sexta-feira, 30 de maio de 2008

Por que odiamos Titanic?


Dezembro de 1997. Chegava aos cinemas aquele que seria um dos filmes mais presentes da história. Contando o naufrágio do transatlãntico megalomaníaco que zarpou da Inglaterra em 1912, "Titanic" foi um dos maiores fenômenos já vistos na tela do cinema. Saldo final: 11 oscars, uma bilheteria absurda, o primeiro a ultrapassar a marca de US$ 1 Bilhão, vendas tresloucadas em DVD da edição especial de luxo e um prestígio eterno devotado a James Cameron. À época aclamado pela crítica, conquistou fãs devotados pelo mundo inteiro que se encantaram com a história do pobretão e malandro Jack Dawson e da aristocrata Rose DeWitt Bukater. Com tudo isso, 10 anos depois, porque muitos odeiam "Titanic"?

Resolvi discutir isso porque participei de um debate sobre filmes marcantes da década de 1990 e abri com o filme. Foi quando comecei a elogiar o filme pelo roteiro, atuação, efeitos e tudo o mais é que caíram em cima de mim!!! Tudo bem, "Titanic" é bem água-com-açúcar nas primeiras horas e quase todo mundo gosta mesmo é da destruição e da catástrofe em si. Mas isso não tira o mérito de Cameron de contar a história com uma riqueza de detalhes (mesmo que com erros) impressionantes com os recursos da época. Sem falar que elevou à quinta potência as carreiras de Leonardo Di Caprio e Kate Winslet, essa última indicada ao Oscar de melhor atriz e mais três vezes depois.

O que se deu com o fenômeno "Titanic" foi que muitos se empolgaram tanto, mas tanto com o filme, que tantas exibições repetidas resultaram em cansaço por parte de quem já viu. Se é assim para os cinéfilos, aqueles que não perdem um clássico por nada, imagine para o telespectador comum, que vira e mexe vê "Titanic" naufragando em algum canal? Se tornou uma experiência enfadonha, sem contar que todos já sabem de cor o que acontece. Alguns assistem mesmo pra torcer pela milésima vez pela morte do Di Caprio e garantir que ele morreu mesmo. Se tornou o novo "A Lagoa Azul", o consenso máximo quando se fala de reprises sem sal. Nem eu mesmo paro pra assistir, e olha que já tive que assistir a todos, disse todos os extras do box especial...

A imagem que me vem de "Titanic" na lembrança é de fenômeno mesmo. Lembro de quando assisti a ele no cinema, bem criança, com uma fila enorme do lado de fora. Há de se distinguir o filme que você mais gostou do melhor filme da história. Não, não estou afirmando que ele seja, tanto que pessoalmente nunca vi o filme em alguma lista dos 100 melhores. Nem estou pedindo que você torne a assistir "Titanic" pra tirar conclusões novas. Porém, respeito é o que deve ser prestado a esse filme que quebrou barreiras em Hollywood. Agora, depois do texto, tenta tirar Celine Dion da cabeça...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O que os olhos não vêem... o coração pode sentir!

Quais as chances de você se apaixonar pela sua melhor amiga? Assistindo a" O casamento do meu melhor amigo" e a esse novo "O melhor amigo da noiva" (coincidência??), não é dificil concluir que essa situação é altamente comum. Tá, a idéia da matéria não é bem essa... "Made of Honor" chega aos cinemas nesta sexta-feira e só vem reforçar a idéia que foi plantada há muitos anos no cinema: comédia romântica foi feita pra ser assistida acompanhado. É quando você entrega os pontos de não poder assistir a mais um filme água-com-açúcar pra se estar com quem se gosta.

Não estou falando mal dos filmes românticos, nem desse "Made of Honor", que eu pessoalmente até quero ver. Estou aqui tentando ressaltar o que muita gente já sabe. Cinema pode fazer sentido de várias maneiras: na sua casa curtindo um dvd de "Homem-Aranha 3" com seu irmãozinho; na sessão da tarde passando "A Lagoa Azul" pela enésima vez (e você assistindo, pra fazer questão de reclamar que viu pela enésima vez); num cineclube vendo amarradão uma sessão de "Laranja Mecânica"; na escola ou na faculdade, vendo um documentário que você talvez não veja nunca mais; e na tela grande, obviamente, seja um filme-pipoca com seus amigos, ou um romântico, com a pessoa que você designou para estar do seu lado naquele momento.

Estou levantando a questão para fazer as pessoas verem o que é o cinema na vida de quem realmente gosta e as vantagens que ele traz que muita gente não percebe. E falo isso também porque tive que assistir a "Um Beijo Roubado" e tenho que confessar que só não gostei mais do filme por uma razão: fui ver sozinho. Foi quando um tive um súbito estalo daqueles de fazer você pensar sobre "o que é que está acontecendo com a sua vida???". "Um Beijo Roubado" era pra ser visto acompanhado. Tá, era Wong-Kar-Wai, era o primeiro filme americano dele, era Norah Jones, mas era mais do que isso, uma oportunidade única daquelas de ficar junto de quem se gosta. Foi aí também que percebi que eu era o único do cinema inteiro (quase lotado, diga-se de passagem) que estava lá por aquele ser a porcaria do primeiro filme americano do Wong-Kar-Wai!!!!! O proveito maior foi os dos inúmeros casais (leia-se o resto da sala de exibição) que aproveitara o clima romãntico do filme para, digamos, uma intimidade maior. Sim, adorei "Um beijo Roubado", mas nunca mais eu quero ver um filme desse sozinho, é triste demais.

"O Melhor Amigo da Noiva" vem aí e você já viu esse filme antes , todos sabemos isso. Mas não o leve a mal. Ele pode matar uma necessidade única em um fim de semana. Aos que tem namoradas, levem-nas ao cinema. Aos que não tem, veja se ainda está passando "Um Beijo Roubado" e vá sozinho pra se tocar do que está perdendo. Quanto às namoradas, levem seus respectivos companheiros pra ver uma comédia-romântica pra ver como se faz. O saldo pode ser positivo pra ambas as partes, independente do filme ser bom ou não. Aproveite a oportunidade que o cinema lhe traz, deixe o preconceito de lado com esse tipo de filme e enxergue o lado bom das coisas. Eu vou tentar fazer isso. Melhor agora do que no Indiana Jones semana que vem...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Começa a temporada dos Blockbusters!!!!!

Finalmente é maio e todo bom cinéfilo já sabe que essa época do ano é a melhor temporada dos filmes: o chamado "verão americano", período onde quase todo mundo está de férias da escola nos EUA e as distribuidoras, que não são nada bobas, aproveitam para lançar os maiores blockbusters do ano. No Brasil o calendário é diferente, o que não impede a estréia simultânea dos melhores filmes por aqui também. Então, desenterre o seu porquinho das profundezas do seu armário e comece a juntar os trocados, porque estamos diante de uma das melhores temporadas de blockbusters em muitos anos. Todos disputando uns contra os outros a nossa atenção.

E a largada já foi dada dia 30 de abril com a estréia avassaladora ao redor do globo de "Homem de Ferro" - US$ 100 milhões só nos EUA na semana de estréia. E por falar em largada, "Speed Racer" é o próximo da lista, e os Wachovski prometem esquentar as pistas dessa disputa. E vem mais por aí : a sequência de "As Crônicas de Nárnia" e "Indiana Jones"; a adaptação para a telona das séries "Agente 86" e "Sex and the City"; mais super-heróis com "O Incrível Hulk" e "Batman-O cavaleiro das Trevas" (o mais aguardado de todos, na minha opinião) e um herói ao contrário com "Hancock"; filmes de animação com "Kung Fu Panda" e "Wall-e"; comédias românitcas ("Jogo de Amor em Las Vegas" / "O Melhor amigo da noiva"), comédias não tão românticas ("O Guru do Amor"), terror ("As Ruínas"), suspense ("Fim dos Tempos"); e fechando a temporada, a terceira parte da série " A Múmia". Ufa!!!!!

E isso foi só uma pequena mostra. Com um filme novo estreando a cada fim de semana, e gosto pra todos os públicos, tá na hora de começar a se organizar e ver se dá tempo de enfrentar essa maratona toda. Ou seja, simplesmente uma das mais imperdíveis temporadas de filmes, e isso porque não tem Shrek, Homem-Aranha ou Harry Potter. E qual o filme que você mais espera nesse "verão"? Qual o que você não aguenta mais esperar? E qual você deve passar longe? Enfim, aproveite, porque sabe Deus se a qualquer momento Hollywood afunda numa crise de criatividade de novo e temos que nos contentar com Elektra e Mulher-Gato...

Go, Speed Racer! Go!


Speed Racer (EUA, Alemanha 2008)
De Larry e Andy Wachovsky. Com Emile Hirsch, Matthew Fox, Susan Sarandon, John Goodman, Christina Ricci.

"Aquele desenho japonês simpático de antigamente com o cara de lenço vermelho no pescoço?". Essa foi a frase de um amigo meu quando disse que assistiria a Speed Racer na cabine de imprensa. O que esperar de Speed Racer? Bom, pra mim que sempre gostei do desenho simpático dos anos 60, o mais importante seria até que ponto o filme poderia ser fiel à animação sem pender pro ridículo. Porque quem conhece o desenho sabe que a animação japonesa parece ter sido feita em papel cartão, tipo a zebrinha do "Fantástico". Mas era o visual berrante e psicodélico que anunciava o que estava por vir -os eletrizantes anos 70 - e as corridas inovadoras numa época igualmente inovadora, que fez o sucesso do desenho, não só no Japão, mas no mundo ocidental também. Quase todo menino dos anos 60 (e as gerações posteriores, principalmente dos 90!!) delirava com as cenas de corrida e ação de Speed Racer e do Corredor X. E o tom de descontração familiar, quando os Racer se reuniam. E o drama pessoal de Speed sempre correndo à sombra do irmão, Rex, morto numa corrida. Tudo isso pra mim tem que ser representado no filme, com aquela sensação saudosista. E é onde entram os Wachovsky, que queriam fazer um filme menos adulto e mais família.

Sim, eu já assisti a Speed Racer, o filme. Numa sessão especial a que tive acesso pude conferir o material final dos criadores da trilogia Matrix. E estão todos os elementos lá, desde o visual (mega)psicodélico do desenho até a pose que Speed faz quando ganha uma corrida e salta do carro. Carro, não, máquina, os Mach 4, 5 e 6 estão lá. E é quando Speed Racer esquece que é um filme de corrida e se engaja no ponto familiar. Não que seja ruim, a família de Speed, sobretudo o pai, Pops racer (John Goodman, ótimo) é o gancho perfeito para as súbitas sensações que o filme provoca. Mas as corridas podiam ser ligeiramente mais Velozes e Furiosos e menos Herbie: Meu fusca turbinado.

Mas enfim, são os Wachovsky. Criaram um mundo virtual sem a mesma empolgação de Matrix, mas psicodélico do mesmo jeito, E engana-se quem espera filosofia demais como na trilogia. Speed Racer é entretenimento, mesmo que a crítica especializada o condene. Por isso, acho meio injusto tratar com grandes expectativas um filme que, a meu ver, não se propõe a muita coisa. Essas são as palavras de um fã do desenho, que viu passar na sua mente o retrato da sua infância. Exagerado? Pode ser. Podia ter mais corrida e mais entusiasmo, e menos cores berrantes. Mas nem sempre pode-se ter tudo.

Nota:7,5

domingo, 4 de maio de 2008

Homem de Ferro


Iron Man (EUA, 2008)
De Jon Favreau. Com Robert Downey Jr., Terence Howard, Jeff Bridges e Gwyneth Paltrow.

Homem de Ferro chega aos cinemas brasileiros com uma missão ingrata: ser o filme de estréia da Marvel Studios. Confesso que dá arrepios mesmo quando embaixo do símbolo da Marvel (praxe em todos os filmes de HQ's) aparece o nome "studios". O filme consegue cumprir muito bem essa missão, não ficou só no ritmo introdutório do primeiro Homem-Aranha, mas ainda não é um Homem-Aranha 2, por exemplo.

Pra quem ainda não sabe a história: Tony Stark, um bilionário da indústria de armas é sequestrado por terroristas afegãos, que querem que ele reporduza no cativeiro sua arma mais poderosa: o jericho. Quando vê o que suas armas podem causar, Stark tem um súbito arrependimento e dá um sentido novo a sua vida: ele cria uma armadura de ferro pra escapar do cativeiro e começa uma jornada que o leva a destruir todo o armamento que ja construiu. E assim surge o Homem de Ferro.

Pode soar bem estranho pra quem não conhece os quadrinhos (ele é "só" o líder dos heróis Marvel, coisa pouca - frase plagiada do CCR), mas quem é fã garante que é a melhor adaptação de quadrinhos até agora. Bons efeitos e ótimas interpretações (Robert Downey é Tony Stark completo), com exceção de Gwyneth Paltrow, que não cola como a mocinha indefesa do filme, soa tãaaao artificial... Cheio de pontas soltas, pode apostar que vai vir mais uma franquia por aí. Mas enfim, abrindo a temporada de blockbusters de 2008 - foram US$ 100 milhões no fim de semana de estréia nos EUA - eis que os outros vão ter que trabalhar muito pra bater esse aqui.

Nota: 8,5