terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

CINEMARCOS - 100 POSTAGENS

Não é grande coisa, é verdade, em pouco mais de 1 ano, apenas 100 postagens chega a ser muito pouco. Mas é um número a ser comemorado porque é o fruto de um trabalho futuro aparecendo. Daqui há alguns anos imagino as pessoas lendo o Cinemarcos como referência, assim como grandes blogueiros desse país (é querer muito?). Claro que a fama nao é a intenção, mas sim o exercício de falar de cinema com a melhor das intenções. Por enquanto, é só os filmes que entram no circuito que eu posso assistir. Mas quem sabe daqui pra frente? O que o futuro reserva é imprevisível. Só o que eu espero que não mude é a paixão pelo cinema. E a própria existência dele.

"Falar de cinema é mais do que um exercício, é devotar paixão à arte mais global que existe. Cinema é arte e diversão, cultura e educação ou apenas entretenimento. Pode fazer você pensar, rir, chorar, refletir, sonhar, imaginar , esquecer. A arte mais democrática embora seus adeptos sejam um tanto mesquinhos. Qual o problema de "Se eu fosse você 2" chegar ao topo da bilheteria nacional se ela é o reflexo cultural da sociedade? E qual o problema de dizer abertamente "Eu Amo Cidadão Kane"? Cinema é isso, emoções e razões para todos os gostos, mas, para mim especialmente, a razão de uma vida..."

PS: A postagem n° 100 se refere a matéria dos vencedores do Oscar e não essa, que, no caso, é a postagem n° 101.

Oscar 2009 - "Quem Quer Ser um Milionário?" leva 8 prêmios

Uma cerimônia que com certeza vai ficar na história do Oscar. Não apenas por coroar um filme tão diferente como Slumdog Millionaire, mas por mostrar que o mundo do cinema está diferente. Eu terminei o texto do Oscar do ano passado dizendo que, após a greve dos roteiristas, o cinema teria um ano muito melhor. E com certeza essa "profecia" está se cumprindo. Começando pela cerimôna em si, o ator Hugh Jackman foi o anfitrião da noite, mostrando que sabe ser versátil. Cantou, dançou, fez piadas, enfim, um showman. Um dos pontos altos da noite, o número que homenageou os musicais, cantado por Hugh Jackman apoiado por Beyoncé, Zac Efron, Vanessa Hudgens, Amanda Seyfried e Dominic Cooper. O grupo apresentou um medley de canções de vários musicais do cinema, de "O Picolino" a "Mamma Mia!", tudo isso coreografado por Baz Luhrmann.Outro ponto forte da cerimônia foram as montagens feitas apresentando os filmes de 2008 em cada gênero, não distinguindo se eles são bons ou ruins, filmes de Oscar ou não. Destaque para a parte da Comédia, dirigida por Judd Apatow, com Seth Rogen e James Franco. Além dos cenários especiais montados para cada categoria, e um pequeno roteiro através delas. As categorias foram apresentadas em ordem de produção de um filme (tudo começa com um roteiro, depois vem a maquiagem, o cenário, a escolha dos atores, a pós produção com os efeitos, o diretor e, por fim, o filme pronto).

O Oscar teve uma noite de surpresas ao mesmo tempo em que manteve o óbvio. Não que o óbvio seja ruim. Na categoria animação "Wall*e" se consagrou, dando mais um Oscar para a Pixar. Já o curta "Presto", também da Pixar, não teve a mesma sorte, perdendo para o francês "La Maison de Petits Cubes". O prêmio de melhor documentário foi paa o favorito "Man on Wire", que levou seu personagem ao palco, um equilibrista. "A Duquesa" conquistou o prêmio de Melhor Figurino, todo de época. E para melhor filme estrangeiro, uma surpresa: contrapondo todas as expectativas, o filme israelense "Waltz With Bashir" não ganhou o prêmio, que ficou com o japonês "Departures". Então tá.

Um dos favoritões da noite, "O Curioso Caso de Benjamin Button", recordista de indicações, teve de se contentar com apenas 3 prêmios técnicos, merecidos, é verdade: Maquiagem, Efeitos Visuais e Direção de Arte. Outro que também era favorito para os prêmios técnicos, "Batman - O Cavaleiro das Trevas", levou apenas 2 de suas 8 indicações: Edição de Som e , claro, Melhor Ator Coadjuvante para Heath Ledger. Numa cerimônia feita de modo diferente, cinco grandes atores que, venceram na categoria no passado, falavam de cada indicado no palco, para no final premiar o vencedor. Assim, o Oscar de Heath Ledger foi entregue por Alan Arkin, Kevin Klein, Cuba Gooding Jr., Christopher Walken. A família de Heath recebeu o Oscar, discursando e agradecendo pelo reconhecimento do seu trabalho e aceitando o prêmio em nome de sua filha, Matilda. O prêmio póstumo é o segundo entregue pela academia, tendo sido entregue antes a Peter Finch, por "Rede de Intrigas".

Na categoria Atriz Coadjuvante, Tilda Swinton, Woopi Goldberg, Goldie Hawn, Anjelica Huston e Kathy Bates entregaram o Oscar para Penelope Cruz, que ganhou pelo filme "Vicky Cristina Barcelona", de Woody Allen. Penelope falou da honra de ser a primeira espanhola a ganhar o prêmio e falou algumas palavras em espanhol. Já Kate Winslet se consagrou na categoria Melhor Atriz pelo filme "O Leitor". Após sua sexta indicação, Kate discursou emocionada falando de como esperava pelo prêmio desde pequena. Ela recebeu seu prêmio das mãos de Sophia Loren, Nicole Kidman, Shirley McLaine, Halle Berry e Marion Cotillard.

Uma pequena surpresa aconteceu na categoria Melhor Ator, apresentada por Adrien Brody, Ben Kingsley, Anthony Hopkins, Robert de Niro e Michael Douglas, o prêmio foi para Sean Penn, por "Milk - a Voz da Igualdade", desbancando o então favorito Mickey Rourke, por "O Lutador", quase uma unanimidade nas premiações. "Milk" ainda levou a estatueta de melhor Roteiro Original para Dustin Lance Black. Todos os homens da equipe do filme carregavam no terno uma fita branca simbolizando a luta pelos direitos homossexuais. O próprio Sean Penn falou disso no seu discurso afirmando que todos devem ter direitos iguais.

Mas, apesar das surpresas, não teve outra obviedade tão prazerosa quanto assistir às 8 vitórias de Slumdog Millionaire. Além da estatueta de melhor filme, melhor diretor para Danny Boyle e melhor roteiro adaptado para Simon Beaufoy, o filme ainda ganhou os prêmios de montagem, mixagem de som, trilha sonora, canção para "Jai Ho" e fotografia. Slumdog Millionaire foi, talvez, o filme mais original de 2008, não tão dramático como "O Leitor", não tão fantástico como "Benjamin Button", não tão magistral quanto "O Cavaleiro das Trevas", mas original e diferente. Vitória mais do que merecida, o que prova que o Oscar, apesar de conservador e turrão, aos poucos está reconhecendo um mundo novo que se abriu para os filmes extra-Hollywood. Ah, crise? Que Crise?
Melhor Filme - Quem Quer Ser Um Milionário?
Melhor Ator - Sean Penn (Milk)
Melhor Atriz - Kate Winslet ( O Leitor)
Melhor Ator Coadjuvante - Heath Ledger (O Cavaleiro das Trevas)
Melhor Atriz Coadjuvante - Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
Melhor Direção - Danny Boyle (Quem Quer Ser Um Milionário?)
Melhor Filme de Animação - WALL*E
Melhor Roteiro Original - Dustin Lance Black (Milk)
Melhor Roteiro Adaptado - Simon Beaufoy (Quem Quer Ser Um Milionário?)
Melhor Canção - "Jai Ho" (Quem Quer Ser Um Milionário?)
Melhor Trilha Sonora - Quem Quer Ser Um Milionário?
Melhor Maquiagem - O Curioso Caso de Benjamin Button
Melhor Figurino - A Duquesa
Melhor Direção de Arte - O Curioso Caso de Benjamin Button
Melhor Montagem- Quem Quer Ser Um Milionário?
Melhor Fotografia - Quem Quer Ser Um Milionário?
Melhores Efeitos Visuais - O Curioso Caso de Benjamin Button
Melhor Edição de Som - O Cavaleiro das Trevas
Melhor Mixagem de Som - Quem Quer Ser Um Milionário?
Melhor Filme Estrangeiro - Departures (Japão)
Melhor Documentário em Longa Metragem - Man on Wire
Melhor Curta de Animação- La Maison de Petits Cubes

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Veja os ganhadores do "Framboesa de Ouro"

Neste sábado, dia 21/02. foram divulgados os vencedores do Razzie Awards, o prêmio para os piores filmes do ano. Como tradição, os vencedores são anunciados um dia antes dos vencedores do Oscar serem anunciados. "O Guru do Amor", de Mike Meyers e "The Hottie and the Nottie", de Paris Hilton, empataram no número de premios, levando 3 cada um. E Uwe Boll se consagrou de vez como pior diretor da história. Veja a lista completa (vencedores em vermelho):

Pior Filme

"Super-Heróis e a Liga da Injustiça"
"Fim dos Tempos"
"The Hottie and the Nottie"
"Em Nome do Rei"
"O Guru do Amor"
"Espartalhões"

Pior Ator
Larry the Cable Guy, por "Witless Protection"
Eddie Murphy, por "O Grande Dave"
Mike Myers, por "Guru do Amor"
Al Pacino, por "88 Minutos" e "As Duas Faces da Lei"
Mark Wahlberg, por "Fim dos Tempos" e "Max Payne"

Pior Atriz
Jessica Alba, por "O Olho do Mal" e "Guru do Amor"
Elenco do filme "Mulheres... O Sexo Forte" (Annette Bening, Eva Mendes, Debra Messing, Jada Pinkett-Smith e Meg Ryan)
Cameron Diaz, por "Jogo de Amor em Las Vegas"
Paris Hilton, por "The Hottie and the Nottie"
Kate Hudson, por "Um Amor de Tesouro" e "Amigos, Amigos, Mulheres à Parte"

Pior Ator Coadjuvante
Uwe Boll, por "Postal"
Pierce Brosnan, por "Mamma Mia!"
Ben Kingsley, por "Guru do Amor" e "The Wackness"
Burt Reynolds, por "Deal" e "Em Nome do Rei"
Verne Troyer, por "Guru do Amor" e "Postal"

Pior Atriz Coadjuvante
Carmen Electra, por "Super-Heróis e a Liga da Injustiça" e "Espartalhões"
Paris Hilton, por "Repo: The Genetic Opera"
Kim Kardashian, por "Super-Heróis e a Liga da Injustiça"
Jenny McCarthy, por "Witless Protection"
Leelee Sobieski, por "88 Minutos" e "Em Nome do Rei"

Pior Casal
Uwe Boll e qualquer ator, câmera ou roteiro
Cameron Diaz e Ashton Kutcher, por "Jogo de Amor em Las Vegas"
Paris Hilton e Christin Lakin ou Joel David Moore, por "The Hottie and the Nottie"
Larry the Cable Guy e Jenny McCarthy, por "Witless Protection"
Eddie Murphy e Eddie Murphy, por "O Grande Dave"

Pior sequência, "prequel" ou remake
"O Dia em que a Terra Parou"
"Super-heróis e a Liga da Injustiça" e "Espartalhões"
"Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal"
"Speed Racer"
"Star Wars: A Guerra dos Clones"

Pior Diretor
Uwe Boll, por "Tunnel Rats", "Em Nome do Rei" e "Postal"
Jason Friedberg e Aaron Seltzer, por "Super-Heróis e a Liga da Injustiça" e "Espartalhões"
Tom Putnam, por "The Hottie and the Nottie"
Marco Schnabel, por "Guru do Amor"
M. Night Shyamalan, por "Fim dos Tempos"

Pior Roteiro
"Super-Heróis e a Liga da Injustiça" e "Espartalhões"
"Fim dos Tempos"
"The Hottie and the Nottie"
"Em Nome do Rei"
"Guru do Amor"

Pior Carreira
Uwe Boll

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Quem Quer Ser Um Milionário?

Slumdog Millionaire (UK, EUA, Índia, 2008)
De Danny Boyle. Com Dev Patel, Freida Pinto, Irrfan Khan.

Slumdog Millionaire já chega no Brasil altamente comentado. O filme mais cotado para ganhar o Oscar desperta curiosidades em todas as mentes que penetra. Afinal, que filme é esse que surgiu do nada e desbancou filmes tão tradicionais e favoritos quanto "O Curioso Caso de Benjamin Button" e "Milk", além de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", "Dùvida" e tantos outros? A história, ao que parece, é só uma versão de um programa de TV na Ìndia. Pois bem, esse "slumdog" tem muito o que mostrar ainda e pode ser assistido sob várias óticas.

Jamal é um rapaz de 18 anos que está a uma pergunta de ganhar 20 milhões de rúpias na versão indiana de "Who Wants To Be a Millionaire?". Ele é acusado de estar trapaceando no jogo e, através de flashbacks, conhecemos toda a sua vida, sua trajetória triste, desde a infancia pobre e a perda da mãe, aos horrores que passou quando criança e como conhece Latika, a menina que viraria seu amor para todo o sempre. Jamal se inscreve no programa justamente na esperança de que Latika esteja assistindo para encontrar com ela. A vida de Jamal, Latika e de seu irmão, Salim, nunca mais seriam as mesmas desde que seus caminhos se cruzaram.

O filme é uma incrivel história de superação, além de ter um tom descontraído e divertido, daqueles no estilo "Pequena Miss Sunshine". O filme tem aura de independente e já levou tudo quanto foi premio ao redor do globo. O diretor Danny Boyle e o roteirista Simon Beaufoy entregam uma história que comove e que apresenta uma Índia diferente daquela que Bollywood ou a novela das oito apresentam. Uma realidade que ninguém sequer imagina passar. É impossivel nao se aproximar de Jamal e torcer por ele no programa. O que coincide é que as perguntas que vão sendo feitas a ele são explicadas com coisas que aconteceram na sua própria vida.
Ninguém pode deixar de assistir a essa história emocionante e empolgante. Vai levar o Oscar? Só saberemos dia 22, mas a aposta é alta e justificável. Se não levar, Slumdog Millionaire ja foi reconhecido por ser o filme mais original do ano no Oscar 2009.

Nota: 10

O Leitor

The Reader (EUA, 2008)
De Stephen Daldry. Com Kate Winslet, Ralph Fiennes, David Kross.

O Leitor é uma grata surpresa. Carrega consigo aquela aura que todo filme bom, que realmente é bom, tem. Mais do que isso, ele faz pensar. Ele faz raciocinar, mexe com a emoção humana de uma tal forma que os sentimentos confundem a nossa razão. Claro que o fato de ter Kate Winslet como atriz principal ajuda, e muito, no desenrolar da história. O Leitor é a prova de que ainda existe vida boa em Hollywood, mesmo que seja uma Hollywood previsível.

O longa traz a história de Michael Berg, um advogado que volta ao passado para apagar alguns fantasmas de sua vida. Nesse passado, ele lembra de sua adolescencia em um dia em que ele passa mal na rua e é socorrido por uma mulher, Hannah Schimitz, em plena Alemanha pré-Segunda Guerra. Surge uma paixão avassaladora entre Michael e Hannah. Inclusive, ela pede para que ele leia alguns livros para ela. Um dia, sem nenhuma grande explicação, Hannah some e deixa tudo para traz. Quando Michael cresce e entra na faculdade de direito, ele descobre duas coisas ao assistir um julgamento: Hannah participou de crimes terríveis durante o Holocausto na SS e mais, ela é analfabeta, não sabe ler ou escrever. Aí que ele começa a se perguntar sobre o que é certo, errado ou aceitável no seu modo de pensar sobre Hannah e a vida.

O diretor Stephen Daldry lança um olhar comovente na adaptação do livro homônimo. Com um roteiro incrível e uma atuação brilhante de Kate Winslet, que interpreta a alemã Hannah, o filme lança as mais sombrias dúvidas: os crimes do holocausto tem perdão, mesmo quando as pessoas que o praticaram talvez nao achassem que estivessem erradas, se fossem ingenuas e tivessem sido ludibriadas? Além disso, o filme fala de coragem e covardia e tem uma história de amor comovente, com muitas cenas de nudez, inclusive. Uma ótima pedida pra quem quer sentir aquele cinemão de verdade. É fato que ele tem uma legião de fãs do Batman querendo persegui-lo. Mas depois de assistir ao filme, não há como negar sua indicação ao Oscar de Melhor Filme.

Nota: 9,0

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Os números do Oscar



A seguir alguns dos números relacionados com a cerimônia da 81ª edição do Oscar, que será entregue no domingo.

- 32 milhões: o número de espectadores que acompanhou o Oscar pela televisão no ano passado, a cifra mais baixa desde 1974. Há apenas três anos, em 2006, 38,8 milhões de pessoas se sentaram para ver a cerimônia só nos Estados Unidos, e nessa ocasião a baixa já foi de 7,8% em relação a 2005.

- 5.830: é o atual número de membros do colégio eleitoral da Academia de Artes de Ciências, que decide os ganhadores da estatueta.

- 3.400: é o número de cadeiras no teatro Kodak, onde o Oscar é entregue desde 2002.

- 1929: foi o ano da primeira edição da festa do Oscar, dois anos depois da criação da Academia.

- 300: é o número dos felizes ganhadores de um lugar nas arquibancadas do tapete vermelho por onde desfilam as estrelas antes de entrar o teatro Kodak.

- 80: a idade que Jessica Tandy tinha quando ganhou o Oscar de melhor atriz em 1990 por "Conduzindo Miss Daisy".

- 50: o número de estatuetas douradas que serão entregues este ano para premiar 24 categorias.

- 34: é o recorde de seleções para o Oscar de melhor filme estrangeiro, em poder da França.

- 26: recorde absoluto de Oscar recebidos, em poder de Walt Disney. O criador do Mickey recebeu 22 estatuetas por suas obras e quatro Oscar honorários. Também conta com o recorde de maior número de indicações.

- 19: o recorde de indicações ao Oscar recebidas por uma pessoa, o engenheiro de som Kevin O'Connell, que nunca levou a estatueta.

- 15: são as indicações recebidas por Meryl Streep, que este ano quebrou o próprio recorde sendo indicada para melhor atriz.

- 6: o número de indicações póstumas para um Oscar, que este ano foi recebida por Heath Ledger. Da lista que também inclui James Dean, Spencer Tracy, Peter Finch, Ralph Richardson e Massimo Troisi, apenas Finch levou a estatueta.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Coraline e o Mundo Secreto


Coraline (EUA ,2009)
De Henry Selick. Vozes Originais de Dakota Fanning, Ian McShane e Teri Hatcher.

E eis que mais um Neil Gaiman chega às telas de cinema. Depois da versão para cinema de Stardust - O Mistério da Estrela, e depois de muitos incriveis problemas de pré e pós produção, Coraline ganha as telas do cinema nas mãos do mesmo diretor de O Estranho Mundo de Jack. Lógico, todos os fãs do filme se voltarão para essa nova história, que conta com o mesmo tom sombrio da animação produzida por Tim Burton. Mas algumas pontas soltas podem fazer com que Coraline seja ligeiramente menos adorável.

Coraline Jones é uma menina que acabou de se mudar com os pais para uma cidade no interior do Oregon. Sem amigos por perto e sem a atenção dos pais, que trabalham o dia inteiro como escritores, ela se aproxima de um dos meninos moradores da região, Wybie, a quem despreza um pouquinho. Quando decide passar o tempo explorando melhor a nova casa, ela descobre uma portinha que leva a uma outra dimensão, que na verdade, é uma versão paralela da sua própria vida, onde tudo é melhor, desde a comida até seus pais e vizinhos. O problema é quando essa nova vida decide apreender Coraline para sempre em sua dimensão.

Apesar da história incrível e do tom sombrio, Coraline tem um quê de "mais do mesmo". A mesma história clichê de "não há melhor lugar do que o nosso lar" que vem sendo batida desde que um certo tornado levou Dorothy do Kansas até o mundo de Oz. Afora isso, o longa é competente ao mostrar os vizinhos de Coraline tão surreais em ambos os mundos e na reviravolta final, (ops, spoiler!) quando ela tem que lutar com um mal sobrenatural que assombra a casa há anos. Sem falar no brilhante visual dark, típico de filmes assim como o próprio Jack e A Casa Monstro.

Coraline está disponível em algumas salas do Brasil em versão 3D, o que sugere mais uma vez que este é o meio de sobrevivencia do cinema daqui há alguns anos. Os efeitos 3D pouco impressionam, talvez pelo filme nao ter sido projetado pra ser essencialmente assim, mas diverte a criançada e alguns espectadores mais curiosos pelo formato. Coraline tem ainda uma outra grande bomba nas mãos: se o seu resultado for bom, é mais um ponto a favor das histórias de Gaiman, e finalmente significar um aval, ainda que remoto, para algum estúdio bancar a adaptação de Sandman, HQ clássica de Neil Gaiman e dos anos 90.
Nota: 7
Efeitos 3D: 6

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Casamento de Rachel

Rachel Getting Married (EUA, 2008)
De Johnathan Demme. Com Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Bill Irwin, Debra Winger.

Presentes como O casamento de Rachel não acontecem todos os dias. uma obra completa sobre uma família que vê seus dramas pessoais retornarem quando a irmã problemática retorna ao lar. O tema não é nada novo, por isso, Johnathan Demme teve um cuidado especial para não cair na mesmice. Para isso, contrastou os momentos de conflitos com os bons momentos em família, como se um não pudesse interferir no outro, mas o completasse. Afinal, família é família sempre.

Quando Rachel marca a data de seu casamento toda a família se reúne para comemorar essa data especial. A família acaba por se completar com a chegada da irmã mais nova de Rachel, Kim, que está de volta de uma clínica de reabilitação para viciados em narcóticos. Mesmo que pareçam felizes com o casamento de Rachel e com o retorno de Kim, aos poucos as angústias e sofrimentos vão vindo à tona, e todos eles acabam jogando, mesmo que sem querer, a culpa em Kim, que culpa a si mesma por todas as desgraças que acarretou em sua família. Enquanto isso, os preparativos do casamento vão ocorrendo e vamos conhecendo bons e maus momentos da família.

O diretor conseguiu mesclar vários aspectos, felizes e tristes, de uma forma sutil e que pretende identificar o espectador de alguma forma no meio da confusão. Em opinião pessoal, acho que esse é o papel dos dramas familiares. Anne Hathaway, indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel tem um destaque especial e em alguns momentos carrega o filme sozinha. O longa é todo focado sobre a ótica da problemática Kim, mesmo quando todo mundo sabe que o casamento é de Rachel. Na verdade, é a eterna disputa de atenção entre irmãs, somado a um drama do passado que assombra a família, que pode ameaçar o bom andamento do casamento. Brilhante, leve e comovente. O filme foi exibido no Festival do Rio 2008.

Nota: 9,0

Batman de volta?

A campanha para que Batman - O Cavaleiro das Trevas se tornasse um fenômeno no Oscar deve ter ajudado um pouco. Nos Estados Unidos, o filme voltou a entrar no circuito e, apesar de ter ficado de fora das categorias principais (à exceção, claro, de Melhor Ator Coadjuvante para Heath Ledger), o longa do homem-morcego abocanhou 8 indicações. Um feito e tanto para um gênero consolidado, mas desacreditado pela Academia.

Contudo, o objetivo principal agora é continuar quebrando recordes. Após as indicações serem reveladas, Batman - O Cavaleiro das Trevas agora quer ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão em bilheterias e, talvez, se tornar o filme mais visto da história. Lembrando que "apenas" US$ 60 milhões separam Batman de Titanic. No Brasil, O filme chega às salas de novo nesta sexta-feira, 13 de fevereiro. Em São Paulo, ainda chega inaugurando uma novidade: a primeira sala brasileira do cinema IMAX. Como o Rio de Janeiro não tem essa sorte, apenas o Cinemark Downtown está relançando a aventura do morcegão.

Dúvida - Boas atuações garantem a "certeza" do filme

Doubt (EUA, 2008)
De John Patrick Shanley. Com Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e Viola Davis.

Depois que saem as indicações para o Oscar é aquela correria para ver todos os filmes antes da grande cerimônia do dia 22. Dúvida, o filme que garantiu a 15° indicação de Meryl Streep, chega às telas cercado de ... er, dúvidas. Dúvidas por que o filme entregou indicações a todos os protagonistas e a uma não-protagonista: Viola Davis, que aparece em apenas uma sequencia - nem tão boa assim. Mais dúvidas por seu roteiro também ter sido indicado entre tantos gigantes da categoria (Benjamin Button, Milk, Frost/Nixon).Todos com chances de tirar os doces das bocas dos favoritos nas atuações, embora isso tenha muitas chances de não acontecer.

A Irmã Alouysius (Meryl Streep) é a diretora da escola católica St. Nichols. Muito rígida e áspera, a Irmã é temida por todos os alunos e coloca ordem em todas as outras freiras do colégio. Entre elas está a Irmã James (Amy Adams), nova e inocente professora que é desacreditada pela diretora. Toda essa autoridade é contraposta na pele do Padre Flynn (Philip Seymour Hoffman), um padre que está aberto a mudanças de comportamento para a Igreja se adequar aos novos tempos. Esse comportamento não agrada a Irmã Alouysious e, quando a Irmã James revela que o padre tem se encontrado secretamente com um dos alunos, suas suspeitas sobre o padre aumentam, temendo um caso de abuso sexual na escola. É quando a guerra entre o Padre e a Irmã Alouysious começa, tendo a ingênua Irmã James e as outras no meio da situação, que envolve mais do que eles imaginam.

O filme se deve mais às atuações do que ao roteiro em si, apesar de esse estar bem definido e simples. Mas um pouco mais de complicação, neste caso, num tema tão absurdamente atual, ajudaria a difundir uma melhor discussão do assunto. o filme prefere seguir o caminho da dúvida mesmo da Irmã do que explanar o problema (as palavras abuso, sexual, pedofilia ou qualquer uma que explicite o caso nem são citadas) Afora isso, as interpretações divinas dos quatro atores indicados (Meryl, Philip, Amy e Viola) seguram todo o filme. Meryl é sempre Meryl e ela pode roubar a sonhada estatueta de Kate Winslet. Amy Adams está fenomenal como a bobinha Irmã James.

Pode ser que Dúvida saia do Oscar com as mãos abanando, afinal os favoritos desse ano não vieram pra perder. Mas só o fato de todos os atores terem sido indicados (até Viola Davis, nada contra, mas vá entender) explica o quão poderosa pode ser uma atuação num filme que, apesar de boas sacadas e falas do roteiro, é fraco em alguns momentos, incluindo o desfecho. Isso deve ser o significado do chamado "Cinema Teatral".

Nota: 8,0