra cada uma delas, sem sobressair nenhuma. Terceiro: a sacada de que, no fim, todas aquelas histórias diversas estão interligadas e você, espectador, tem que ir ligando os pontos para descobrir quem tem a ver com o quê. Daí, porque não repetir essa mesma fórmula, em uma noite tão cheia de expectativas quanto a do Ano Novo?

No filme, os vários personagens passam por cada um, uma situação particular: seja a mãe preocupada com o comportamento da filha adolescente na noite de Ano Novo, o casal que espera que o filho seja o primeiro a nascer na noite de Ano Novo, a funcionária cansada do trabalho que pede demissão e que quer completar sua lista de afazeres de 2011 na noite de Ano Novo, um homem no leito de morte que quer apenas ver o globo da Times Square descer pela última vez na noite de Ano Novo, e a programadora de toda a festa do Ano Novo em si, que espera que tudo saia perfeito. Essas e outras histórias se entrelaçam, com cada um desses personagens desenvolvendo seu papel para o filme fechar direitinho... antes do fim da noite de Ano Novo.

As múltiplas histórias se desenrolam direitinho, profundas o suficiente para que saibamos o básico dos personagens, colocando eles como a superfície de todo o clichê existente: a mãe protetora, a adolescente rebelde, o solteirão convicto, a cantora em ascensão que acha que vai ter sua grande chance de estrelato... todos são clichês para facilitar a dinâmica do filme. A presença de nomes como Lea Michele (Glee), Seth Meyers (Saturday Night Live) e Sophia Vergara (Modern Family) vem para provar que o filme está em sintonia com tudo o que é atual, outro recurso para captar mais ainda a atenção dos espectadores. Misturando um elenco novo (Zack Efron, Josh Duhamel) com um mais experiente (De Niro, Michelle Pfeifer), Garry Marshall consegue um meio termo e dá leveza ao longa. Dá pra ver estampado que estão todos se divertindo horrores no filme.

Com eles se divertindo, o público se diverte. Tem até um número musical em conjunto de Bom Jovi com Lea Michelle (claaaaro!), alguns momentos mais dramáticos e todo aquele clima pós-Natal bom que fica nos dias que antecedem o Ano Novo, quando parece ser proibido de se fazer qualquer outra coisa a não ser entrar no clima.

Ps: a repetição do termo "Ano Novo"  no texto é proposital!
Nota: 7,5

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Os Muppets - O Filme


The Muppets
(EUA, 2011) De James Bobin. Com Jason Segel, Amy Adams, Chris Cooper e Rashida Jones. Participações de Emily Blunt, Alan Arkin, Ken Jeong, Selena Gomez, Whoopi Goldberg, Neil Patrick Harris e Jack Black.

Bonecos. É a primeira ideia que se tem que ter ao colocar na cabeça que vai assistir a “Os Muppets” – eles são bonecos. Parece óbvio comentar isso, mas é o elemento chave para se assistir ao filme. Porque se você realiza de que tudo ali é tão bobo, improvável e nada, nada plausível, acaba a diversão do filme toda. Portanto, nada de julgar os bonecos e sim a história. Essa sim, simples e com uma lição de moral ingênua, daquelas que há muito tempo não aparecem no cinema, consegue conquistar os espectadores, sejam crianças ou adultos. O que “Os Muppets” traz de volta é aquela sensação de que alguma coisa ficou perdida no meio do caminho quando se trata de produções para TV ou para cinema. Saudade de um tempo em que não era preciso nada além do que uma boa história contada por bonecos para fazer rir e entreter. 
O garoto Walter e seu irmão Gary crescem assistindo a “The Muppets Show” na televisão. Porém, Walter percebe que tem algo de errado com ele conforme ele cresce. Ou não cresce. Afinal, ele também é um muppet. Gary vira um homem adulto e está prestes a se casar com Mary, quando os dois decidem ir para Los Angeles e convidam Walter para conhecer o estúdio onde o show era gravado. Lá, eles descobrem os estúdios abandonados às moscas e um plano maligno para comprar o antigo teatro dos Muppets, local de um poço de petróleo subterrâneo. Walter decide ir atrás de Kermit, o sapo, e reunir toda a turma dos Muppets para um novo show que deve salvar o teatro e colocar os Muppets de novo como ídolos das pessoas. 


Já viu o elenco estrelar do filme? Nomes de peso fazem milhões de participações especiais, algo que reflete a dinâmica da série de TV, que também conta com essas participações. Em destaque, Emily Blunt faz o papel de secretária da editora-chefe da Vogue francesa, que vem a ser Miss Piggy em pessoa, numa clara alusão a “O Diabo Veste Prada”.  Outra participação surpresa vai deixar os mais atentos de queixo caído, mas não posso revelar quem senão estraga a surpresa. Fora as participações, os fixos dão seu show à parte. Jason Segel e Amy Adams (vejam só) consegue mostrar aquela química ingênua com perfeição na tela. E ambos mostram talento na hora de cantar. Até Chris Cooper, no papel de vilão do filme, solta a voz em um rap, num dos números musicais.


Mas as estrelas são os bonecos, que conseguem ofuscar todos os humanos presentes. Kermit (ex-Caco), Miss Piggy, Gonzo e toda a turma têm tiradas sensacionais que lembram o bom humor dos seriados antigos da TV (assim como os Muppets!). Aliás, vários elementos da série se repetem o tempo todo e a montagem surpreende em uma metalinguagem muito bem aplicada. Um exemplo é a parte onde, para chegarem mais rápido em um lugar, eles simplesmente vão de “seta no mapa” – ou seja, uma seta liga Los Angeles à Europa em um mapa na tela e, bam!, eles estão lá! E esse é só um dos bons momentos do filme, que diverte sem se tornar apelativo e que conjuga inocência com piadas bem amarradas que não irão chatear os adultos. Pelo contrário. Na sessão que eu estava só tinha adultos.

Nota: 8
*Indicado ao Oscar de Canção Original

Um Dia


One Day
(UK, 2011) De Lone Scherfig. Com Anne Hathaway, Jim Sturges e Patricia Clarkson.

A diretora Lone Scherfig, responsável pelo filme charmoso “Educação” em 2009, retorna com um novo trabalho, igualmente charmoso. Se antes o que se via na tela era o frescor da juventude na Inglaterra dos anos 1950, desta vez é nos dias atuais que vemos a mesma juventude dando o ar de sua graça. É através da vivência de dois jovens que “Um Dia” se desenrola, uma história de amor/amizade/relacionamentos que acompanhamos por alguns anos. O que falta em “Um Dia” é o que sobrava em “Educação”, um pouco mais de consistência e ousadia. Isso sem contar que foi suficientemente ousado colocar uma atriz americana (Anne Hathaway) com um sotaque britânico, o que foi arduamente criticado. 

Dexter e Emma se tornam amigos na madrugada das suas formaturas, em 15 de julho de 1988. Os dois desenvolvem uma cumplicidade e passam a noite juntos, sem que nada aconteça entre eles. A partir daí, o filme atravessa os anos, sempre mostrando o dia 15 de julho e o que vai acontecendo com a vida dos personagens. Vemos tanto o seu crescimento pessoal como a importância que um vai tomando na vida do outro, até que percebam que não faz sentido que eles fiquem separados.  

A atmosfera de Londres e todo o charme que os dois atores principais emanam contribuem para que “Um Dia” seja um filme que vale a pena ser apreciado. As várias nuances de sentimentos, expressas, sobretudo no personagem de Jim Sturges, dão o tom correto, o que, aliás, descreve bem o que é o filme no todo: correto. Sem apelar para muitas situações esdrúxulas, só mesmo o cotidiano dos personagens, Lone Scherfig não acrescentou nenhum molho especial à adaptação do livro de David Nichols. A ideia de fazer as datas passarem na tela a cada 15 de julho lembra uma comédia romântica mais comum, algo que não esperamos de um trabalho da diretora – sem falar que, se o filme não estivesse em ordem cronológica, seria muito mais interessante, mas aí já é querer dizer pro autor mudar o formato de seu livro.

Com relação às atuações, os dois protagonistas fazem o que realmente se espera deles, que sejam jovens e apaixonados cada um pelo seu estilo de vida e que convençam o público de sua história de amor. Anne Hathaway, como (quase) sempre, cumpre bem este papel, apesar de parecer um tanto quanto apática em algumas situações. Sua personagem é a que mais transparece sua evolução com o passar dos anos, e podemos também vislumbrar um pouco da moda e do estilo dos anos 1980 e 1990, copiados com fidelidade na fita. Já o sotaque, bom, ele está lá... não chega a ser um britânico perfeito, mas convence. Jim Sturges, o galã boa-vida, é o que mais carrega nas emoções, já que seu personagem tem algum drama a mais, como a ligação com a mãe que tem câncer (vivida por Patricia Clarkson). 

A boa fotografia e trilha sonora (composta por Rachel Portman, vencedora do Oscar por “Emma” em 1996) completam os itens que fazem do filme uma boa oportunidade de ver uma história de amor legal, com pingos de comédia e drama. Só que a diretora sofre de um mal que acomete quase todos os diretores que saem com um trabalho de mestre e pulam para a aclamação: a expectativa.  Essa, Lone Scherfig não soube lidar muito bem. 

Nota: 8

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Os Muppets e filmes de desenho no cinema



Dentre todos os filmes sobre desenhos lançados recentemente, “Os Muppets” é o único que eu devo ir ver. Claro, o filme se baseia no show dos anos 1970 e não no desenho dos Muppets Baby que eu acompanhava na infância, mas mesmo assim fica a pergunta: a fórmula funciona? 

Pergunto isso porque vimos uma enxurrada desse novo gênero ser despejada nas telas, atraindo certa legião de fãs, mas que não satisfaz no roteiro, na produção ou até mesmo na fidelidade da história. Pra citar alguns, tivemos “Os Smurfs”, “Zé Colmeia”, “Marmaduke” e “Alvin e os Esquilos”. Este último parece ter agradado o maior número de pessoas, com piadas novas e adequadas tanto ao público antigo como o novo.

Só que a fórmula se desgasta justamente nessa tentativa de relacionar os públicos. Colocar humanos ao lado dos personagens, sejam eles mais reais, sejam criados em computador, não dá muito certo, porque os humanos – os que deveriam dar um gosto a mais na história toda – sempre saem com cara de bobos. Aí vamos para os desenhos e eles estão completamente mudados. 
 
Só pra citar um exemplo mais antigo, “Scooby-Doo”, embora divertido, colocou a trupe da Mistério S.A. em meio a uma coisa meio colorida/bizarra/tosca que mexeu com muita coisa do desenho original. Desagradou certos fãs, mas conquistou uma molecada que gostou da história, sobretudo o romance de Fred e Daphne, algo que é mais que implícito no desenho. Não à toa conseguiu uma continuação, que enterrou de vez a franquia no limbo. 

“Garfield” tentou também ir pelo mesmo caminho, apostando no carisma do personagem, mas a tentativa de transformar o gato mais preguiçoso do mundo num herói dos filmes de ação foi o que estragou tudo. Isso e as caras de patetas de Breckin Meyer e Jennifer Love-Hewitz. A continuação (“A Tale of Two Kitties” – aargh!) tentou consertar as coisas com um “gêmeo” preguiçoso do gato – Fail! Fail! Fail!

“Os Muppets” deve ir para um caminho diferente e não deve inventar demais. Pelo menos é o que os produtores estão vendendo. Tanto é que colocaram nomes como Amy Adams e Chris Cooper para atuar com os bonecos. Agora é torcer pra tudo não cair na canastrice de tentar apenas ganhar dinheiro com a infância dos outros.

*Vale lembrar que “Os Muppets” já estiveram nos cinemas antes em 1974 e em 1984, ambos clássicos do antigo Cinema em Casa, do SBT.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inquietos


Restless
(EUA, 2011). De Gus Van Sant. Com Henry Hopper, Mia Wasikowska e Ryo Kase. 

Qual a melhor maneira de lidar com a morte? Na dúvida desta pergunta, quantas as pessoas simplesmente ignoram que a morte existe, justamente para não ter que lidar com ela? Se é difícil para adultos se acostumarem  com a ideia de morrer ou perder um ente querido, um jovem pensar nessa possibilidade é mais inaceitável ainda. Porque, com o tanto de vida que supostamente têm à frente para desfrutar, não faz sentido para os jovens pensar na morte. No entanto, ela existe. Então, qual a melhor maneira de lidar com a morte? É esse conjunto de ideias que Gus Van Sant coloca em “Inquietos”, acrescentando uma pitada de romance com todo o frescor de jovens e promissores atores. 

Enoch é um rapaz que perdeu os pais em um acidente de carro e não frequenta nenhuma escola. Desde o acidente, ele passou a enxergar o fantasma de Hiroshi, um piloto japonês que morreu na Segunda Guerra Mundial. Para passar o tempo, Enoch desenvolveu um hobby: acompanhar os velórios de gente desconhecida e analisá-los. Em um deles, conhece Annabel, uma garota incomum, mas que o chamou a atenção desde o princípio, justamente pela curiosidade em saber o porquê de ele visitar os funerais. Os dois se aproximam e Annabel revela que é uma paciente com câncer terminal. Apesar da gravidade da situação, a garota não se abala nem um pouco e vai levando a sua vida da melhor maneira possível. Enoch cada vez se aproxima mais da garota e tenta não deixar que a doença o abale, mesmo que ele saiba como a história irá terminar.

 

Ao longo de seus trabalhos, Gus Van Sant captou a alma dos jovens de diversas maneiras, mas sempre de maneira incomum. É muito improvável que vejamos retratados em um de seus filmes alguns dos fãs histéricos de Justin Bieber. Os jovens de seus filmes são maduros e, embora confusos com essa fase de suas vidas, esperam evoluir, encontrar um sentido na vida e buscar a felicidade, não importa o preço. Mesmo os perturbados de “Elefante” demonstraram isso. Com Annabel e Enoch não é diferente. A forma com que os personagens encaram a vida (e a morte) faz o espectador refletir involuntariamente. 

A atmosfera leve do filme quase não deixa transparecer que se trata de uma história sobre uma garota com câncer terminal, tamanha é a sutileza. No fim, o que salta é o romance dos protagonistas e o drama de Enoch, vivido por Henry Hopper, filho do ator Dennis Hopper, falecido no ano passado. A história comove, mas nem por isso podemos dizer que ela seja triste. Essa é a missão de Annabel, personagem da sensacional Mia Wasikowska. Mostrar que não existe apenas tristeza na morte, o importante é encará-la como o processo natural que espera todos os seres humanos. 

“Inquietos” é um filme brilhante, com excelente roteiro, fotografia, trilha sonora e um figurino muito charmoso. Gus Van Sant acerta em cheio mais uma vez. O diretor de “Paranoid Park” e “Gênio Indomável” mostra mais uma vez que conhece este universo e consegue contar uma história que emana beleza a cada quadro. Provavelmente, será um dos nomes figurando nas listas para o Oscar em 2012.

Nota: 10

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1


The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 1
(EUA, 2011) De Bill Condon. Com Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner, Billy Burke, Sarah Clarke, Kellan Lutz, Ashley Greene, Jackson Rathborne, Nikki Reed e Peter Facinelli.

Então. Estou pisando em um território complicado para escrever a crítica de “Amanhecer”. Para isso, revi todas as minhas críticas dos filmes anteriores, assisti ao filme duas vezes, li críticas de diversos lugares do mundo e fiz uma análise interna. E agora, escrevendo esse parágrafo de apresentação, estou percebendo que estúpida foi toda essa preparação! Porque, vamos lá, “Amanhecer” não é o melhor filme do ano, muito menos da história do cinema. É claro, bateu recordes de bilheteria, inclusive no Brasil e isso conta muito. A grande maioria esmagadora torceu o nariz para o longa metragem, mas se esqueceu de uma coisa: os fãs. Será que, depois do primeiro “Crepúsculo”, alguém tem alguma pretensão de achar que a Summit Entertainment fez uma “saga” inteira para leigos no assunto? São os fãs que lotaram o cinema – os dos livros e os dos filmes. Esses sim elegeram “Amanhecer” como o filme do ano e como o melhor da saga até agora. Então eu pergunto: adianta criticar “Amanhecer” se ele cumpre tão bem o seu objetivo inicial, entreter os fãs? Sim, adianta. 

Na primeira parte do desfecho da saga, Bella e Edward se casam, uma vez que essa era a condição para que ele a transformasse em vampira. O amigo lobisomem Jacob não aceita a situação e foge, embora retorne logo depois, já que não consegue ficar com raiva de Bella. Os noivos viajam em lua de mel para o Rio de Janeiro, onde vivem tórridos momentos de romance (e outros nem tão tórridos assim). É nessa viagem que Bella acaba grávida, uma possibilidade que nem Edward nem ninguém sabia que era possível. Agora começa uma corrida contra o tempo, uma vez que a coisa no útero de Bella cresce muito rápido e está matando a garota. Enquanto isso, os lobos veem a gravidez como uma ameaça a humanidade e pretendem destruir, seja lá o que for. É nesse momento que Jacob enfrenta a sua matilha para defender Bella, que por sua vez conta com a ajuda da vampira Rosalie para que não machuquem o seu bebê.


Em frente aos outros três filmes anteriores (Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse), a parte 1 de “Amanhecer” é meio parada. A ação só acontece mesmo do meio para o fim, mas isso não chega a comprometer a história, já que colocaram mais carga dramática e romântica na história de Edward e Bella, a gravidez inesperada, a despedida da família e da forma humana, a tristeza de Jacob ao deixar a matilha e tudo o mais. O problema principal por “Amanhecer” não funcionar melhor do que deveria está em um erro que não dá mais para reparar: Kristen Stewart! Por mais sem graça, apática e comum que Stephenie Meyer tenha imaginado Bella Swan, a atriz não poderia ter a deixado pior. É incrível a falta de expressão em momentos como gravidez, primeira vez, enjoos matinais da gravidez e qualquer outra sensação que a personagem experimente.

Robert Pattinson, depois de ter passado por trabalhos diferentes, como “Água para Elefantes”, parece ter encontrado um caminho mais maduro para Edward, embora esteja bem preguiçoso e confortável na posição de ídolo adolescente que não precisa se esforçar mais na composição do personagem. Embora, verdade seja dita, ele mostre perfeição nas falas em que Edward se comunica em português. Decorar ajuda, mas o português é uma língua difícil.

 Taylor Lautner, que ganhou  mais de destaque nesta primeira parte, mostra que está no caminho certo, mas precisa melhorar mais na atuação. Aliás, espectadores foram forçados a prestar atenção na atuação de Lautner, uma vez que Jacob Black só tira a camisa uma (01) vez no filme todo! Recorde absoluto para a franquia. Diante disso, é o elenco de apoio quem consegue tirar bons momentos do filme, com piadas, comentários engraçados e atitudes inusitadas, como o discurso do pai de Bella, Charlie Swan, no casamento da filha. 

Com um orçamento de US$ 127 milhões (MILHÕES!), o que proporcionou uma vinda ao Rio de Janeiro para gravar as cenas da lua de mel, “Amanhecer” deixou um detalhe básico de lado: a continuidade. Stephenie Meyer imaginou um vampiro que brilha no sol, contrariando toda a mitologia existente até hoje, mas, já que ela o criou assim, que assim seja. Então, porque raios em uma das cidades mais ensolaradas do mundo, Edward fica no sol o tempo todo e não emite um raio de luz? A ideia é esdrúxula, claro, mas ué, começou, então termina! 


 O mundo esperava mais de Bill Condon, é verdade. O diretor de “Kinsey” e “Dreamgirls” teve que trabalhar com uma série de exigências, entre elas a de manter cenas de sexo e violência dentro dos limites da classificação indicativa, justamente os elementos que dão mais pimenta ao livro. Porém, com o que tinha nas mãos, fez um filme satisfatório. “Amanhecer” não é o lixo que os críticos dizem que é, mas se mostra um filme água com açúcar demais para uma saga de vampiros e, convenhamos, muita gente não gosta disso. No fim das contas, acaba sendo um filme mais ou menos, com doses de romance e erotismo, um drama entorno de uma gravidez inesperada e uma pitada de ação no confronto com os lobisomens. Para os fãs, funciona claro. Mas podia ser bem mais.

Nota: 6,0 


Amanhecer: post complemento



Reli as minhas críticas de filmes anteriores. Exaltei “Crepúsculo”, que para mim é o melhor filme dos quatro produzidos. “Lua Nova” apresentou os lobisomens e deu certa continuidade ao primeiro. “Eclipse” derrapou sim em algumas coisas, mas não chega a ser tão ruim como eu havia dito aqui. Digo isso porque pode parecer muita contradição eu ter gostado tanto do primeiro filme e as minhas impressões irem decaindo ao longo das produções. Isso se dá porque, ao longo dos anos, a minha própria percepção com relação aos filmes e à escrita cinematográfica mudou. Minha ótica sobre o livro “Crepúsculo”, quando o li a primeira vez, é diferente de quando li “Amanhecer”. Apesar de gostar da leitura, nunca discordei que Stephenie Meyer escreve como uma adolescente. Apesar disso, a aura que ela cria nos personagens funcionou para inebriar esses mesmos adolescentes que ela almeja – coisa que eu mesmo era quando o primeiro livro foi lançado.

Já com os filmes, é diferente. É outra linguagem, mesmo que seja a mesma história. Cada diretor foi único em sua produção e sem dúvida imprimiu sua marca nos filmes. A Summit, de olho no dinheiro que eles iriam trazer, é que forçou a mão enchendo o filme de efeitos e elementos visuais (leia-se Taylor Lautner sem camisa) e esqueceu-se de acertar o roteiro. Confiou demais na legião de fãs e se apoiou na fama de arrasa-quarteirão para entregar histórias que melhoraram na qualidade, mas decaíram no conteúdo. E é assim que percebo a saga: uma saga acomodada em fãs. Claro, o fato de “Amanhecer” ser um tanto mais sem graça que os outros é culpa também do diretor. Embora a principal culpada mesmo seja Stephenie Meyer, que anos depois de escrever “Crepúsculo”, escreveu o desfecho da história de forma simplista, preguiçosa e ruim. Desfecho esse que o público vai esperar um ano para conferir nas telonas.

domingo, 20 de novembro de 2011

4 anos!!!!


Quando eu comecei a escrever este blog, eu utilizava um HTML limitado de uma versão bem antiga do Blogger, atualizado nos computadores gratuitos da faculdade e um banner no topo feito no paint. A evolução das coisas fez muitas mudanças no processo de como os textos são publicados. Blogs ganharam importância nunca antes vista na história da internet e passaram a ser “formadores de opinião” – ou seria “contribuintes” dessa formação? A única coisa que não mudou, claro, foi a paixão pelo cinema e a vontade de escrever. Tudo isso é compartilhado mundo a fora com outros blogueiros que, em quatro anos, também presenciaram mudanças tecnológicas, viram filmes passar num piscar de olhos e, claro, acompanharam a evolução deste que vos fala no desenvolvimento do Cinemarcos.

Por isso, chamei quatro pessoas para falar de tudo isso aí! Cinema, texto, internet, blogs, tecnologia e me ajudar a celebrar o aniversário de uma empreitada que começou há um tempo atrás, no coração e na mente de um calouro de jornalismo.



"Mesmo sendo o avô das redes sociais, os blogs são interativos, informais, pessoais e profissionais - tudo ao mesmo tempo. Como normalmente são feitos a partir de ferramentas simples de elaboração e publicação, os blogs usam a sua simplicidade para valorizar a informação e o debate acima de tudo. Para o blog não importa se há 125 maneiras diferentes de interagir com a página, se há um flash super desenvolvido fazendo a logomarca se movimentar, se há ferramentas em 3D aqui e acolá. Na verdade, poucos blogueiros sequer sabem como essas coisas funcionam. Para a grande maioria, o que importa é o conteúdo e a maneira como esse conteúdo é lido, reapropriado, debatido, comentado, replicado... E acredito que é exatamente isso - informação, debate e troca - que faz com que os blogs sejam ainda hoje uma das ferramentas mais importantes da internet e da forte cultura participativa que estamos vivendo".
Ariane Holzbach - doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e uma das autoras do site Clipestesia.

 "Essa paixão por escrever eu vejo como um aprendizado pra mim. Eu analiso a mim mesmo. Eu me identifico com o que vejo e, para isso, eu acabo refletindo muita coisa em minha vida. Eu gosto de me "encontrar" em histórias que idealizo no telão, é onde me sinto seguro. E falar de cinema sempre foi um hobbie pra mim, desde pequeno. Não vejo como uma obrigação. É um tesão, na realidade. É algo incondicional. Por isso dizem que cinema é magia. A criação do Apimentário foi um projeto pessoal mesmo, pois sempre tive o prazer em refletir abordagens sexuais através da Sétima Arte. Acho interessante a possibilidade de provocar o espectador através de análises sobre filmes temáticos, sensuais e até polêmicos".  
Cristiano Contreiras - jornalista, autor do blog Apimentário.

"Sempre gostei de cinema. Lembro o primeiro filme que assisti em uma telona. Foi O Rei Leão. Agora não me pergunte o ano... Mas foi há cerca de oito anos, em 2003, que eu me tornei um cinéfilo. Daí partir imediatamente para escrever sobre cinema porque me ajudava a fixar mais a minha opinião sobre os filmes. Comecei a ler e me interessar cada vez mais. Em 2005 ingressei pra faculdade de Jornalismo, me formei e hoje sou crítico amador. Vou ao cinema em média duas vezes por semana (em cabines para imprensa e como público) e escrevo sempre que possível, já que o tempo continua cada vez mais escasso. Não reclamo, pois estou em um momento de crescimento profissional e pessoal. Mas sempre que posso dou uma fugidinha para o cinema. E sempre que não posso ir, dou um jeito de assistir a um DVD ou à TV à cabo em casa mesmo. Um fato curioso da minha vida é que eu pedi a minha namorada em namoro durante uma sessão do filme A Vila, do polêmico diretor M. Night Shyamalan. Isso aconteceu há exatamente seis anos, dois meses e quatro dias. Isso rendeu bons frutos e hoje somos casados e ela também adora cinema."
Anderson Siqueira - jornalista, autor do blog Cinestesia 


Ver vários comentários em uma postagem... Acessar o Google Analytics e ver que seu blog é lido até fora do Brasil e que o número de acessos já ultrapassa as seis casas decimais... Receber vários RTs nos links que você twitta... Com tudo isso não falta é motivação em nós blogueiros para postar cada vez mais. Comecei meu "jornal virtual" ainda nos tempos da faculdade e já se vão quase quatro anos falando sobre música gospel, seja analisando CDs e DVDs ou fazendo cobertura de grandes eventos (o que é ainda mais motivador por poder sair da frente do PC e ir onde está a notícia). O reconhecimento é bom, mas o que realmente me motiva é poder desbravar a mata fechada que é o jornalismo gospel, algo ainda muito preso às denominações e que só vive do simples CTRL+C CTRL+V. Ao longo desse tempo, consegui ainda uma equipe sólida e interessada em fazer a diferença assim como eu. É isso que me motiva: minha paixão pela música, a vontade de informar sobre o que está acontecendo e fazer um jornalismo gospel sério. Dificuldades existem, mas poder escrever sobre o que a gente gosta e ainda poder contar com amigos (assim chamo meus colaboradores) é algo que não tem preço e me faz querer acordar, já pular pra frente do PC, digitar www.blogger.com e escrever até não poder mais. Afinal, blogueiro que é blogueiro tem que ser apaixonado pelo que faz.

Rafael Ramos - jornalista, criador e editor do site Gospel no Divã

Com tantas opiniões variadas, faço das palavras dos amigos as minhas palavras. E que venham mais quatro anos!!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Reféns


 Trespass
(EUA, 2011) De Joel Schumacher. Com Nicolas Cage, Nicole Kidman, Cam Gigandet, Liana Liberato, Ben Meldelsohn e Jordana Spiro. 

Joel Schumacher, Nicolas Cage e Nicole Kidman. Cada um, a seu modo, precisa exorcizar os seus demônios. O primeiro é diretor de filmes variados que quase sempre são esquecíveis, apesar do sobrenome forte. Schumacher ganhou um fantasma bem ruim em suas produções depois do desastre que foi “Batman e Robin”, mas geralmente seus filmes têm uma recepção regular do público, como em “Por um Fio”, “O Fantasma da Ópera” e “Número 23”. Já Nicolas e Nicole tem uma história bem parecida: grandes astros de Hollywood, nomes de peso e respeitados em todo o mundo, mas que precisam dar uma reviravolta na carreira prejudicada por más escolhas.  Nicole Kidman até que deu um ‘chega pra lá’ na fase ruim, sendo até indicada ao Oscar recentemente por “Reencontrando a Felicidade”, Já no caso de Cage, a coisa é bem pior. Endividado e cheio de trabalhos medíocres no currículo, o astro veio decaindo ao longo da última década.  “Reféns” não chega a ser a redenção de nenhum deles e também deve entrar no rol de filmes esquecíveis de cada um.


O misterioso Kyle Miller mora numa casa luxuosa com a mulher Sarah e a filha Avery. Numa noite, a casa é invadida por um grupo de assaltantes que vem observando os passos de Kyle durante um tempo e estão em busca de diamantes e dinheiro que estariam escondidos na casa. A família é feita refém, mas as ações de Kyle em negar a entrega dos pertences complica toda a operação. Aos poucos, a natureza do assalto vai se mostrando mais complicada do que um simples roubo, revelando delicadas condições psicológicas não só dos bandidos, mas como da família. A suspeita de que Sarah teria um caso com um dos bandidos só piora tudo e é Kyle quem deve decidir se mantém ou não os seus próprios segredos.


O filme tem uma linha de suspense psicológico que funciona para manter a tensão durante toda a projeção. Os problemas de instabilidade mental e a pressão que os bandidos demonstram estar sofrendo levam a situações inusitadas, por vezes engraçadas, que dão o tom certo da história, fazendo com que esta tenha várias reviravoltas que conseguem surpreender o espectador em alguns momentos. Mas a fraqueza do roteiro, na insistência de querer fugir do óbvio, acaba dando mais consistência a ele e o filme se perde. Por exemplo: o marido traído que desconfia da sua esposa, mas acredita nela embora minta para salvá-la da situação; a quadrilha de bandidos formada pelo líder destemido, um brutamontes impaciente e sanguinário, um espertinho e uma mulher descontrolada. Perfis variados, mas todos previsíveis. Nesse caso, apelar para o óbvio traz bons resultados quando esses personagens acabam por tornar a trama divertida e não deixar o filme cair na monotonia. Porém, em outros aspectos, a falta de coerência típica desse gênero acaba atrapalhando.O clímax também é interessante, apesar da forma como o longa acaba, sem mais explicações.
 
Nicole Kidman e Nicolas Cage, apesar da boa forma, já estiveram melhores. As atuações são corretas, mas o casal não tem muita sintonia. Já Liana Liberato, a jovem atriz de quem já falei aqui, e Cam Gigandet, são dois destaques do filme, mostrando que estão no caminho certo de grandes projetos – afinal, trabalhar com esses dois protagonistas e segurar a onda ainda é muito importante. Quanto a Joel Schumacher, fez mais um filme sensacionalmente esquecível, um grande candidato às noites do Supercine.

Nota: 6,5

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Preço do Amanhã


In Time (EUA, 2011)
De Andrew Niccol. Com Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Olivia Wilde e Cillian Murphy.

Justin Timberlake resolveu mesmo investir na carreira de ator e Hollywood comprou o barulho dele. Depois de “Amizade Colorida” e “Professora Sem Classe”, ele desembarca no Brasil com um terceiro título, o futurista “O Preço do Amanhã”, em que estrela ao lado de outra atriz em ascensão, Amanda Seyfried. Ambos lindos e atraentes já que é nisso que o filme se baseia: um futuro onde a moeda de troca é o tempo e todos envelhecem lindos, gostosos e estonteantes. 

Então, nesse futuro onde a moeda de troca é o tempo e todos envelhecem lindos, gostosos e estonteantes, os jovens crescem normalmente até os 25 anos e depois o tempo começa a retroceder. Para garantir sua sobrevivência por mais tempo, os seres humanos precisam arranjar mais tempo, seja trabalhando, trocando, compartilhando ou mesmo roubando. O tempo compra e paga tudo. Quando perde a sua mãe, o jovem Will Sallas esbarra em um estranho no bar que, cansado de viver, entrega pra ele 100 mil anos de uma vez. Will começa a ser procurado como ladrão e se envolve com a filha de um magnata. Ambos começam uma corrida contra o tempo – sem trocadilhos – para provarem que Will é inocente e tentar escapar do agente do tempo Raymond Leon.

O mundo criado pelo diretor Andrew Niccol, que também roteiriza o filme, até que é bastante sedutor, mas não há elementos que o tornem crível, ainda mais com algo tão relativo como o tempo. A história é fraca, com diálogos razoáveis, mas consegue prender o espectador por conta do desempenho do próprio Timberlake, que está lá pra isso.  Uma pitada de drama que vem por conta da desigualdade em que o mundo se tornou, com ricos e pobres separados por zonas e a trama se torna um pouco mais consistente. Mas o que estraga é justamente esse excesso de coisas que tentam colocar goela abaixo do espectador, como, por exemplo, Justin ser filho de Olivia Wilde! 

Nota: 6,0