segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Relembrando 2010

Fim de ano se aproximando e todo mundo faz lista. De preferência, das do tipo “As 10+”, fortalecidas pelo fim do primeiro ano “10” do terceiro milênio. No cinema não podia ser diferente e o que tem de lista dizendo quais foram os 10 melhores filmes do ano não é brincadeira. Praticamente tudo o quanto é mídia especializada está fazendo a sua, e como a minha ficaria repetitiva mesmo (“A Origem”, “Tropa 2”, “A Rede Social” e um monte de outros que todo mundo apontou), achei melhor relembrar o que o mundo do cinema viu de importante em 2010. Foi muita coisa, então nem ia caber aqui tudo, mas vamos lá, tentar fazer a retrospectiva da sétima arte em 2010.

O Fenômeno “Avatar”

O filme de James Cameron foi lançado no fim de 2009, com uma altíssima expectativa, que se confirmou em 2010 como o maior sucesso de bilheteria de todos os tempos. “Avatar” faturou nada menos do que US$ 2.779.551.867,00, se tornando o filme de maior bilheteria de todos os tempos, marca que não deve ser atingida tão cedo. Claro que o filme teve a ajuda dos cinemas 3D, com ingresso mais caro, mas mesmo assim, o feito é impressionante e digno de honra para Cameron, que bateu o próprio recorde que era de “Titanic”.

O Fenômeno “Guerra ao Terror”

Se o público mundial abraçou “Avatar” como o maior sucesso do cinema, os críticos norte-americanos mostraram que nem só de bilhões de dólares vive a indústria. Sendo lançado aos 45 do segundo tempo (chegou a ser vendido direto em DVD no Brasil), “Guerra ao Terror”, um filme de modestos US$ 15 milhões, faturou quase todos os prêmios de melhor filme, inclusive o Oscar, derrotando o longa de James Cameron, consagrando os nomes de Jeremy Renner e Kathryn Bigelow e deixando o mundo boquiaberto. E olha que foi Cameron, ex-marido de Kathryn, que a aconselhou a dirigir o filme. Ela ainda se tornou a primeira mulher a ganhar o Oscar de direção, quebrando um tabu de mais de 80 anos. Foi a verdadeira vitória de Davi contra Golias.

O Fenômeno “Tropa de Elite 2”

Tá, esse é o último fenômeno da lista, mas merece destaque assim também porque o Brasil também teve o seu “Avatar”. “Tropa de Elite 2” quebrou todos os recordes do cinema nacional, mostrando a segunda parte da história do maior herói nacional das telonas. Foi a maior bilheteria de 2010 no Brasil – passando “Avatar”, o filme mais visto da chamada Retomada do cinema brasileiro, derrotando “Se Eu Fosse Você 2”, para a glória de Deus (\o/), a sequência mais vista em terras tupiniquins e, fechando com chave de ouro, o filme mais visto do cinema nacional, ultrapassando “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de 1976. Coronel Nascimento terminou o ano de alma lavada.

Cinema espírita

O espiritismo invadiu as telas nacionais com três longas diferentes, mas iguais. O primeiro a chegar até nós foi a cinebiografia de “Chico Xavier”, dirigida por Daniel Filho. A resposta do público foi imediata já que Chico Xavier tinha um apelo popular muito grande, mesmo para os não espíritas, por sua bondade e tranquilidade. O segundo da safra foi “Nosso Lar”, adaptação do livro mais vendido do autor, psicografado por ele e ditado pelo espírito de André Luiz, protagonista da trama. Os efeitos especiais chamaram a atenção e o filme também foi sucesso de público. O terceiro, e bem menos visto, foi o documentário “As Cartas Psicografadas de Chico Xavier”, que decepcionou a crítica e não teve a mesma sorte de seus antecessores.

Futuros Heróis

2010 presenciou o retorno do Homem de Ferro, mostrando que o personagem ainda tem muito a oferecer. “Homem de Ferro 2” não só nos deu um pouco mais da personalidade de Tony Stark, como apresentou personagens que serão fundamentais para a nova saga da Marvel, “Os Vingadores”, que estreia em 2012. Esse ano, na Comic Con de San Diego, o estúdio apresentou o time: Scarlett Johanson (Viúva Negra), Robert Downey Jr. (Homem de Ferro), Chris Hermsworth (Thor), Chris Evans (Capitão América), Jeremy Renner (Falcão Negro) e Mark Rufallo (substituindo Edward Norton como Hulk). Samuel L. Jackson e Clark Gregg também estão confirmados no filme que será dirigido por Joss Whedon (“Buffy, A Caça Vampiros”).

A Sony anunciou o nome que deverá ser o rosto do novo Peter Parker, o (até então) desconhecido Andrew Garfield. Foi um alívio e tanto para os fãs do Cabeça de Teia ver a interpretação de Garfield em “A Rede Social”, que promete ser indicada ao Oscar. Emma Stone também teve aprovação dos fãs como Gwen Stacy, assim como o diretor Marc Webb. Pelo menos, por enquanto não teve muito barulho.

A DC Comics e a Warner contra-atacaram anunciando as novas produções de “Batman” e “Superman”. O primeiro terá Christopher Nolan mais uma vez, comandando “The Dark Knight Rises”, o último filme do Batman, pelo menos sob a sua batuta. Nolan deve voltar ainda como consultor de “The Man of Steel”, a tão esperada sequência (ou não) do decepcionante “Superman – O Retorno”, que será dirigida por ninguém menos do que Zack Snyder, de “300” e “Watchmen”.

Mulheres do ano

Papéis fortes femininos se destacaram no cinema. No começo do ano vimos Gabourey Sidibe e Mo’Nique laureadas pelas atuações em “Preciosa”. O ano, inegavelmente, foi de Sandra Bullock, que viveu o inferno e o paraíso astral no início de 2010. Ela passou por um escândalo e consequente separação do marido e levou o prêmio de pior atriz de 2009 (merecidamente, diga-se de passagem) por “Maluca Paixão”. Mas deu a volta por cima ao aparecer glamourosa em quase todas as premiações positivas por suas atuações em “Um Sonho Possível” (Oscar) e “A Proposta”. Tudo isso sorrindo muito ao lado do filho adotivo. Palmas. Com o fim do ano, um novo nome poderoso se confirma – e deve se gritado aos quatro ventos no começo de 2011: Natalie Portman em sua atuação elogiadíssima em “Cisne Negro”. Fiquemos de olho.

Xuxa? Didi?

Graças ao bom Deus fechamos 2010 quase sem aparições dos dois nos cinemas, à exceção de “O Mistério de Feiurinha”, resquício de 2009, que foi embora tão cedo chegou. Próximo.

Vampiros X Bruxos

A terceira parte da Saga Crepúsculo chegou aos cinemas, levando fãs às filas e lotando as salas. “Eclipse” deu um tom mais sombrio à trama, e chega a ser melhor que os anteriores, mas ainda assim é um reflexo da trama fraca escrita por Stephenie Meyer (sim, a culpa é dela). O maior erro foi substituir Rachelle Lefevre por Bryce Dallas Howard, completamente perdida no meio da história. Pra apimentar o embate entre fãs de Crepúsculo VS. Fãs de Harry Potter, o primeiro filme da última parte da saga do bruxo dá um banho nos vampiros. “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” traz o amadurecimento final dos seus personagens e da trama em si, começando a concluir os eventos que se arrastaram por mais de dez anos nos cinemas. Já é a maior franquia do cinema, algo que os vampiros e lobisomens de Stephenie não vão sentir nem o cheiro.

Argentina

A rivalidade Brasil X Argentina nos esportes, na política externa, na culinária, entre outros setores já encheu o saco, mas é legítima. No que diz respeito ao cinema, é bom os brasileiros saírem de fininho. Mesmo sem grandes sucessos de bilheteria, como “Tropa 2”, por exemplo, a Argentina lançou por aqui dois dos melhores filmes do ano, dramas consistentes e palatáveis. O primeiro foi “O Segredo de Seus Olhos”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, surpresa do ano. O segundo, o candidato da Argentina ao Oscar 2011, “Abutres”. Ambos com Ricardo Darín, maior ator do cinema da Argentina e um dos melhores da América Latina.

Teens no cinema

Pra fazer uma mea culpa com os brasileiros agora, temos que exaltar o cinema nacional, que parou de engatinhar e agora está dando passos sozinho, mesmo que com alguns tropeços. E alguns sucessos veio de onde menos se esperava. Se falássemos de adolescentes no cinema nacional há pouco tempo atrás, íamos ver algo do tipo “Xuxa Popstar” ou o (blurp!) “High School Musical – O Desafio”. Mas foram eles que deram o que falar neste ano com os excelentes “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky, “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck, e “Os Famosos e os Duendes da Morte”, de Esmir Filho. Em 2011, mais um da safra deve chegar às telas, “Desenrola – O Filme”, que tem um clima mais “Malhação”, mas talvez siga a cartilha.

Christopher Nolan e “A Origem”

Assim que terminou “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, Christopher Nolan começou a trabalhar no seu novo projeto, que era descrito apenas como um épico de ação arquitetado dentro da mente. Só isso. Sem mais detalhes, já que o diretor fez o favor de esconder todo o jogo até meses antes da estreia no cinema. Todo o suspense valeu a pena, já que “A Origem” se mostrou mais um dos jogos “reviravoltosos” (ui!) do diretor e entregou brilhantes atuações de Leonardo DiCaprio e Marion Cotillard. Nem todo mundo entendeu muito bem a história, muita gente ficou pensando por horas a fio no contexto do filme que precisou ser visto mais de uma vez até por mim. Essa obra arquitetada por Nolan pode render frutos ao diretor, já que o filme é cotado pro Oscar.

Animações

Pixar. De novo. Quando ninguém mais achava possível que o estúdio iria trazer uma aventura tocante aos corações de crianças e adultos, eles fazem isso. O problema é que os principais espectadores de “Toy Story 3” são as crianças crescidas que assistiram a “Toy Story 1”! Ou seja, ao ver o Andy crescido, todo mundo se encaixou no personagem e o berreiro começou. Golpe baixo da Pixar que pode ter feito a sua melhor animação desde o princípio do estúdio. Mas nem só de Pixar viveu 2010. Aliás, é bom John Lasseter se cuidar, a Dreamworks tá chegando lá. A prova disso é “Como Treinar Seu Dragão”, filme que diverte mais traz incríveis lições de moral, coragem e superação, além de ser tecnicamente competente. Se por um lado a Dreamworks acerta, por outro ela encerra a franquia que a levou ao patamar da Pixar. “Shrek Para Sempre” não traz o brilho do original, mas pelo menos é melhor do que o terceiro e encerra a saga do ogro verde de uma forma digna. Correndo por fora, “Meu Malvado Favorito” e “Megamente” também divertiram um bocado. Alguém sente falta de animações em 2D, quadro a quadro?

As graphic novels que foram mas não foram

Eu cheguei a escrever sobre os candidatos a filmes mais “cool” do ano, as adaptações de três graphic novels, “The Losers”, “Kick-Ass” e “Scott Pilgrim contra o Mundo”. Pois bem, “Kick-Ass” foi elogiado pela crítica, abraçado com muito carinho pelos fãs, mas ignorado pelo público geral. Desastre de bilheteria, perto do que se esperava. E olha que tinha uma das melhores personagens do ano, a Hit Girl! Pois bem, se “Kick-Ass” teve um fraco desempenho, “Scott Pilgrim” teve destino de semelhante a pior. Depois de pressão dos fãs, a Paramount lançou o filme – em salas limitadas, só em São Paulo, ou seja, o melhor filme que ninguém viu. Portanto, os fãs recorreram à internet pra ver um dos melhores do ano. Pior destino teve “The Losers”, lançado direto em DVD no Brasil e nem sequer mencionado por muitos lugares. Fiasco.

O resto vocês sabem né, “A Rede Social” talvez seja o melhor filme do ano, talvez não, mas todo mundo adorou ver; Outro que todos adoraram ver foi “Alice no País das Maravilhas”, talvez o maior surto psicótico de Tim Burton numa viagem de metanfetaminas visuais; Os independentes “Winter’s Bone” e “Minhas Mães e Meu Pai” chamam a atenção do mundo, assim como o tailandês “Uncle Boonme”; Sofia Coppola ganhou o Leão de Ouro em Veneza por “Somewhere”, na maior marmelada do ano – ela é ex-namorada do presidente do Júri, Quentin Tarantino; Woody Allen perdeu a força? Talvez, mas “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” é delicioso de assistir; “Atividade Paranormal 2” é melhor que o primeiro. Próximo; Stallone fez um comentário sobre as filmagens de “Os Mercenários” que o fez inimigo número 1 dos brasileiros. Mesmo assim, todo mundo foi assistir o filme; Vin Diesel, Gerard Butler, Paris Hilton, Robert Pattinson e Kristen Stewart estiveram no Brasil; Depois da lenga-lenga, Tom Cruise volta em “Missão Impossível 4”; Charlie Sheen e Mel Gibson foram acusados de agressão; “Money Never Sleeps” talvez nunca devesse ser feito; Peter Jackson assumiu a direção de “O Hobbit”, após a saída de Guillermo Del Toro, e anunciou um monte de gente no elenco; “Lula – O Filho do Brasil” é escolhido como representante do País no Oscar, uma das maiores atitudes cara-de-pau do cinema. Coitado, não tem a mínima chance; Sandra Bullock e Scarlett Johanson se beijam no MTV Movie Awards...

Nossa, muito mais coisa aconteceu, mas olha o tamanho desse trem? Gigante! Ah, falando nisso, o Cinemarcos foi escolhido o blog do mês da rádio Paradiso, com direito a aparição e tudo na rádio, e também participou do prêmio Top Blog 2010. Não foi dessa vez, mas ano que vem a gente tenta de novo. E eu realizei mais um curta-metragem, “Palácios da Cidade – Os Cinemas de Rua do Rio de Janeiro”, ao lado de quatro grandes amigos meus. Ano que vem tem mais um bando de coisas, é bom se preparar, porque o cinema nunca dorme.


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