sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Abraços Partidos


Los Abrazos Rotos
(Espanha, 2009) De Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo, José Luiz Gómez, Tamar Novas, Rubén Ochandiano.

Um Almodóvar é sempre um Almodóvar. Não importa quão bom ou ruim o filme seja, seu trabalho sempre é reconhecido. É bom sempre ter isso na cabeça, porque "Abraços Partidos" não é o melhor trabalho do diretor, o que não quer dizer que ele seja ruim. Cheio de expectativas (assim como foi ano passado com "Vicky Cristina Barcelona", de Woody Allen), o filme chegou a ao Festival do Rio com lotação esgotada, pessoas amontoadas no chão do cinema para assistir e uma dúvida: qual é o melhor filme de Almodóvar até agora? "Abraços Partidos" abre essa questão, pois se achava que o diretor podia se superar um pouco mais nesse filme, o que não acontece. É um Almodóvar tão bom quanto todos os outros, mas não melhor que eles.

O filme narra a história de Harry, um velho cineasta que ficou cego após um acidente. Ele recebe a proposta de poder trabalhar novamente em um roteiro em parceria com "Ray-X", um produtor iniciante. Na verdade, "Ray-X" é filho de um antigo inimigo de Henry. Quando Diego, filho de Judit, produtora e amiga de Harry, fica na casa deste por alguns dias, um segredo do passado vem á tona. Porque Judit odeia tanto Ray-X? E qual a ligação de Harry na história? O que vai se sabendo aos poucos é o envolvimento de Harry com a atriz Magdalena, mulher do tal antigo inimigo, Ernesto Martel. Ernesto é um rico empresário que se apaixona por Lena quando esta ainda era sua secretária. Os dois se casam e logo se manifesta o desejo de Lena de ser atriz de cinema. Ernesto aceita, e até patrocina o filme. Mas é lá que Lena conhece Harry, ainda conhecido com o nome de Mateo Blanco. Os dois iniciam uma história de amor proibida, que vai ter impacto severo nos seus caminhos.
Um roteiro que só Almodóvar é capaz de escrever, sem falar na metalinguagem. Todos os elementos que o diretor gosta estão lá: as cores vivas da Espanha, mulheres fortes e batalhadoras, gays, histórias dignas de novela. Nesse filme ele escreve tudo com um tom tão intimista que prende o espectador a cada segundo com a história de amor de Lena e Harry. Só perde um pouco o brilho por deixar a ousadia de lado e optar pelo óbvio, que funciona mesmo assim. Ou será que pensamos assim por que é Almodóvar?

Penélope Cruz, musa do diretor, brilha mais uma vez no papel, que, ao contrário do que pensamos, é mais secundário do que principal. Quem se destaca mesmo na atuação é o ator Lluís Homar, intérprete de Harry Caine, já visto em filmes como "Valentim" e "Má Educação". Para responder a pergunta que fiz no começo, para mim o melhor filme de Almodóvar é "Tudo Sobre Minha Mãe", embora ame de paixão "Volver", "Má Educação" e "Fale Com Ela". Mesmo assim, seria impossível escolher o melhor do diretor. Ele e seu estilo são únicos.

Nota: 9,0

Um comentário:

Anderson Siqueira disse...

Gostei da sua crítica. E concordei, principalmente na parte em que tu disse que Almodóvar é Almodóvar e que este não é o melhor dele.
=]