quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Amor Sem Escalas

Up in the Air
(EUA, 2009) De Jason Reitman. Com George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman, J.K. Simmons, Zach Galifianakis e Danny McBride.

Quando comecei a trabalhar na Rádio RH, existia um programa chamado "Ponte Aérea" que tinha o intuito de trazer pessoas que viajavam muito em prol do seu trabalho para trocar experiências com os ouvintes. Eles deveriam falar sobre o modo de trabalho de outros locais, a experiência de vida em outros lugares, os transtornos de se viajar bastante, etc. Acontece que o "Ponte Aérea" teve que ser cancelado, justamente porque os possíveis convidados estavam sempre viajando! Mas a experiência de pessoas que estão sempre viajando foi resumida muito bem no novo filme do ator George Clooney que estreia nos cinemas. "Amor Sem Escalas" fala sobre um homem que tem que viajar bastante para cumprir as tarefas do seu trabalho. Ele vive isolado de família e amigos e dá palestras de motivação sobre como ser individual. O curioso? Ele adora a vida que leva.


No filme, o personagem de Clooney, Ryan Bingham, ainda tem um trabalho nada peculiar. Ele é um executivo contratado por outras empresas para demitir pessoas. Isso mesmo. Ele tem a missão de tornar uma das piores horas da vida de uma pessoa um pouco menos ruim. Essa é só uma das críticas do filme, que tem vários pontos de comédia, mas que tem uma carga dramática muito forte. Afinal, Bingham é um homem solitário e aproveita a sua solidão. Ele gosta de estar sozinho. Com isso ele perde pontos com a família, que já está afastada o suficiente dele. Claro, estar sozinho não impede Ryan de ter os seus relacionamentos. Ele tem um caso com uma outra executiva, que viaja tanto quanto ele, e aos poucos vai estabelecendo uma relação de amizade com a sua nova "assistente", que ele é responsável por treinar.



A história tem uma leveza incrível, ao mesmo tempo que se aprofunda em questões centrais como só Jason Reitman sabe fazer. Sem falar que o filme se apoia todo em George Clooney, a alma do filme, sem tirar nem por. Não que os coadjuvantes não sejam notados. Muito pelo contrario. São as coadjuvantes que fazem Ryan existir. De outro modo, ele seria só mais um cara solitario por aí voando. Tanto Vera Farmiga quanto Anna Kendrick estão muito bem em seus papeis, que podem lhes dar o Oscar esse ano.

O verdadeiro mérito do filme é trazer a reflexão da vida cotidiana das pessoas. Passamos tanto tempo "no ar", conectados em redes sociais, trabalhando e fazendo outras coisas, que nos esquecemos quem somos, de onde viemos e das pessoas que contam conosco. "Amor sem Escalas" não é um filme de amor, mas um filme sobre pessoas, relacionamentos e frustrações. Um filme comum a todos, mesmo que nao viajem.

Nota: 10

"Avatar" consegue a maior bilheteria da história

Do "O Globo Online"
"Avatar" bateu a marca de US$ 1,859 bilhão em ingressos vendidos no mundo todo ultrapassando a marca de "Titanic". Com isso, o filme tornou-se a maior bilheteria da história do cinema nesta terça-feira.
Em 39 dias de exibição, o "Avatar" de James Cameron superou o "Titanic", do mesmo Cameron, em renda. Os dois longas foram lançados pela 20th Century Fox. Com "Titanic", o estúdio arrecadou US$ 1,843 bilhão.

Segundo informações dos estúdios, 72% da bilheteria vieram das salas em 3D (ou US$ 1,35 bilhão). A renda só na América do Norte foi de US$ 554 milhões, enquanto a de "Titanic" foi de US$ 600,8 milhões. Mas provavelmente o filme ecologicamente correto sobre os Na'vi ultrapassará a marca do longa com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
Fora da América do Norte, "Avatar" arrecadou US$ 1,3 bilhão contra US$ 1,242 bilhão de "Titanic".
CLARO, NÃO VAMOS ESQUECER QUE "AVATAR" CONTOU COM OS PREÇOS DAS SALAS 3D E IMAX, COISA QUE "TITANIC" NÃO TINHA...

sábado, 23 de janeiro de 2010

O Fada do Dente


Tooth Fairy
(EUA, 2009) De Michael Lembeck. Com Dwayne Johnson, Ashley Judd, Seth McFarlane e Julie Andrews.

Confesso que ri muito a primeira vez que assisti ao trailer de "O Fada do Dente". Estava na sessão de "Sherlock Holmes" e o trailer apareceu reunindo todos os clichês do filme: o maior deles na figura do fortão malhado Dwayne "ex-The Rock" Johnson de legging. O filme não é de todo o ruim, ele agrada as crianças, que parecem ser o público alvo. Ele é tão cheio de clichês do gênero que acaba divertindo, mas você sai do cinema com aquela sensação de "tá, e agora, vamos tomar um milk shake e ir pra casa?". Nada demais. Um filme que você poderia esperar tranquilamente passar na sessão da tarde que não iria perder nada.

Derek é um jogador de hóquei que há alguns anos era o rei das pistas de gelo. Quando ele cometia uma falta, tinha um toque peculiar: empurrava os adversários e sempre arrancava um dente. Por isso ele fica conhecido como "O Fada do Dente". Com o tempo, ele sofre uma lesão no ombro que o impossibilita de marcar gols e fazer os mesmos passes, e então ele perde a posição de estrela do time e deixa de acreditar nos sonhos da vida. Quando a filha de sua namorada está prestes a perder o primeiro dente de leite, Derek corta o barato da menina e (quase) diz pra ela que as fadas do dente não existem. Como punição por esse ato maligno, Derek é intimado a cumprir sentença imposta pela Fadas do Dente reais (sim, elas existem!). Ele então precisa ir de casa em casa e cumprir o papel que tanto desdenhou, enquanto tenta lidar com os percalços no time de hóquei, com a chegada de um jogador mais novo, e tambem tem que achar uma forma de lidar com o namoro e com os filhos dela.

Talvez o ruim de "O Fada do Dente" é querer se levar a serio demais. Os produtores colocaram uma pseudo carga dramática, se esquecendo de que o filme é tão bobo quanto um pote de geleia. Bom para The Rock, que me parece melhor e menos robótico do que quando estreou em "O Escorpião Rei". Ruim para Julie Andrews, que depois de toda sua glória passada foi condenada a ser Mary Poppins pra sempre. Mediano para Ashley Judd, que andou meio sumida (e agora sabemos porque). Totalmente mais do mesmo, mas se for pra levar crianças, é melhor do que Xuxa.

Ah. E pelo amor de Deus, o que é o The Rock com roupa de bailarina... #vergonhaalheia

Nota: 5,0

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

No Cair da Noite - A outra história da Fada dos Dentes

Pra quem foi assistir "O Fada do Dente" nos cinemas essa semana pra ver The Rock de tutu e legging, ver um filme sobre as fadas dos dentes não é a coisa mais engraçada e sim a situação. Até mesmo porque aqui no Brasil nos livramos do "azar" dos dentes caídos atirando eles no telhado de casa ou qualquer outra simpatia. Fadas que trazem dinheiro só funcionam num país pluricapitalista como os EUA. Porém, nada mais assustador do que ver um ex-lutador de Wrestling vestido como fada e saltitando por aí, certo? Errado.

Alguém já pensou na possibilidade de a fada do dente não ser exatamente como mães americanas pintam. E esse alguém foram James Vanderbilt, John Fasano e Joe Harris, os roteiristas de "No Cair da Noite", filme de terror de 2003 em que a entidade espiritual zombeteira é justamente a fada do dente! Em uma cidade bem distante havia uma mulher que era chamada de Fada do Dente pois trocava os dentes das crianças por moedas.

Um dia sua casa pegou fogo e seu rosto ficou muito ferido deixando com que ela so pudesse sair de casa a noite pois se pegasse luz o rosto dela se derreteria e ela morreria. Isso não impediu das crianças continuarem a visitar a Fada do Dente que agora usava uma mascara de porcelana. Um dia duas crianças foram a casa dela e não voltaram, então, acusaram a "Fada do Dente" de ter matado as duas crianças condenando-a a morte em público, mas, antes dela morrer ela jogou uma maldição: Que toda criança que perdesse o último dente ela iria pega-lo e caso alguém a visse ela mataria! É claro que, um dia, alguém viu a fada. Esse alguém é o pequeno Kyle Walsh, que quando cresce, continua sendo caçado pela fada dos dentes malvada. No caminho, ela vai pegando quem se coloca entre ela e Kyle.

Não é o melhor dos filmes de terror, mas até que funciona num sábado a noite. Em tempos de lixos como "Atividade Paranormal" e "Alma Perdida", este é muito bom. "No Cair da Noite" foi dirigido por Johnathan Liebesman, que não fez mais nada muito memorável depois (pra se ter uma ideia ele fez "O Massacre da Serra Elétrica: O Início"). O filme também não conta com nenhum conhecido no elenco. Mas vale a pena ser visto se estiver dando sopa na televisão ou nas prateleiras de uma locadora.

Ah, depois vá assistir a "O Fada do Dente", com o The Rock. Bons sonhos.




Os piores no cinema em 2009


Escolher os melhores do ano, justamente nesta época em que listas assim pipocam em blogs, é muito dificil. Já os piores, bem, esses são mais fáceis de selecionar, porque você não consegue tirar da cabeça a expressão de instaisfação do tipo "porque eu paguei pra ver essa m%#*$!".

Então aí vai a minha lista, em ordem de decepção, com uma explicaçãozinha para os três primeiros.

1- Brüno

Honestamente, posso dizer que vi pela propaganda e por esperar demais que este filme de Sacha Bahron Cohen tivesse algum traço do que foi "Borat". Ledo engano. Esse filme não é só ofensivo, como é muito mal montado, estruturado, roteirizado e com cenas de deixar a indústria pornô ofendida. Um embrulho total no estômago, sem nenhum objetivo. O dinheiro mais mal empregado do ano.

2 - Atividade Paranormal

Decepção total. O filme se vende prometendo efeitos instigantes no espectador, quando na verdade não passa de um exercício com truques de câmera (muito mal feitos). Nada contra esse tipo de exercício, todo pequeno cineasta deve faze-los e ser reconhecido por isso é maravilhoso. Daí a um grande estúdio comprar essa porcaria e faturar em cima de um medo inexistente é um pouco demais. Péssimo.

3 - Heróis

Totalmente confuso, esse filme não sabe onde se achar. Quem são os personagens, de onde eles vêm, pra onde eles vão, o que eles querem, Não dá pra saber com certeza. Uma trama esquisita que tem um visual ate bacaninha, mas muito mal explorado. Sem falar da cena em que Dakota Fanning aparece bêbada e todas as caras de nada de Camilla Belle.

Outros ruins do ano que eu tive o desprazer de assistir:
Do Começo ao Fim, Bellini e o Demônio, Os Normais 2, Eu Odeio o Dia dos Namorados, Alma Perdida, Dia dos Namorados Macabro.

Filmes que eu não vi exatamente por saber que são ruins:
Xuxa em O Mistério de Feiurinha, Embarque Imediato, Jogos Mortais 6, Besouro, Terror na Antártida, Pacto Secreto, Jogando Com Prazer, Pequenos Invasores, Falando Grego, High School Band, Veronika Decide Morrer, Killshot – Tiro Certo, Donkey Xote, Dragonball Evolution, Sex Drive – Rumo ao Sexo, Perdido pra Cachorro.

Marc Webb é o mais novo diretor da franquia "Homem-Aranha"

do blog Gibizada, do Globo online

Marc Webb, do simpático "(500) dias com ela", será o novo diretor da franquia do Homem-Aranha. Segundo o blog Vulture, da New York Magazine, Webb foi contratado pela Sony para fazer três filmes. Ele substituirá Sam Raimi, que entrou em conflito criativo com o estúdio ao insistir na escolha do personagem Abutre como vilão e no ator John Malkovich para interpretá-lo.

Mais conhecido por clipes de bandas como Green Day, Webb diz que é um sonho que se torna realidade. Ele terá a árdua missão de recomeçar a série de filmes do zero, focando na juventude do herói. Agora só falta escolherem o ótimo Joseph Gordon-Levitt, de "(500) dias com ela", para ser Peter Parker.


300 POSTAGENS


300 posts. Uau, quanta coisa já se passou. Foram mais de 100 posts por ano, em média. O que é muito pouco se considerar a quantidade de informação que se passa pela internet e pelo mundo cinematográfico geral. Vou confessar que estou na fase da preguiça, mas é janeiro, mês de férias, então aquela moleza bate mesmo, ja que é a hora de descanso. Mas o cinema não pode parar, não é mesmo?

Pra celebrar então, quis colocar aqui as curiosidades do filme "300" (qual mais né?), um dos épicos mais bem produzidos da história, se assemelhando a "Ben-Hur", "Gladiador" e "Coração Valente". Confira e acompanhe o blog sempre que puder.

Clique aqui para ver as curiosidades de "300"

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Vencedores do Globo de Ouro 2010

MELHOR FILME DE DRAMA

“Avatar”
“Guerra ao Terror”
“Bastardos Inglórios”
“Preciosa”
“Amor Sem Escalas”

MELHOR FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL

“Se Beber, Não Case”
“500 Dias Com Ela”
“Simplesmente Complicado”
“Julie & Julia”
“Nine”

MELHOR ATOR DE DRAMA

Jeff Bridges, por “Coração Louco”
George Clooney, por “Amor Sem Escalas”
Colin Firth, por “A Single Man”
Morgan Freeman, por “Invictus”
Tobey Maguire, por “Entre Irmãos”

MELHOR ATRIZ DE DRAMA

Sandra Bullock, por “O Lado Cego”
Emily Blunt, por “The Young Victoria”
Helen Mirren, por “The Last Station”
Carey Mulligan, por “Educação”
Gabourey ‘Gabby’ Sidibe, por “Preciosa”

MELHOR ATOR DE MUSICAL OU COMÉDIA

Robert Downey Jr., por “Sherlock Holmes”
Matt Damon, por “O Desinformante!”
Daniel Day-Lewis, por “Nine”
Joseph Gordon-Levitt, por “500 Dias Com Ela”
Michael Stuhlbarg, por “Um Homem Sério”

MELHOR ATRIZ DE MUSICAL OU COMÉDIA

Meryl Streep, por “Julie & Julia”
Sandra Bullock, por “A Proposta”
Marion Cotillard, por “Nine”
Julia Roberts, por “Duplicidade”
Meryl Streep, por “Simplesmente Complicado”

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Christoph Waltz, por “Bastardos Inglórios”
Matt Damon, por “Invictus”
Woody Harrelson, por “The Messenger”
Christopher Plummer, por “The Last Station”
Stanley Tucci, por “Um Olhar do Paraíso”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Mo’Nique, por “Preciosa”
Penélope Cruz, por “Nine”
Vera Farmiga, por “Amor Sem Escalas”
Anna Kendrick, por “Amor Sem Escalas”
Julianne Moore, por “A Single Man”

MELHOR DIRETOR

James Cameron, por “Avatar”
Kathryn Bigelow, por “Guerra ao Terror”
Clint Eastwood, por “Invictus”
Jason Reitman, por “Amor Sem Escalas”
Quentin Tarantino, por “Bastardos Inglórios”

MELHOR ROTEIRO

“Amor Sem Escalas”
“Distrito 9″
“Guerra ao Terror”
“Bastardos Inglórios”
“Simplesmente Complicado”

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“The weary kind”, de “Crazy heart”
“Cinema italiano”, de “Nine”
“I want to come home”, de “Everybody’s fine”
“I will see you”, de “Avatar”
“Winter”, de “Entre irmãos”

MELHOR TRILHA SONORA

“Up – Altas Aventuras”
“O Desinformante!”
“Onde Vivem os Monstros”
“Avatar”
“Um Homem Sério”

MELHOR ANIMAÇÃO

“Up – Altas Aventuras”
“Tá Chovendo Hambúrguer”
“Coraline”
“O Fantástico Sr. Raposa”
“A Princesa e o Sapo”

MELHOR FILME DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

“A Fita Branca” (Alemanha)
“Baaria” (Itália)
“Abraços Partidos” (Espanha)
“La Nana” (Chile)
“Um Profeta” (França)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Onde Vivem os Monstros

Where The Wild Things Are
(EUA, 2009) De Spike Jonze. Com Catherine Keneer, Max Records, James Gandolfini, Forest Whitaker, Catherine O'Hara, Lauren Ambrose, Paul Dano e Mark Ruffallo.

Spike Jonze só fez dois filmes antes de "Onde Vivem os Monstros". Dois com gosto especial para o cinema. O primeiro, porque apresentou a Hollywood algo nunca antes visto, um surrealismo psicológico metafísico que, involuntariamente ou voluntariamente, nos fazia refletir sobre quem éramos, às vésperas do novo milênio. O outro fazia exatamente a mesma coisa, com um pouco menos de psicodelismo e aventuras mentais. Estou falando de "Quero Ser John Malkovich" e "Adaptação". O seu novo filme não é muito diferente, só que dessa vez é através do olhar de uma criança que vemos a complexidade do ser humano. O que também é diferente é que não são os humanos os complexos desse filme.

No filme, Max é o caçula de uma família de três. Ele mora com a mãe, que por ser solteira, trabalha o dia todo para levar o sustento dos filhos, e com a irmã, que está naquela fase chata da adolescência em que todos os adolescentes ficam chatos.Com esse cenário familiar, Max vive sozinho, sem a atenção da mãe e sem a amizade da irmã ou de qualquer outra criança. Por esse motivo ele sempre tem que se virar com a sua imaginação, o que faz com que ele passe metade do tempo com uma fantasia de lobo. Um dia, após uma travessura, a mãe o coloca de castigo e ele resolve fugir de casa. De tanto correr, ele acaba parando numa terra fantástico, a terra dos Monstros Selvagens. Lá, conhece Carol (voz de James Gandolfini, o Tony Soprano), KW (Lauren Ambrose), Douglas (Chris Cooper), o casal Judith e Ira (Catherine O'Hara e Forest Whitaker, respectivamente) e Alexander (Paul Dano). Um pouco desorientados, eles aceitam que o menino se torne seu rei e esquecem a ideia de devorá-lo.


Mas, como toda criança que se preze, Max promove um estado de anarquia em seu reino. "Que a bagunça comece!", determina o garoto para os outros monstros. Aos poucos, ele vai conhecendo mais sobre seus companheiros: Carol está tão perdido em si que vive em conflito com os outros, KW é introspectiva e gosta de seus momentos sozinha, Douglas é cheio de energia e iniciativa, Judith é sarcástica e dominadora, Ira é modesto e paciente e Alexander acha que não é levado a sério o suficiente pelos outros. Conforme os conflitos começam a surgir, Max descobre que nem o seu mundo imaginário é ideal. A partir daí, é hora de considerar o retorno ao lar e à realidade.


Percebe que o filme definitivamente não é apenas para crianças? Max tem que assumir uma posição de liderança no meio das criaturas e precisa colocar a ordem em um ambiente selvagem. Além disso, as criaturas tem personalidades tão fortes, que no fim das contas é Max quem precisa ser maduro o suficiente para lidar com a situação. Sua volta pra casa só vai ser determinada se todos aprenderem suas lições, inclusive ele!

Spike Jonze conseguiu transformar um livro de 40 páginas em uma envolvente história de pouco mais de 1 hora e meia. Todos nós somos como Max, como a mãe, como a irmã e como as criaturas selvagens. Há um pouquinho de cada um de nós nesses personagens. E é com essa reflexão que Jonze está contando. Apesar dos ótimos aspectos técnicos (som, maquiagem e efeitos são muito bons), é a história que prende o espectador. Um ótimo começo de temporada de Oscar.

Nota: 9,0

Deixa Ela Entrar

Låt den rätte komma in
(Suécia, 2008) De Tomas Alfredson. Com Kåre Hedebrant e Lina Leandersson.

Todo mundo sabe que 2009 foi o ano dos vampiros. Eles invadiram nosso imaginário, nossas preteleiras de livros e DVD's e as salas de cinema. Mas de todos os filmes de vampiros que já fora (e que irão ser feitos), talvez o mais elogiado seja "Deixa Ela Entrar", um filme que vem da Suécia. Isso mesmo, Suécia! O longa foi elogiado pela crítica especializada e fez um sucesso tamanho. Tanto que Hollywood já está produzindo o remake americano. Pena que só pude assistir agora, alguns meses depois do lançamento do filme no Brasil.

Oskar é um garoto que sofre com as implicâncias de outros garotos na escola. Sua sede de vingança e seu ódio reprimido fazem com que ele colecione artigos sobre lutas marciais e assassinatos, além de treinar golpes mortais em seu quarto. Mas Oskar não tem coragem de fazer nada disso, afinal, é só um garoto solitário. Sua solidão é sacudida com a chegada de Eli, uma menina de 12 anos que se muda para o apartamento vizinho. Com a sua chegada, estranhos assassintaos começam a acontecer no bairro. Tambem, pudera: Eli é uma vampira. Sem saber disso, Oskar começa a nutrir sentimentos por Eli e a garota também passa a olhá-lo diferentemente. Mas a relação dos dois pode se tornar perigosa, já que a sede de Eli pode sair do controle.



Pra quem estava esperando um filme de vampiros ao estilo "30 Dias de Noite" (como eu estava), "Deixa Ela Entrar" não é assim. É um drama. Tem lá suas horas de impacto, mas o filme é dramático. Essa carga emocional é percebida no drama do garoto incomodado pelos colegas de escola, além de sofrer com a solidão que a separação dos pais trouxe. E também com Eli, que não desperta nenhuma aversão, mesmo sabendo que ela devora pessoas para sobreviver. Sua solidão chega a ser pior do que a de Oskar. É a relação dos dois que dá um fiapo de esperança a eles e que é o fio condutor da história.


Não tem muitos efeitos especiais, e quando eles aparecem não são o destaque. É o roteitro que sustenta o filme, apesar de ele mostrar a melhor combustão de um vampiro pelo sol de toda a história cinematográfica! Definitivamente o melhor filme de vampiros do ano. Só uma pena não ter mais ação ou terror, porque é assim que ele foi vendido. Mas enfim, a versão americana deve ter tudo isso mesmo...

Nota: 8,5

sábado, 16 de janeiro de 2010

Vício Frenético


Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans
(EUA, 2009) De Werner Herzog. Com Nicolas Cage, Val Kilmer, Eva Mendes, Jennifer Coolidge, Michael Shannon.

"Vício Frenético" podia ser mais um remake ou apenas mais um filme policial qualquer. Até porque todos os elementos para se fazer um filme de ação barato e desancabido estão lá. A diferença é que os filmes de ação baratos e desencabidos não contaram com a direção brilhante de Werner Herzog e com uma das melhores atuações de Nicolas Cage em anos. Sério. Muitos pensaram que talvez em "Adaptação" Nick Cage tenha dado seus últimos suspiros de bom ator no século XXI. Riram dele quando teve atuações fracas (mas lucrativas) em "A Lenda do tesouro Perdido), e em bombas literais como "O Vidente" e "Perigo em Bancock". Pois nesse filme ele mostra que ainda sabe ser um grande e competente ator.

Em Nova Orleans, logo após a destruição causada pelo furacão Catrina, uma família de imigrantes senegales é assassinada e a polícia desconfia de uma gangue local. Para isso, eles precisam desarmar todo um esquema de corrupção e de venda de drogas ligados ao traficante local, Big Fate, principal suspeito dos assassinatos. No comando das investigações está o Tenente Terecnce McDonagh, viciado em Vicodin, seu remédio para dor e praticante de diversos crimes e corrupções dentro da polícia de Nova Orleans. Ele revista adolescentes para conseguir drogas e dinheiro, usa métodos sujos para se livrar de evidências e multas de trânsito, aposta ilegalmente em resultados de jogos e se envolve com a prostituta Frankie, que vê em Terrence seu porto seguro. Ele chega ao cúmulo de desligar o oxigênio de uma velhinha para conseguir uma declaração! Só que tudo isso é por debaixo dos panos, pois o tenete sabe muito bem onde pisa quando o assunto é se dar bem. E com isso, ele ganha cada vez mais créditos, até meter os pés pelas mãos num esquema que envolve lavagem de dinheiro, drogas e um incidente com um dos clientes de Frankie, indo parar no meio de uma investigação do conselho de ética da polícia.


O melhor de "Bad Lieutenant" é mesmo a atuação de Nicolas Cage. A cada segundo de suas barbaridades, o espectador deseja que ele morra no final, de tão mal caráter, sujo e corrupto. mas ao mesmo tempo, seu Terrence Mc Donagh conquista a simpatia e carisma do público. Destaque para a atuação de um sumido Val Kilmer, de uma dramática Jennifer Coolidge (acostumada a ser vista em comédias como "Legalmente Loira" e "American Pie") e de uma estonteante Eva Mendes, provando que não é só um rostinho bonito.


Werner Herzog entrega um filme polêmico sobre o esquema de corrupção policial que se arma em Nova Orleans mas que pode acontecer em qualquer parte do mundo (vide "Tropa de Elite"). O filme é um remake de "Vício Frenético", de 1992. Não sei se pode ser considerado o melhor trabalho do diretor alemão, que tanto contribuiu para a história do cinema. O filme mistura efeitos hollywoodianos com esquemas do cinema autoral característico de Herzog. Pessoalmente, quando vi no Festival do Rio, achava que era uma das apostas para o Oscar 2009, sobretudo pela atuação de Nicolas Cage. Mas as apostas estão indo pelo lado contrário. Exibido no último Festival de Veneza, na Mostra Competitiva.

Nota: 8,5

Primeiras imagens do elenco oficial de Wall Street 2

do Omelete

A revista Vanity Fair reuniu o elenco de Wall Street 2 - Money Never Sleeps, continuação do filme de 1987 Wall Street - Poder e Cobiça, para uma sessão de fotos com a famosa fotógrafa de celebridades Annie Leibovitz.

Confira na galeria uma foto do diretor Oliver Stone ao lado dos atores Michael Douglas, Shia LaBeouf, Carey Mulligan e Josh Brolin, e outra de Douglas, encarnando o ícone oitentista Gordon Gekko.

Na trama, ambientada entre junho de 2008 e a ajuda do governo aos bancos, Gordon Gekko (Douglas) sai da cadeia depois de 21 anos e encontra um mercado financeiro à beira do colapso. Ao mesmo tempo em que Gekko tenta se reaproximar de sua filha, o noivo dela, Jacob (LaBeouf), um jovem corretor de Wall Street, tem uma vingança própria em curso, depois da morte de seu mentor (Frank Langella).

Brolin viverá o vilão, diretor de um banco de investimento, alvo da vingança de Jacob, cuja mãe será vivida por Susan Sarandon. Diretor do original, Stone retorna ao posto.

O longa tem estreia marcada para 23 de abril.

Clique nas imagens para ver em tamanho maior

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sony Pictures Press Release

Culver City, CA (January 11, 2010) -- Peter Parker is going back to high school when the next Spider-Man hits theaters in the summer of 2012. Columbia Pictures and Marvel Studios announced today they are moving forward with a film based on a script by James Vanderbilt that focuses on a teenager grappling with both contemporary human problems and amazing super-human crises.

The new chapter in the Spider-Man franchise produced by Columbia, Marvel Studios and Avi Arad and Laura Ziskin, will have a new cast and filmmaking team. Spider-Man 4 was to have been released in 2011, but had not yet gone into production.

“A decade ago we set out on this journey with Sam Raimi and Tobey Maguire and together we made three Spider-Man films that set a new bar for the genre. When we began, no one ever imagined that we would make history at the box-office and now we have a rare opportunity to make history once again with this franchise. Peter Parker as an ordinary young adult grappling with extraordinary powers has always been the foundation that has made this character so timeless and compelling for generations of fans. We’re very excited about the creative possibilities that come from returning to Peter's roots and we look forward to working once again with Marvel Studios, Avi Arad and Laura Ziskin on this new beginning,” said Amy Pascal, co-chairman of Sony Pictures Entertainment.

“Working on the Spider-Man movies was the experience of a lifetime for me. While we were looking forward to doing a fourth one together, the studio and Marvel have a unique opportunity to take the franchise in a new direction, and I know they will do a terrific job,” said Sam Raimi.

“We have had a once-in-a-lifetime collaboration and friendship with Sam and Tobey and they have given us their best for the better part of the last decade.This is a bittersweet moment for us because while it is hard to imagine Spider-Man in anyone else’s hands, I know that this was a day that was inevitable,” said Matt Tolmach, president of Columbia Pictures, who has served as the studio’s chief production executive since the beginning of the franchise. “Now everything begins anew, and that’s got us all tremendously excited about what comes next. Under the continuing supervision of Avi and Laura, we have a clear vision for the future of Spider-Man and can’t wait to share this exciting new direction with audiences in 2012.”

"Spider-Man will always be an important franchise for Sony Pictures and a fresh start like this is a responsibility that we all take very seriously," said Michael Lynton, Chairman and CEO of Sony Pictures. "We have always believed that story comes first and story guides the direction of these films and as we move onto the next chapter, we will stay true to that principle and will do so with the highest respect for the source material and the fans and moviegoers who deserve nothing but the best when it comes to bringing these stories and characters to life on the big screen."

The studio will have more news about Spider-Man in 2012 in the coming weeks as it prepares for production of the film.

Muda tudo em "Homem-Aranha"


A Sony deve ter perdido o juízo. Ou então deve estar desesperada para fazer dinheiro em 2011. Só assim para explicar a inesperada saída de Sam Raimi, que dirigiu os tres primeiros filmes, de uma das franquias mais lucrativas da história. Resultado: Raimi fora, Tobey Maguire fora também. Mas a saída do ator até tem uma explicação.

Aparentemente, a Sony quer aventuras mais adolescentes do herói, o que faria Peter Parker voltar ao high school ou à faculdade. Maguire já tá um pouco velho pra isso, e talvez por esse motivo resolveu sair.

Na verdade, Raimi sucumbiu ao terror de todo cineasta: o release date, a data de lançamento. Todo cinéfilo e fã da franquia do aracnídeo acompanhou o calvário que estava sendo produzir "Homem-Aranha 4", com problemas no roteiro e na produção. Especialistas já diziam que seria impossível entregar um filme do mesmo calibre dos três primeiros em 6 de maio de 2011. O próprio Raimi viu isso e por isso decidiu sair. Ele não poderia fazer um trabalho digno de sua carreira na correria. O trabalho sofreria e toda a franquia ficaria manchada. Algo mais ou menos parecido com o que aconteceu com outro herói: Batman. Joel Schumacher foi com mita sede ao pote quando entregou "Batman e Robin". Deu no que deu.

A Variety traz um panorama mais completo sobre o assunto, e você pode ler aqui. Resta torcer para que a franquia não sofra. Fãs da história já estão alucinados, claro. Vamos ver que bicho vai dar.

2° Cine Gestão a todo vapor!


Pra quem gostou do primeiro evento, a espera está quase terminando. O 2° Cine Gestão já tem data de estreia: 03 de Fevereiro de 2010. E pra abrir bem o ano, será exibido o filme "Escritores da Liberdade", seguido de um debate sobre atitudes e mudanças internas e externas. Com o tema "Fazendo a Diferença no Ambiente de Trabalho", o Cine Gestão tem o objetivo de promover a reflexão no espectador sobre as suas próprias atitudes em seu ambiente de trabalho.

O evento se destina a gestores, gerentes, profissionais de Recursos Humanos, adminstradores, analistas e a todos aqueles que quiserem participar dessa reflexão, além de ter a chance de assistir (ou reassistir) a um filme de qualidade, estrelado por Hillary Swank, ganhadora do Oscar duas vezes pelos filmes "Meninos Não Choram" e "Menina de Ouro".
Não perca o início das inscrições, que será divulgado em breve.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Elementar, meu caro Sherlock


Sherlock Holmes
(EUA, 2009) De Guy Ritchie. Com Robert Downey Jr.,Jude Law, Rachel McAdams e Mark Strong.

Pra quem já leu algum livro escrito por Sir Arthur Conan Doyle, reconhecer Sherlock Holmes com o chapeuzinho esquisito e roupas quadriculadas, por mais que seja usual, soa um pouco esquisito. Nos livros, o personagem é mesmo canastrão, meio malandro e abusado. Claro que ele é um pouco mais educado, ao estilo inglês, do que o Sherlock de Robert Downey Jr. Mas não se pode negar que a essência do personagem está na interpretação dele. Mais do que isso, o filme de Guy Ritchie poderia muito bem se chamar "Sherlock Holmes e Dr. Watson", porque a amizade dos dois também é o que sustenta o filme todo. Isso, e a inteligência de Holmes.

Sherlock Holmes dispensa apresentações. Ele é o investigador mais famoso de toda a literatura inglesa. No novo filme, ele se depara com as vilanias de Lorde Blackwood, um feiticeiro queé condenado pelo assassinato de cinco moças em rituais para aumentar seu poder. Blackwood é enforcado, mas aparentemente ressucitou para colocar mais terror nas ruas de Londres. Seu plano é tomar o poder através de uma ordem secreta que vai destruir o parlamento inglês e reconquistar a colônia americana, para então formar um nov Império Britânico. Enquanto se engaja numa missão para deter Blackwood, Sherlock Holmes tenta impedir que seu melhor amigo Dr. Watson se case e deixe o seu convívio e se vê enroscado de novo com um antigo amor, a ladra Irene, que está mais comprometida com a história de Blackwood do que Holmes imagina.

Guy Ritchie soube muito bem conduzir a história, que é o seu primeiro filme hollywoodiano. Pra quem gosta de boas histórias policiais e mistérios, "Sherlock Holmes" tem isso de sobra. O espírito dos livros de Conan Doyle está todo presente, ainda que repaginado para ganhar um tom mais crível e menos boboca do que qualquer outra adaptação do personagem. A direção de arte, que recria a Londres do século XIX, é impecável, assim como a fotografia e o figurino, que dão os tons certos para a história.
Mas o que funciona mesmo é a "química" entre Robert Downey Jr. e Jude Law. os dois estão mais do que confortáveis nos seus papeis e tudo se encaixa naturalmente, dos simples olhares aos diálogos mais completos. Rachel McAdams chega apenas para dar aquele tempero feminino que faz falta na vida de todo canastrão e Mark Strong ("Stardust") é o vilão perfeito paraa Londres vitoriana. Só o que fica meio confuso algumas vezes são algumas falhas no roteiro, que deixam o espectador boiando. Como sobre o chefe misterioso de Irene ou alguns cortes rápidos de flashbacks e forwards que passam num piscar de olhos.


O ano não poderia ter começado de forma melhor. "Sherlock Holmes" chega com poucas pretensões às premiações (Downey Jr. foi indicado ao Globo de Ouro), mas deve ficar com algumas indicações mais técnicas. Se deve haver alguma sequência do filme? Elementar, meu caro leitor.

Nota: 9,5

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Um Olhar do Paraíso

Vai estrear nos cinemas no dia 5 de fevereiro um dos filmes mais aguardados... por mim mesmo! Desde que Peter Jackson finalizou "O Senhor dos Anéis" e anunciou que seu próximo projeto seria adaptar "Uma Vida Interrompida", de Alice Sebold, que eu anseio por esse dia. Porque "Uma Vida Interrompida" é o meu livro favorito! Além de ter sido o primeiro livro que eu ganhei da minha mãe: o primeiro de muitos outros.

A história de Susie Salmon - como o peixe - uma menina que é assassinada no primeiro capítulo do livro, mas que começa a narrar a vida da sua família do alto do seu próprio céu (sim, no universo do livro, cada pessoa tem o seu céu particular, além de áreas comuns a todos). Mais do que isso, Susie observa a caçada atrás de seu assassino, que não deixou muitas pistas de seu ato macabro.

Só o elenco vale a pena assistir. Saoirse Ronan, que assombrou o mundo como a Brionny de "Desejo e Reparação", interpreta Susie; Mark Whalberg e Rachel Weisz são os pais e Susan Sarandon é a avó. Stanley Tucci é o medonho Sr. Harvey, o assassino - sim, sabemos quem é o assassino desde o começo, o que dá mais adrenalina à história.

Clique nas imagens para ampliar o tamanho:


Adoro o livro e já adoro o filme também. Mais ansioso impossível. Abaixo segue o trailer.

FOR YOUR CONSIDERATION




Lula - O Filho do Brasil

Lula, O Filho do Brasil
(Brasil, 2010) De Fábio Barreto. Com Glória Pires, Cléo Pires, Milhem Cortaz, Juliana Baroni e Ruy Castro Dias.

2010 começou no cinema e aqui vamos nós finalmente comentar um dos mais aguardados filmes brasileiros. Antes de qualquer coisa, é preciso esquecer que o filme pode ser usado de alguma maneira como campanha política. De outra forma, sua singularidade nunca poderá ser apreciada por completo. Apesar de ser um filme com falhas, "Lula, o Filho do Brasil" apresenta uma história comovente de um homem comum que se viu no meio de uma luta que ao mesmo tempo era e não era dele. Ele teve que fazer uma esolha e escolheu lutar. Não interessa se você gosta do Lula ou não: tem que admitir que é uma história e tanto.

O filme começa em 1945. Dona Lindu, no interior de Pernambuco dá a luz a um menino chamado Luiz Inácio. Depois de o marido se mudar pra São Paulo, ela vai para a cidade grande com os filhos, onde eles podem ir à escola e se tornar alguém. A história do menino que viria a se tornar o maior líder sindical do Brasil - e, mais tarde, presidente da República - se confunde com a luta de sua mãe, que teve de aturar todo tipo de privação para que os filhos tivessem alguma dignidade. Com os ensinamentos de sua mãe em mente, Lula se engaja na luta dos metalúrgicos numa época em que lutar por algum ideal era proibido no Brasil.
A história é bonita, mas o filme tem algumas falhas. O diretor se apóia muito no fato de que Lula é uma figura conhecida e passa muito batido por algumas histórias. O espectador acompanha num piscar de olhos Lula e sua família deixar suas casas e, plim, ele já é grande e torneiro mecânico. Tudo isso faz com que a história fique longa e perdida, você nunca sabe quando o filme vai terminar. Apesar disso, a riqueza de detalhes ajuda a história a ganhar força, principalmente após a sua entrada na Força Sindical.

O elenco escolhido dá o ritmo certo ao filme. Mesmo o novato Ruy Castro Dias se sai bem, embora ainda carregue alguns traços oriundos do teatro. Mas a alma do filme é Glória Pires, que prova que é a verdadeira dama do cinema nacional. Ela é o porto seguro do protagonista, o lugar que todos nós sabemos que ele pode correr quando as coisas apertam. Não há quem não se conforte com a personagem Lindu.

O filme pode ser usado como propaganda política sim, mas quem se importa? Lula não sai candidato esse ano e não é um filme que vai aumentar a popularidade do PT, da Dilma ou de quem quer que seja. Além do mais, é um ótimo presente para o presidente que está em fim de mandato e tem o maior índice de aprovação da história da República Brasileira. Os incomodados que se mudem - ou que não vão ao cinema. Propaganda política? Talvez. Mas que é uma história danada de bonita - mesmo que seja exageradamente romantizada - isso é.

Nota: 8,0