sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Do Começo ao Fim

Do Começo ao Fim
(Brasil, 2009) De Alouizio Abrantes. Com Julia Lemmertz, Fábio Assunção, Gabriel Kaufmann, Lucas Cotrim, Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcelos.

Antes de qualquer coisa, é importante dizer que "Do Começo ao Fim" é um filme corajoso. Só de o diretor ter pensado em contar a história que conta é preciso muita, mais muita coragem. O cinema brasileiro, apesar de escrachado em nudez e sensualidade, ainda não está preparado para quebrar paradigmas e encarar relações normais entre indivíduos do mesmo sexo, sem toda a pompa de uma parada gay. Pra piorar a situação, o diretor ainda fala de incesto homossexual, um assunto que não passa perto nem das mentes mais mirabolantes. Com tudo isso, é lógico que o filme iria gerar a polêmica que gerou. O problema com o filme não é nem com a questão do incesto, ou do homossexualismo. O problema do filme é que ele é só isso, mais nada. Nada de interessante.

Tomáz e Franciso são meio-irmãos criados sob o mesmo teto, vivendo com a mãe e o padrasto. Na infância, os dois são ligados e conectados de uma forma inexplicável, o que faz a mãe refletir sobre a intimidade dos dois. Quando crescem e se tornam homens livres, os dois assumem a paixão que sentem um pelo outro e deixam aflorar o amor que sentiam em um relacionamento puro e verdadeiro. Quando Tomaz, que é nadador, recebe um convite para treinar na Rússia, os dois vem a chance de se separarem pela primeira vez na vida, e precisam encontrar um modo de vencer a distãncia, sem perder o a mor e a fidelidade um do outro.

A história é polêmica sim, mas depois que os dois crescem, não há mais nada com o que se preocupar. Depois que o público se encontra com os personagens Tomaz e Francisco adultos, não adianta mais formular problemas ou soluções: o mundo se torna perfeito pros dois. Pense: eles são irmãos que se amam. Mas a mãe aceita, o pai aceita, eles não enfrentam nenhum problema de homofobia ou choque de realidade com a sociedade, não enfrentam problemas com a legalização do casamento gay, não tem amigos íntimos dando satisfação. Então, qual o propósito do filme? Que discussão ele levanta? Beleza, o garotos são irmãos e se amam, transam loucamente o dia inteiro e tudo mais. E?


O filme está até certo em deixar de lado as questões de certo ou errado. O problema é que não há problema! É tudo muito passivo (sem trocadilhos). O único graaande problema é quando os dois se separam e percebem que nao podem mais viver sem o outro. Mas tudo isso é solucionado facilmente pelo espectador na mesma hora em que o problema aparece pra eles na tela. E eles demoram mais uma hora inteira de filme para chegar a um resultado óbvio.

Dou todos os méritos ao diretor por contar a história e ainda mais mérito aos atores por fazerem esses papeis tão controversos - mesmo que pareça que eles vivem numa bolha. Mas contar uma história só pela história não tem muita graça. Apimentar o público com tórridos romances entre dois homens só funciona com gays - héteros não preconceituosos não vão achar muita graça. Um roteiro infelizmente sem profundidade para uma história que poderia render muito mais coisa. Mesmo a proposta de falar das várias formas de amor se perde. É chato dizer que a história é até até bonita, mas foi só barulho.

Nota: 5,0

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