domingo, 23 de maio de 2010

Fúria de Titãs

Clash of the Titans
(EUA, 2010) De Louis Leterrier. Com Sam Worthington, Gemma Arterton, Liam Neeson, Ralph Fiennes e Mads Mikkelsen.

O "Fúria de Titãs" original, dos anos 1980, deixou aquela aura de saudosismo em todos aqueles que curtiam aqueles filmes do gênero, que tinham efeitos especiais aos montes. Hoje, filmes dessa época chegam a provocar algumas risadas, já que o aprimoramento dos efeitos visuais digitais é infinitamente superior. Filme como "Viagens de Gulliver", "20 mil Léguas Submarinas" e até os "King Kongs", tanto o de 1933 como o de 1977, são lembrados hoje pelos seus efeitos mais "toscos", digamos assim. Porém, o que antes havia e que agora parece ter se perdido, é o trabalho de dedicação de toda a equipe de produção em fazer uma história coerente, já que os efeitos da época não estavam tão evoluídos. É o que falta no remake de "Fúria de Titãs". Uma vez que os elementos digitais se apresentam de uma forma espetacular, parece que a preocupação com a história ficou para segundo plano, deixando prevalecer apenas o senso de entretenimento.

Na Grécia Antiga, Perseu, semideus filho de Zeus com uma humana, teve a família adotiva morta por Hades, deus do submundo. Com isso ele contrai uma sede de vingança insaciável e vê a oportunidade de revidar a morte dos pais, entrando na guerra entre homens e deuses. Os homens começaram a se rebelar contra a superioridade das divindades. Zeus, então, convencido por Hades, lhe dá carta branca para destruir a humanidade, o que vai começar em 10 dias, com a soltura do Kraken, o monstro invencível dos mares. Hades então faz um acordo com os homens. O monstro só será detido caso a população da ilha de Argos entregue a princesa Andrômeda como sacrifício. Para evitar tudo isso, Perseu se oferece para deter a criatura, partindo em uma jornada com os principais guerreiros gregos e Io, sua protetora secreta desde o nascimento. Eles entram em uma jornada onde eles encontram desde escorpiões gigantes até a temível Medusa.



"Fúria de Titãs" é puro entretenimento. Ponto. A expectativa em torno do filme só fez confirmar mesmo o seu sucesso de bilheteria, por conta dos magníficos efeitos especiais. As criaturas são mostradas com tanta perfeição, que chegamos a acreditar que elas são mesmo reais. Porém não basta apenas mostrar bem uma história. A história precisa ser boa. O problema com o filme é que nada tem muita profunididade e Perseu parece que está numa jornada sem sentido e vazia. Nem mesmo o pseudo-romance entre o herói e a sua protetora Io dá uma engatada, deixando toda a atuação bem feita do filme para as criaturas digitais.


O filme serviu também para mostrar que Sam Worthington veio mesmo para dominar todas as próximas superproduções de Hollywood. Desde que foi revelado ao mundo em "O Exterminador do Futuro - A Salvação" e viu seu nome aliado à James Cameron em "Avatar", a maior bilheteria da história, ele está cada vez mais cogitado para filmes do gênero. Pontos positivos também para Gemma Arterton, que finalmente se sobressaiu em um filme e vai mostrar mais ainda de seu potencial em "Príncipe da Pérsia". Ralph Fiennes também encarna o personagem Hades com firmeza. Porém os atores não salvam o filme de ser mais do mesmo, previsível até a medula, embora deixe o diretor Louis Leterrier orgulhoso de seu trabalho final, um grande brinquedo: divertido, mas facilmente esquecível.

Nota: 6,0

-Sabe há quanto tempo não vem um desses por aqui?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Preço da Traição

Chloe
(Canadá, 2009) De Atom Egoyan. Com Julianne Moore, Amanda Seyfried e Liam Neeson.

Parece que Amanda Seyfried está no auge de sua carreira. Depois de despontar para o estrelato em "Mamma Mia!", ela já esteve em diversas produções. Ano passado foi a mocinha de "Garota Infernal" e só agora, no Brasil, nada menos do que três filmes em cartaz levam o seu nome. "Querido John", de Lasse Halstrom e "Cartas para Julieta", ainda inédito, mas que deve estrear logo, são os filmes em que ela é a romântica da vez. Mas, de todos esses, pode-se dizer sem sobra de dúvida, que seu maior desafio até agora foi "O Preço da Traição", onde nem de longe ela lembra as mocinhas indefesas que interpretou até agora.

Catherine Stewart (Julianne Moore) é uma ginecologista que desconfia que seu marido, o professor David, tem um caso fora do casamento. Para tirar a prova, ela decide contratar Chloe, uma prostituta que conhece por acaso em um banheiro de hotel. O papel de Chloe, a princípio, é apenas se insinuar para o marido e checar a sua reação. Porém, o jogo começa a ficar cada vez mais complicado e até Catherine se envolve profundamente com Chloe. Quando ela pede que a prostituta se afaste do marido, é aí que Chloe se infiltra mais ainda na família de Catherine, o que pode levar a uma série de desastrosas consequências.

"O Preço da Traição" é um daqueles filmes que enganam você. Quando você acha que a história é simplesmente um caso extra-conjugal do marido, o filme te leva para um outro caminho completamente diferente. Ela envereda pelos sentimentos sombrios da prostituta de luxo Chloe, que não poderia ser melhor interpretada por Seyfried. Um desafio e tanto para uma atriz em ascenção. E o que dizer então do papel igualmente desafiador de Julianne Moore, que mostra toda a sua maturidade, tanto na idade quanto na interpretação. Sua personagem é uma mulher na meia-idade que começa a questionar a sua existência e o seu casamento. Seu envolvimento com Chloe tenta, ao mesmo tempo, salvar o seu casamento e resgatar um pouco da sua própria juventude.


O filme choca um pouco por falar de sexo tão abertamente, mesmo sem cenas explícitas. Com exceção de uma cena de sexo lésbico entre as protagonistas femininas (que chocou os desavisados!), tudo fica em uma insinuação debochada, o que faz o filme ficar mais bonito de ser assistir. Pena que do meio para o final ele caia na obviedade com um final previsível. Pena também que Liam Neeson pareça o único ali que não faria falta, se houvesse outro ator qualquer em se lugar. Seu talento deve ter ficado engavetado para ser todo ele usado nas gravações de "Esquadrão Classe A". O saldo é positivo, mas o filme me lembra muito as sessões do Supercine, da Rede Globo. Sabe, quando o filme é bom demais para passar despercebido, mas não o bastante para estar na Tela Quente? É assim. Bom, mas não o bastante.

E que venham mais filmes com Amanda Seyfried. Afinal, Chapeuzinho Vermelho vem aí...

Nota: 8,0

terça-feira, 18 de maio de 2010

Robin Hood

Robin Hood
(EUA, 2010) De Ridley Scott. Com Russel Crowe, Cate Blanchett, William Hurt, Marc Strong, Danny Huston, Kevin Durand e Max Von Sydow.

De uma certa forma, todos conhecemos a história de Robin Hood. Sabemos que ele é o Príncipe dos Ladrões, que rouba dos ricos para dar aos pobres e que vive na floresta de Sherwood junto com os seus bandoleiros, lutando contra a maldade e desigualdade do governo do Rei John. Pois não é bem isso que Ridley Scott achou que deveria ser contado. Ele resolveu contar em seu filme como foi que Robin chegou a esse ponto, vivendo como um fora-da-lei e como ele se tornou o rebelde-herói dos mais pobres. Antes disso ele foi um guerreiro do exército do rei Ricardo Coração-de-Leão e lutou para libertar a Inglaterra das garras da França, durante as Cruzadas. É esse começo que vemos nas telas, de uma forma até bem contada, mas desgastante pelo fato de ser muito pouco do mito que estamos acostumados a ver.

O reinado do rei Ricardo deixou a Inglaterra falida por contas de guerras e das Cruzadas. Apesar disso, o rei é uma figura admirada por causa de suas conquistas. Numa luta contra o exército francês, o rei morre, passando a coroa para seu irmão, o desleixado príncipe John. O soldado Robin Longstride assume a missão de entregar a coroa do rei Ricardo e a espada de Robert Loxley, um guerreiro morto em combate, ao pai dele. Nesse meio tempo, o agora Rei John nomeia Sir Godofrey como conselheiro real, mas nem desconfia de que ele é um traidor informante do governo francês, que está prestes a armar uma invasão à Inglaterra. Enquanto isso, Robin assume o lugar de Robert na casa dos Loxley a pedido do pai do guerreiro, inclusive como esposo de Lady Marion, por quem ele se apaixona. Ao começar a se envolver na família e perceber a crueldade do reino de John e uma iminente invasão a terras inglesas, Robin decide que é hora de ele agir em prol da liberdade do povo, junto com seus três amigos de batalha, Little John, Allan A'Dayle e Will Scarlet, além de William Marshall, ex-conselheiro real que parece ser o mais honesto dos barões da Inglaterra.

O problema com "Robin Hood" é o filme ser um tanto quanto monótono. É uma ótima ferramenta para se contar a história do bandoleiro, que é difundida desde meados nos anos 1300! Mas o que era para ser um grande épico acaba se tornando um filme sem graça. Dá aquela impressão de que eles gastaram um dinheirão pra fazer um filme mediano, que fica dentro do patamar de longas como "Percy Jackson e o Ladrão de Raios" ou os dois primeiros "Harry Potter". Ou seja, uma aventura adolescente com um elenco estrelar e direção de primeira. Não vemos grandes ações, sofrimentos constantes ou uma trama mais complexa, como estamos acostumados em filmes de Ridley Scott (com ou sem Russell Crowe).


Nem por isso o filme é ruim. Com uma produção de primeira de figurinos, cenários e maquiagem, dá pra ver que o esforço foi grande para contar essa história. A reconstrução da época é muito boa também. Os atores se esforçam nos seus papeis e brilham cada um a seu momento, como o protagonista Crowe a Cate Blanchett, linda no papel de Marion, mas bem diferente das mulheres mais fortes que estamos acostumados. Não que Marion seja fraca, mas ela é um tanto apagada na sociedade montada dentro do filme. Alguns trechos nos lembram "Elizabeth", mas outros lembram "O Dom da Premonição" (?!).


Quem se destaca mesmo é Max Von Sydow, que mesmo do alto de seus 81 anos, continua com papeis de destaque em produções grandes de Hollywood, como no recente "Ilha do Medo". Apesar das críticas, "Robin Hood" deixa sim um gosto de quero mais, para que possamos ver, enfim, toda a ação do personagem em sua forma que estamos acostumados a ver: roubando dos ricos e dando aos pobres. Me lembrou o desenho que eu assistia quando criança, "As Aventuras de Robin Hood", onde parecia que o herói só era seguido porque era bem desenhado. Nesse caso, só Russell Crowe seguraria uma sequência? Será que pensariam em uma sequência pra um filme desses? Se foi um caos para produzir o primeiro, com greves de atores, mudanças de títulos, de roteiros e um estúdio implorando para reduzir o orçamento (com possiveis rusgas entre Crowe e Scott), produzir o segundo seria uma saga digna de Robin Hood.

Ah, e nem mencionei "Gladiador"!



Nota: 6,5

terça-feira, 11 de maio de 2010

A Hora do Pesadelo - 2010

A Nightmare on Elm Street
(EUA, 2010) De Samuel Bayer. Com Jackie Earle Haley, Rooney Mara, Kyle Gallner, Katie Cssidy, Kellan Lutz e Thomas Dekker.

Confesso que nunca fui fã da série "A Hora do Pesadelo" nem nunca dei muita bola para Freddy Krueger (sempre preferi o Jason). Mas há o respeito pelo personagem, que se tornou um dos ícones do cinema de terror, além de ter amedrontado geraçõs inteiras, que ficaram com medo de dormir à noite. Porém, se é que Freddy já morreu em algum filme e conseguiu descansar sem sair do túmulo e invadir sonhos, ele não consegue ficar em paz. Há sete anos, vimos o que seria o confronto entre as lendas do terror em "Freddy X Jason". O filme foi muito, mas incrivelmente irregular. Se a ideia era ressucitar Freddy no novo "A Hora do Pesadelo", ou prestar uma homenagem justa, pelo menos não estragaram tudo. Só não acrescentaram nada de novo.

O filme é um remake do "A Hora do Pesadelo" original, de 1984. Alguns jovens do entorno da Rua Elm começam a ser atormentados pelo mesmo pesadelo, onde um homem queimado, com um blusão listrado, chega para matá-los. É quando os sonhos começam a se tornar reais e os jovens são mesmo assassinados pela criatura enquanto dormem. Quem começa a desvendar o mistério por trás da morte dos jovens é Nancy, uma adolescente deslocada que trabalha de garçonete nos fins de semana, e Quentin, que tem uma paixão secreta por Nancy. São eles quem descobrem quem é Freddy Kruger, o homem que assombra seus pesadelos e que foi assassinado pelos pais dos jovens quando eles descobriram que Freddy abusava de seus filhos. Os dois precisam lutar contra o tempo e o cansaço para descobrir como deter Freddy. Só não podem dormir, ou ele os aprisiona na própria mente.



Como filme, o novo "A Hora do Pesadelo" é um filme regular. Cumpre seu papel de reintroduzir Freddy na sociedade contemporânea, mas não acrescenta nada de novo. Nem as mortes são lá essas coisas, funcionando mesmo como uma grande desculpa para ter banhos sangrentos no filme. Quem se destaca mesmo é o excelente Jackie Earle Haley, que incorpora o espírito de Freddy (o queimado e o humano), ainda que não seja tão bom no papel quanto o foi Robert Englund, o Krueger original. Mesmo assim, o filme é ok. E eu não gosto quando isso acontece porque não se tem o que dizer dele. Sem elogios, sem críticas. Não é bom, nem ruim. É um filme.

Nota: 6

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Novas Imagens de Tron Legacy

A Disney divulgou nada menos do que 29 novas imagens do filme "Tron - O Legado", sequência do filme de 1982, dirigido por Joseph Kosinski (“Fuga do Século 23“). As imagens você confere clicando aqui.

Na nova aventura cibernética veremos o filho de Kevin Flynn, o jovem técnico de informática Sam Flynn, investigando o desaparecimento de seu pai e indo parar no mesmo mundo onde seu Kevin já vive há 25 anos. Kevin foi o personagem protagonista da trama dos anos 1980.

sábado, 8 de maio de 2010

Segurança Nacional


Segurança Nacional / S.O.S. Brasil
(Brasil, 2010) De Roberto Carminati. Com Thiago Lacerda, Milton Gonçalves, Ângela Vieira, Viviane Victoretti, Gracindo Jr., Joaquín Cosio, Aílton Graça e Sônia Lima.

"Segurança Nacional" tem os seus pontos fortes. É um filme completamente nacionalista e ufanista e são poucos os filmes assim no nosso país. Acho que o último assim foi "Policarpo Quaresma". Afinal, vemos em filmes americanos a bandeira deles ostentada a torto e à direito e seus soldados mostrados como bravos heróis de guerra. O problema com o filme é levar esse ufanismo faltante no cotidiano do brasileiro e elevar à enésima potência, fazendo um filme tosco e completamente desconjuntado, tanto que dá vontade de rir.

No filme, Thiago Lacerda é Marcos, um agente da ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência - que existe mesmo - que investiga pontos de entrada de drogas de países como a Colômbia nas fronteiras amazônicas. Para isso, a ABIN inventou o SIVAM, o Sistema de Vigilância da Amazônia, que funciona como um radar do narcotráfico. Quem não está contente com isso é Hector Gasca, chefe de um cartel colombiano que ataca o Brasil de todas as formas que ele conhece: sequestrando políticos, atacando militares e, por último mas não menos importante, lançando duas bombas atômicas. Quem frustra esses planos todos é o agente Marcos, que com o apoio da diretora da ABIN, Gloria, e do presidente da República Ernesto Dantas, comanda o Exército e a Força Aérea na luta para acabar com o tráfico. Quando Gasca decide explodir uma bomba atômica no meio de Florianópolis, e sequestra a namorada de Marcos, Fernanda, que, pasmen!, é filha da Dra. Gloria mas que ele não sabia, é Marcos quem tem que resolver o problema, tendo consigo o apoio das invencíveis Forças Armadas Brasileiras.

O filme parece ter sido roteirizado por algum agente do Ministério da Defesa, porque ele está muito mais focado em mostrar o trabalho do exército do que em criar um filme de ação. Mesmo quando essas cenas de ação acontecem, à lá Hollywood, elas não tem nenhum tipo de adrenalina e não prendem o espectador. Sem falar que os traficantes colombianos são bem fraquinhos e o Exército, aparentemente pode resolver tudo. Principalmente o agente interpretado por Thiago Lacerda, que parece ter sido uma mistura de Jack Bauer com alguém do seriado "Força-Tarefa" (que por sinal, é melhor que esse filme).

E eis que no meio do caminho está uma trama piegas do romance de Marcos e Fernanda (embalada pela trilha sonora brega com músicas cantadas por Marina Elali). Os dois formam o casal mais sem graça do cinema nacional em décadas. O elenco é fraco. Milton Gonçalves nao convence como presidente, apesar de eu achar que esse grande ator merecia o papel de presidente uma vez na vida, assim como Morgan Freeman em "Impacto Profundo". Quem salva mesmo no quesito atuação é Ângela Vieira, que parece ser a mais à vontade no papel e, vejam só, Sônia Lima, em participação especial, também faz bonito.


No mais, o que vemos são bandeiras tremulando, um espetáculo verde-amarelo com direito a hino nacional e tudo e um roteiro formal demais para a nossa linguagem tipicamente brasileira. Ninguém fala daquele jeito na vida real, mesmo que em termos oficiais do exército. "Segurança Nacional" é bem produzido, tem um visual bacana, e merece ser no mínimo reconhecido por conseguir colocar tantos aviões oficiais em operação num filme nacional. Só que peca pelo excesso. Fica a lição para os próximos filmes: mais ação, menos propaganda.

PS: Se você fosse um narcotraficante colombiano, fulo da vida com o Governo Brasileiro, de posse de uma bomba atômica, e resolvesse dizimar uma grande cidade do nosso país, qual delas você destruiria?

a) Rio de Janeiro
b) Brasília
c) São Paulo
d) Florianópolis

Fala sério, nada contra Florianópolis, mas se é pra chamar a atenção, tem outras cidades pra destruir.

Nota: 5,0

quarta-feira, 5 de maio de 2010

"X-Men: First Class" - A novela

Um grande estúdio procurando o substituto ideal para uma franquia de sucesso. Um homem cujos trabalhos anteriores foram bem recebidos. O estúdio quer o homem. O homem rejeita o estúdio. Mas eis que uma luz dentro dele faz com que o homem mude a sua decisão. E eis que temos um novo diretor para um novo filme dos X-Men! Não perca a nova novela das sete, num cinema perto de você... em 2011!

Na boa, tá parecendo mesmo coisa de novela esse corre-corre por diretores e adaptações. Depois de vermos os burburinhos por causa de "Thor", "Lanterna Verde", "Homem-Aranha" e "Capitão América", foi a vez do tão falado "X-Men: First Class" ganhar a mídia especializada na batalha por um diretor. E olha que foi relativamente rápido o acerto de contas. Vamos resumir.

Matthew Vaughn, diretor de "Stardust" e em alta por causa de "Kick-Ass - Quebrando tudo", ainda inédito no Brasil, era o nome mais cotado para dirigir "X-Men: O Confronto Final", isso no longínquo 2007. Ele saiu por medo da perda do controle que iria ter sobre a obra, então a Fox, detentora dos direitos de adaptação dos "X-Men", contratou o diretor Brett Ratner. Foi aquilo que a gente viu nas telas, no fim da trilogia, uma confusão sem precedentes.

Mas pelo visto as relações de Vaughn com a Marvel continuaram amigáveis, já que ele continuou como escolha para dirigir aquele que poderia ser uma nova vertente para os mutantes no cinema, a geração "First Class", comentada desde o final de "X-Men Origens: Wolverine", onde todos eles fazem uma ponta. Não é que Vaughn recusou gentilmente o pedido, desistindo da direção? Aí começou a busca pelo diretor perfeito para a cadeira. Cogitaram Timur Berkambertov ("O Procurado"), David Slade ("Eclipse") e até Louis Leterrier ("O Incrível Hulk") o novo queridinho da Marvel. Mas por alguma razão que a razão desconhece, Vaughn voltou atrás e assinou contrato com a Fox.

"X-Men: First Class" já saiu com data de estreia e tudo: 3 de junho de 2011. o que quer dizer que temos menos de 13 meses para criar um filme digno dos personagens Xavier, Magneto e da primeira turma de mutantes da escola, como Jean Grey, Anjo, Tempestade, entre outros. Tomara que Matthew Vaughn não esteja pensando que dessa vez ele vai trabalhar sem pressão alguma. O tempo é curto, o dinheiro nem tanto, mas economizar sempre é bom, e os fãs são maníacos.

O que importa é que se essa leva de novos super heróis que estão chegando nos cinemas a partir do ano que vem estão remodelando a forma de pensar dos estúdios. Se há anos atrás Sam Raimi mostrou que podia dar humanidade a seu Peter Parker, agora parece que correr atrás do osso perdido é a principal lei. Tudo bem que no caso de alguns filmes, como é o caso dos da Marvel Studios, isso nem aconteça tanto. Mas e aquelas franquias que ainda estão no poder de outros estúdios poderosos, como Homem-Aranha, X-Men, Batman e Superman?

Enfim, nós pobres mortais não podemos fazer nada contra isso a não ser torcer para que seja feito um filme digno. Afinal de contas, é com o nosso dinheiro que a Fox (com certeza) vai encher a burra. Mas é bom mesmo "First Class" fazer bonito. O dinheiro e a boa crítica decidem se a franquia vinga ou não. Só pra constar, o filme vai pegar pesos-pesados na concorrência: Thor, Capitão América, Lanterna Verde e Harry Potter. É bom usar todo e qualquer poder mutante que esteja disponível no dia.

Um P.S.: Pra quem não tem ideia do que eu acabei de falar, "First Class" vai se basear na primeira turma de mutantes da escola do Professor Charles Xavier e nos primeiros passos da Irmandade, liderada pelo Magneto.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Por trás de "A Origem" e Chris Nolan


Um filme de ficção científica e ação contemporânea ambientada dentro da arquitetura da mente. Complexo, né? Mas essas palavras definem direitinho o novo filme de Christopher Nolan, "A Origem", que chega no país em agosto. Aliás, essa é a única forma de definir o filme, já que tudo em torno dele está sendo mantido no mais absoluto sigilo. Conhecendo o diretor, dá pra ver que vem coisa boa por aí, daquelas que dão voltas e voltas na sua mente antes de se chegar a um sentido plausível.

A sinopse acabou de ser divulgada, ou seja, um pouquinho do mistério começa a ser esclarecido. Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é um habilidoso ladrão, o melhor na perigosa arte da extração, o roubo de segredos valiosos das profundezas do inconsciente durante o sono com sonhos, quando a mente está mais vulnerável. A rara habilidade de Cobb o tornou peça fundamental no traiçoeiro mundo da espionagem industrial, mas também o tornou um fugitivo internacional e ele perdeu tudo o que mais amava. Agora, Cobb tem sua chance de redenção, um último trabalho que pode dar-lhe sua vida de volta se ele conseguir o impossível - inserção. Ao invés do roubo perfeito, Cobb e sua equipe de especialistas têm que obter o inverso: sua tarefa não é roubar uma ideia, mas plantar uma. Se eles conseguirem, terão o crime perfeito. Mas nem todo seu planejamento poderia prepará-los para um perigoso inimigo que parece prever cada movimento da equipe. Um inimigo que apenas Codd consegue enfrentar.

Nolan é o diretor e o roteirista do filme. Isso significa que vamos ter um pouco do que já vimos antes em filmes anteriores seus. Em "Amnésia" (2000), o personagem principal, vivido por Guy Pearce, tenta desvendar o mistério do assassinato de sua mulher. Só que ele levou uma pancada na cabeça no mesmo dia e desde então não consegue guardar nenhuma lembrança recente. O filme é contado de trás pra frente. Já em "O Grande Truque" (2006), dois mágicos lutam para chegar ao melhor truque de mágica já realizado, nem que pra isso usem os meios mais obscuros. Não precisa dizer que todo o filme parece ter sido um grande passe de mágica.

Mas Nolan é mais conhecido do grande público pelos dois últimos filmes da franquia Batman. Ou melhor, da nova franquia Batman, porque se tem uma coisa que se pode ser é que tudo que sabíamos sobre o Homem-Morcego foi reinventado por Nolan em "Batman Begins" (2005) e chegou ao auge em "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008). E nesse último vemos muito bem o trabalho do diretor com os aspectos mentais e psicológicos. Ou tem algum personagem mais deliciosamente atormentado do que o Coringa, vivido por Heath Ledger?

A trama de "A Origem" (Inception, no original) gira em torno de Cobb, personagem de Leonardo Di Caprio, que é especialista em uma tecnologia e trabalha cercado de outros especialistas. O filme envolve sonhos, pensamentos e outras peculiaridades da mente. Mas apostando na filmografia de Nolan, dá pra esperar um filmão, até porque, quando a gente não sabe muito do filme, qualquer coisa espetacular é bem vinda. Mas se "A Origem" será espetacular, só o tempo dirá.


No elenco estão também nomes de peso e destaque do cenário hollywoodiano: Marion Cotillard, Joseph Gordon-Levitt, Ken Watanabe, Ellen Page, Cillian Murphy, Tom Berenger (sumido há um tempinho) e o parceiro de Nolan, Michael Caine, além de Di Caprio. "A Origem" chega por aqui em 6 de agosto de 2010.

domingo, 2 de maio de 2010

Homem de Ferro 2

Iron Man 2
(EUA, 2010) De Jon Favreau. Com Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Mickey Rourke, Scarlett Johanson, Sam Rockwell, Samuel L. Jackson, Leslie Bibb e Jon Favreau.

O maior medo da Marvel Studios a essa altura do campeonato era estragar tudo com um filme que não seguisse os mesmos padrões de "Homem de Ferro". Mas um medo legítimo né. O primeiro filme pegou todo mundo de surpresa quando todos achavam que já era um gênero explorado à exaustão, depois dos desapontamentos de "X-Men 3" e "Homem-Aranha 3". Pois não só fomos apresentados a um herói novo (levemente desconhecido), como vimos a ascenção de um novo estúdio (a própria Marvel) e a re-ascenção de um antigo conhecido do cinema, Robert Downey Jr. Com "Homem de Ferro 2" a Marvel queria criar um meio termo que continuasse o legado do herói no cinema e fizesse a ponte com "Os Vingadores", sem perder a magia do original. Conseguiram.

No novo filme, Tony Stark se vê diante de vários problemas decorrentes de sua revelação ao mundo: ele é o Homem de Ferro. O governo americano exige que ele entregue a armadura como arma ao exército. Claro que ele recusa. O que ele não imagina é que do outro lado do mundo, na Rússia, o filho de um ex-companheiro de seu pai esta tramando para vingar o nome do pai. Trata-se de Ivan Vanko, físico que cria uma arma poderosa que causa danos na armadura e uma tragédia maior em Mônaco. Sem poder se esconder e humilhado, Stark entra em uma busca por respostas sobre o certo e o errado, mas a S.H.I.E.L.D. entra em cena pra tratar de espantar os fantasmas dele e mostrar que Stark pode ser mais importante do que imagina.

O filme apresenta um Tony Stark ao mesmo tempo maduro e inseguro sobre quem ele é e seu papel no mundo. Mas o bom foi ver que não tem muito o que mudou na sua personalidade. Mesmo nos momentos mais toscos, quando ele dança bêbado com a armadura (opa!), vemos que a performance é digna de Tony Stark no momento que se encontra. Mais uma ótima personificação de Robert Downey Jr., que abraça o personagem que nasceu pra interpretar.



"Homem de Ferro 2" tem mais ação, mais drama e é muito mais engraçado e divertido. Não tem o mesmo charme do primeiro, é verdade, mas consegue cumprir seu papel com maestria. E faz devidamente a ponte tanto para outros filmes de heróis da Marvel (vide a cena no fim dos créditos), quanto para "Os Vingadores" (vide a cena no fim dos créditos). Não adianta nem destacar as atuações do elenco, porque todos eles estão muito bem, com exceção de Scarlett Johanson. Sim, ela está gostosa. Sim, ela chuta os traseiros de todos no filme. Sim, ela está gostosa. Mas tá apagadinha como nunca vimos, se é que isso é possível. Vamo combinar que o Jon Favreau, que atua do lado dela, alem de dirigir o filme todo, tirou uma casquinha por fazer as cenas né. hehehe. Fica a dica e que venha "Os Vingadores". Já estamos no clima de quero mais.

Nota: 9,0

A Estrada

The Road
(EUA, 2009) De John Hilcoat. Com Viggo Mortensen, Charlize Theron, Robert Duvall, Guy Pearce e Kodi Smith-McPhee.

Filmes de fim do mundo são gêneros que nunca vão sair de moda. Isso porque 1) o cinema sempre ganha um dinheirão em filmes desse tipo; 2) Profecias sobre o Apocalipse sempre vão pipocar à medida que os anos avançam (próxima data: 2012); 3) O mundo deve estar mesmo acabando. Mas poucos usam esse filão para explorar uma história intimista. É sempre um heroi que tenta impedir a destruição da humanidade, pula prédios desabando, enfrenta carros em chamas e no fim evita o cataclisma. Em "A Estrada" é diferente. O filme aproveita o cenário pós-apocalíptico para mostrar uma relação entre pai e filho abalada não só pela morte da mãe/esposa, mas por todo um exército de canibais sobreviventes.

Viggo Mortensen é o Pai, personagem sem nome que tem que proteger o seu filho, além de conseguir comida, abrigo e itens básicos de sobrevivência. Aos poucos, o pai vai perdendo a humanidade e não consegue mais distinguir o bem do mal, já que todos os homens passam a ser egoístas diante da catastrofe. É o filho quem tem que lembrar que o homem é bom por natureza e ainda há esperança para quem sempre consegue olhar pra frente e ter compaixão. Na estrada que eles seguem, os dois encontram pessoas e situações que os fazem ficar mais alerta diante do mundo, enquanto eles rumam em direção ao sul, onde esperam encontrar alguma paz.

O problema de "A Estrada" é apostar numa historia bonita com um ritmo arrastado. Por vezes o andar da carruagem é chato e pedante, embora as atuações de todos os envolvidos estejam impecáveis. Só que ao todo parece uma jornada sem propósito, onde nem fica muito claro o que acontece com o nosso planeta, embora não deve ser muito dificil deduzir o que aconteceu. No fim, o que salva mesmo é o entrosamento dos dois protagonistas, que transmitem uma relação comovente entre o pai que faz de tudo pra salvar o filho e o filho que enxerga no pai o seu protetor e o seu protegido. É como ele mesmo diz ao longo do filme: ele é quem decide tudo, ele é o responsável pelo pai, e não o contrário.

Curiosidade: o filme é baseado no romance de Cormac McCarthy, vencedor do Pulitzer de 2007. Mesmo escritor de 'Onde os Fracos não Têm Vez'. 'A Estrada' representa uma mudança surpreendente na ficção de Cormac McCarthy e talvez seja sua obra-prima.

Nota: 7,0